Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/02/2008 - 10h23

Múltis brasileiras investem mais no exterior

Publicidade

VALDO CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O fenômeno da internacionalização das empresas brasileiras se intensificou nos últimos dois anos. Entre 2006 e 2007, os investimentos das múltis brasileiras no exterior atingiram US$ 36,5 bilhões, mais do que essas empresas investiram lá fora nos 12 anos anteriores. De 1994, início da estabilização econômica, a 2005, os investimentos diretos de brasileiros no exterior foram de US$ 30,6 bilhões.

Especialistas apostam que essa é uma tendência que veio para ficar por várias razões. Desde o esgotamento do mercado doméstico para algumas empresas, passando pela busca de proximidade de seus clientes, até a procura de capital de baixo custo e fuga das barreiras protecionistas mundo afora.

Dados arquivados no Banco Central mostram que o desejo de fincar bandeira em solo estrangeiro não está mais restrito ao grupo das maiores múltis brasileiras, encabeçado por Vale, Petrobras, Gerdau, Embraer e Votorantim.

Em 2007, mais de 25 empresas fizeram investimentos no exterior, com US$ 12,135 bilhões aplicados lá fora. Os números sigilosos do BC registram que nenhuma dessas operações superou US$ 1 bilhão, dado que, segundo especialistas, sinaliza como cresce o interesse por se internacionalizar.

No ano anterior, o número de empresas que decidiram investir no exterior foi menor, mas já indicava uma tendência de alta. Cerca de 15 múltis brasileiras responderam por um investimento de US$ 24,415 bilhões em outros países.

O volume de 2006 foi excepcional por conta da compra da mineradora canadense Inco pela Vale, operação que sozinha representou uma remessa de US$ 13,4 bilhões como investimento produtivo.

Para 2008, a expectativa de governo e mercado é que o volume de investimento no exterior do ano passado se repita, ficando acima de US$ 10 bilhões, apesar da crise americana.

O economista José Roberto Mendonça de Barros analisa que o fenômeno da internacionalização das empresas brasileiras começa a ficar significativo em 2004, ano da fusão da cervejaria Ambev com a belga Interbrew, mas se intensifica no ano seguinte, quando empresários "descobrem que o dólar barato veio para ficar".

Ou seja, para compensar a desvalorização cambial, muitos empresários nacionais decidiram não só importar componentes mais baratos como instalar unidades no exterior.

Dados do BC mostram que de 2006 para 2007 aumentou o volume de investimentos no exterior de múltis brasileiras do setor industrial. Saltou de US$ 3,3 bilhões para US$ 5,023 bilhões, ou 43,1% de todo o movimento registrado em 2007.

O setor de serviços, porém, liderou o ranking de investimentos no exterior em 2007, com 54,5% do total. A atividade financeira encabeça esse grupo de investimentos, com US$ 3,1 bilhões aplicados lá fora.

Do ponto de vista de destino do capital brasileiro, ele buscou preferencialmente os EUA no ano passado. Foram US$ 3,5 bilhões, mais de 30% de tudo aquilo que as múltis nacionais enviaram para o exterior como investimento. A busca do mercado americano é uma forma de driblar as barreiras protecionistas impostas pelo governo dos EUA.

Professor da Fundação Dom Cabral, especializada em estudos na área, Alvaro Cyrino cita a Cutrale (suco de laranjas) e a Gerdau como múltis brasileiras que investem forte nos EUA para contornar as altas taxas impostas aos bens nacionais.

Apesar do ritmo mais acelerado dos investimentos brasileiros no exterior, ele ainda está "engatinhando", na definição do presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais), Luís Afonso Lima.

Segundo ele, esse é um movimento bem-vindo, cuja tendência veio para ficar, mas chegou "tardiamente" ao Brasil.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página