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29/12/2001 - 20h59

Governo pode descartar adoção do "argentino"

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da Folha Online

O governo da Argentina pode descartar a adoção da nova moeda do país, o "argentino", prevista para entrar em circulação a partir de meados de janeiro, ao lado do peso e do dólar norte-americano. Pressionado por uma nova onda de protestos populares, o presidente interino Adolfo Rodriguéz Saá deve anunciar até este domingo (29) novas medidas econômicas para tentar driblar a grave crise que afeta o país.

No lugar da nova moeda -lançada como alternativa para possibilitar uma solução ao impasse causado pela paridade entre o peso e o dólar, que já dura dez anos-, o governo emitiria 3 milhões de pesos em Lecops (títulos da dívida argentina) para o pagamento de salários, de despesas da administração pública de dezembro e de outros compromissos urgentes.

O governo também deve anunciar medidas que possibilitem a flexibilização das normas bancárias, adotadas pelo governo Fernando de la Rúa, para agilizar o saque de dinheiro nos bancos e o uso de cheques. A limitação dos saques a 1.000 pesos por mês é a principal motivação dos protestos de ontem à noite e deste madrugada.

O secretário da Fazenda argentino, Rodolfo Frigeri (que substituiu o ex-ministro da Economia Domingo Cavallo), deve apresentar ao presidente o resultado de sua reunião com a equipe econômica, realizada durante todo este sábado, na qual foram discutidas as novas medidas.

Além disso, Rodriguéz Saá deve apostar na reestruturação de seu gabinete de governo, aceitando a demissão de vários ministros e nomeando governadores provinciais do Partido Justicialista para os postos. Hoje, os integrantes do primeiro escalão do governo colocaram seus cargos à disposição do presidente.

Entre as reclamações dos populares que saíram às ruas de Buenos Aires para protestar destaca-se também a acusação de que alguns membros do governo Rodriguéz Saá teriam se envolvido com atos de corrupção no passado. As manifestações já provocaram a renúncia do chefe da Secretaria Geral da Presidência, Carlos Grosso.

A mudança do gabinete deve se consolidar amanhã, quando os governadores provinciais têm encontro com Rodriguéz Saá.

Toda a reação do novo governo argentino -empossado no último domingo para um mandato temporário até as programadas eleições de 3 de março- foi provocada pelo recrudescimento dos protestos populares em Buenos Aires desde a noite de ontem.

Protestos

Os confrontos entre manifestantes e a polícia na Argentina deixaram 12 policiais feridos e provocaram a prisão de 33 pessoas em Buenos Aires.

Os protestos aconteceram no mesmo lugar onde a população, aos gritos, exigia mudanças na política econômica na semana passada. As manifestações, que resultaram na renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa e seu gabinete, deixou, então, mais de 30 mortos e centenas de feridos.

Durante a madrugada, os argentinos atearam fogo na entrada e em cortinas do Congresso e destruíram móveis, jogando-os pelas escadas da frente do Parlamento. A polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. O incêndio deixou prédio seriamente danificado.

A região do Congresso apresentava um aspecto desolado, com ônibus destruídos, fogueiras e pedras espalhadas, enquanto grupos de jovens travavam confrontos isolados com a polícia. Um grupo também tentou incendiar da Casa Rosada, sede do governo, ateando fogo na entrada principal do edifício.

Segundo os jornais argentinos, foram registradas diversas tentativas de invasão no comércio durante a madrugada. Lojas das redes de fast food Mc Donalds e Burger King foram destruídas e pelo menos cinco bancos tiveram suas fachadas parcialmente danificadas.

Com informações das agências internacionais e da versão eletrônica do jornal "Ámbito Financiero".

Leia mais no especial sobre Argentina
 

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