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21/11/2001 - 09h00

Apesar da crise, consumidor está mais animado neste Natal

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da Folha Online

O consumidor está mais animado com as compras neste final de ano do que um ano atrás. O racionamento de energia elétrica, as crises na Argentina e nos EUA e o medo do desemprego já não incomodam tanto. Resultado: dá para pensar em voltar a gastar.

A onda de otimismo que bate no consumidor foi detectada num levantamento do Provar (Programa de Varejo) da USP (Universidade de São Paulo). Do dia 1º ao dia 15 de outubro, o Provar ouviu 400 pessoas na cidade de São Paulo e verificou que 73,7% delas irão às compras neste final de ano.

Feita na mesma época no ano passado, a mesma pesquisa mostrou que 60% das pessoas tinham planos para fazer compras no final do ano. "É surpreendente, depois de todas as crises enfrentadas neste ano, ver esse ânimo entre os consumidores", diz Cláudio Felisoni, coordenador do Provar.

Assim que o racionamento de energia começou, em junho, as previsões da indústria e do comércio eram as piores possíveis. O aprofundamento da crise argentina tornou o cenário ainda mais pessimista. Depois vieram os atentados aos EUA e a guerra -mais projeções negativas.

"Só que a sociedade se adaptou mais rápido do que previa ao racionamento, a Argentina já não apavora como antes, a balança comercial gera maior superávit e o dólar caiu. O clima é bem mais otimista", diz Francisco Eduardo Pires de Souza, professor de economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Casa nova

Pelo levantamento do Provar, o consumidor vai arrumar a casa neste final de ano. Os produtos que aparecem em primeiro lugar na lista de compras são os materiais de construção -citados por 20,3% das pessoas consultadas. Depois vêm móveis (14,5%), eletroeletrônicos (12%) e artigos para cama, mesa e banho (9,3%).

Lojistas dizem que o consumidor vive o fenômeno "já que". Significa: "já que" decidiu reformar a casa, por que não comprar novos móveis?; "já que" os móveis são novos, por que não comprar artigos para cama, mesa e banho?

O levantamento do Provar trouxe uma surpresa agradável para o comércio: o consumidor tem intenção de gastar mais do que no ano passado. Só que há um porém: como eles vão pagar pelos bens que desejam adquirir?

No caso dos eletroeletrônicos, 66,7% dos ouvidos disseram que vão pagar as compras com cartão de crédito, cheque pré-datado ou crediário. Isto é, a maioria vai parcelar o pagamento; 27% informaram que farão combinações de pagamento. Apenas 6,3% deles pretendem pagar à vista.

A situação não é diferente quanto ao pagamento das compras de materiais de construção e móveis. "Não há renda para pagamento à vista. O consumidor continua dependendo muito do crédito para gastar", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Os lojistas temem que o consumidor compre por impulso neste final de ano e depois não consiga arcar com o pagamento das prestações. E o país volte a enfrentar novamente uma onda forte de inadimplência no início de 2002.

O atraso no pagamento dos carnês já está subindo. A ACSP informa que a inadimplência, de 6,2% em outubro, deve ir para perto de 7% neste mês. Para chegar a essa taxa, ela considera o número de carnês em atraso, os quitados e as consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador da procura pelo crediário.

"O consumidor e o lojista precisam ter cautela. Não adianta vender e depois não receber", afirma Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP).

A FCESP também detectou numa pesquisa que o brasileiro está mais otimista. Neste mês, o índice de confiança atual (IIA) do consumidor cresceu 6,96% em relação ao mês passado. Mesmo assim, a federação prevê que, na média, o comércio vai faturar neste ano menos do que no ano passado.

Algumas redes estão otimistas. A Casas Bahia aumentou em 10% os estoques para este final de ano na comparação com 2000. "Acreditamos que há fôlego para faturar mais do que no Natal de 2000", diz Michael Klein, sócio.

A Lojas Cem também se prepara para vender mais neste final de ano. "O consumo de eletroeletrônicos está represado desde junho por causa do racionamento. Assim que entrar o pagamento da primeira parcela do 13º salário, vamos ver claramente isso", diz Valdemir Colleone, diretor.

 

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