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Entenda o embargo da UE à carne bovina do Brasil
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da Folha Online
As exportações do Brasil de carne bovina "in natura" para a UE (União Européia) estavam suspensas desde o dia 1º de fevereiro. A decisão foi tomada pelo bloco após autoridades européias e brasileiras não conseguirem chegar a um acordo sobre o número de fazendas brasileiras que poderiam receber certificação para vender o produto.
Apesar de a União Européia ter restringido o número de fazendas a 300 (3% das 10 mil registradas no passado), o Ministério da Agricultura brasileiro apresentou uma lista com cerca de 2.600 propriedades.
Assim, os europeus se recusaram a publicar a lista no Diário Oficial do bloco --como estava previsto no cronograma de entendimento sobre o comércio do produto realizado no ano passado--, e na prática as importações ficaram proibidas, já que nenhuma fazenda brasileira possuía autorização para exportar.
Maurilio Cheli/AP |
Brasil é o principal exportador de carne bovina mundial e 1º abastecedor da União Européia |
O foco da falta de acordo entre Brasil e UE são questões sanitárias. Em 16 de outubro de 2007, a UE já havia notificado o Brasil sobre incongruências no que exige o bloco e no que era feito pelo país. Os problemas, que envolvem a certificação e o rastreamento de origem do gado brasileiro, foram detectados novamente em inspeções em novembro.
Com o embargo, uma nova missão foi enviada ao Brasil --chegou no país na segunda-feira, para inspecionar uma amostragem de 30 fazendas.
Sem a garantia de rastreabilidade da origem do gado (feito pelo sistema chamado Sisbov), não pode ser assegurado que a carne enviada à Europa não provém de áreas onde a venda para o bloco é proibida.
Acordo
Em reunião ocorrida em Bruxelas há cerca de duas semanas, representantes do Brasil e da UE não chegaram, novamente, a um acordo sobre o número de fazendas aptas a exportar. Enquanto o bloco insistia em 300 fazendas, o Brasil queria uma lista mais ampla, com cerca de 600 nomes. Na semana passada, porém, o Brasil cedeu e enviou relatório com 200 propriedades.
O governo brasileiro considerava --e sustenta sua posição-- que 300 produtores não são capazes de atender à demanda da UE. Apesar disso, aceitou negociar a ampliação da lista aos poucos.
Segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, o ideal era habilitar de 4.000 a 5.000 propriedades.
A UE afirma, no entanto, que não teme problemas de escassez de carne bovina, e que o espaço poderia ser ocupado por envios de outros países, como Argentina, Austrália ou Uruguai.
O Brasil é o principal exportador de carne bovina mundial e o primeiro abastecedor da UE, com 65,9% do volume das importações e 56,5% do valor total do envio do produto ao bloco europeu.
No ano passado, foram exportadas para a União Européia 194 mil toneladas de carne bovina "in natura". A carne bovina industrializada não está sob embargo --foram vendidas 100 mil toneladas dessa mercadoria para a Europa em 2007.
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