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15/11/2001 - 09h40

Crise não derruba os lucros das empresas

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ADRIANA MATTOS e FÁTIMA FERNANDES
da Folha S.Paulo

A crise econômica não derrubou o resultado financeiro das empresas no Brasil. Dez em cada sete empresas tiveram lucro nos primeiros nove meses do ano. Entre as 109 companhias que já apresentaram balanço até setembro, 78 fecharam no azul, enquanto 31 tiveram prejuízo. A maioria delas (55) registrou lucro maior do que em 2000. O levantamento foi feito pela Economática para a Folha de S.Paulo.

Os números surpreendem até os economistas, que chegaram a prever um ano bem ruim para as empresas. Avalia-se que o resultado é consequência da capacidade de exportação de algumas companhias. E da tentativa bem-sucedida de os grupos explorarem novos mercados no país.

As empresas que aparecem com maior frequência na lista das mais lucrativas pertencem aos setores alimentício, têxtil, financeiro e de telefonia. Já aquelas que fazem parte dos mercados de energia, papel e celulose, química e eletrônico perderam dinheiro.

A campeã em crescimento percentual foi a Telpe Celular, que saiu de um prejuízo de R$ 1,1 milhão para um lucro de R$ 15,9 milhões, elevação superior a 1.500%. Em valores, o recorde foi batido pela Eletrobrás, com saldo positivo de R$ 3,4 bilhões. Em 2000, a empresa registrou R$ 1,5 bilhão de saldo positivo.

O maior prejuízo foi registrado pela Sabesp, que acumulou perdas de R$ 302,3 milhões até setembro. No ano anterior, obteve lucro de R$ 470,8 milhões. A segunda colocada foi a Escelsa, do setor de energia, que amargou um saldo negativo de R$ 218,9 milhões. No ano anterior, a companhia ainda estava no azul, com um lucro que ultrapassava os R$ 3 milhões no mesmo período.

As 13 companhias do setor de serviços de telefonia celular, que apresentaram seus números, tiveram, juntas, aumento de 73,2% no lucro na comparação com igual período do ano anterior. De janeiro a setembro, os 13 grupos acumularam saldo positivo de R$ 408,4 milhões. Nos primeiros nove meses do ano passado, o montante chegou a R$ 235,8 milhões.

Os analistas de mercado dizem que esse desempenho ainda é reflexo da expansão do mercado de serviços de telefonia celular no país. Promoções agressivas e procura de mercados ainda não explorados _nas áreas de cobertura dos grupos_ ajudaram a manter os resultados.

Os exportadores de alimentos também puderam comemorar os números de seus balancetes. A Perdigão e a Sadia, que neste ano se uniram para formar uma nova companhia voltada apenas para as vendas no mercado externo, despontaram no levantamento realizado pela Economática.

De janeiro a setembro, a Perdigão lucrou R$ 91,2 milhões, uma expansão de 318% em relação a igual período do ano anterior.

A Sadia, que reforçou suas vendas para países como Rússia e o Oriente Médio, teve um saldo positivo de R$ 153,5 milhões nos nove primeiros meses do ano.

O montante é 150% superior ao apurado em igual período de 2000. Elas conquistaram o paladar dos estrangeiros com produtos de maior valor agregado, como cortes especiais de frangos e suínos.

No setor de bebidas, a AmBev ocupou a 13ª colocação entre as 78 companhias com maior lucro no Brasil. O grupo, que exporta o guaraná, acumulou saldo de R$ 605 milhões até setembro. Em igual período de 2000, o valor foi bem menor: R$ 223 milhões.

Pelos números ainda é possível dizer que: 1) o racionamento de energia derrubou a lucratividade de algumas empresas. Elas tiveram queda no faturamento e aumento nos custos; 2) a alta do dólar acabou prejudicando as empresas importadoras de insumos. Resultado: as empresas de fertilizantes e petroquímicas também tiveram o balanço manchado.

Economistas ouvidos pela Folha de S.Paulo concluíram ainda que as empresas que mais perderam são ligadas a setores dependentes de crédito. As companhias de autopeças, por exemplo, que fornecem produtos para as montadoras, apresentaram elevação brutal no prejuízo neste ano. Três companhias do setor que já divulgaram seus balanços (Plascar, Sifco e DHB) tiveram juntas saldo negativo de R$ 73,1 milhões.

No mesmo período de 2000, porém, só a Sifco registrara lucro.

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