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07/04/2008 - 19h15

Filho de governador é um dos 22 presos em esquema de sonegação

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da Folha Online

A PF (Polícia Federal) prendeu nesta segunda-feira 22 pessoas, sendo 13 no Espírito Santo, três em São Paulo e seis em Rondônia, acusadas de integrar uma quadrilha que sonegou, no último ano, R$ 7 milhões em importações de carros, motos e mercadorias de luxo. Entre os presos está Ivo Junior Cassol, filho do governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), acusado de tráfico de influência.

Os dois líderes do esquema --Adriano Mariano Scopel e Pedro Scopel, pai e filho-- estão entre os detidos no Espírito Santo. Em Rondônia, também foi confirmada a prisão do ex-senador Mário Calixto Filho, dono do maior jornal em Rondônia.

A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça decretou a prisão temporária de 23 pessoas na chamada Operação Titanic. Um dos investigados, um capixaba que está nos Estados Unidos, será preso pelo FBI e deportado para o Brasil.

Também foram presos três auditores da Receita Federal em Vila Velha e um servidor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), além de contadores, cujos nomes não foram confirmados oficialmente, mas obtidos pela Folha Online (veja abaixo). Em Rondônia, os outros quatro presos são Rogério Moreira, Ronaldo Benevídeo dos Santos, Edcarlos Tibúrcio Pinheiro e Alessandro Cassol Zabott.

A participação do governador Ivo Cassol não foi confirmada. "Por enquanto não há nada sobre eventual participação do governador, mas por cautela, como ele tem prerrogativa de foro, uma cópia dos autos foi enviada à Procuradoria Geral da República", afirmou a procuradora Nadja Machado Botelho.

Esquema

As investigações, que começaram há pouco mais de um ano, indicaram que a fraude se dava com a participação de empresários brasileiros e estrangeiros, contadores, servidores públicos (auditores da Receita), advogados e corretores de câmbio.

As empresas estrangeiras (uma no Canadá e outra nos EUA) reduziam o preço informado de venda do veículo para, conseqüentemente, reduzir os impostos a serem cobrados. Segundo a PF, em dois anos foram importados mais de R$ 21 milhões em carros de alto luxo -- só no ano passado, foram cerca de 190 veículos, como Ferraris, Lamborghinis, Porsche e Nissan Infiniti, entre outros.

O empresário capixaba Adriano Mariano Scopel é acusado de chefiar a quadrilha ao lado do pai, Pedro Scopel. Eles são donos da empresa Tag Importação e Exportação de Veículos Ltda, uma das maiores importadoras de veículos de alto luxo do país. Adriano é acusada, inclusive, de ter comprado uma lancha do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, preso no ano passado.

Segundo entrevista coletiva realizada pelo Ministério Público e pela PF no Espírito Santo, a quadrilha utilizava o Terminal Portuário de Peiú, na região metropolitana de Vitória, como pátio de negócios --Pedro Scopel é o detentor da exploração da concessão do terminal.

Para fraudar o Fisco, Adriano Scopel se utilizava do corpo funcional da Tag Importação e Exportação e contava com a ajuda de informantes em órgãos públicos brasileiros. Scopel controlava as compras dos automóveis e das mercadorias de luxo no exterior, a cotação de câmbio para a realização das operações, a cooptação de empresas responsáveis pela remessa de dinheiro ao exterior, a contabilização dos lucros e a distribuição de propina.

No esquema, Ivo Junior e Zabott, respectivamente filho e sobrinho do governador de Rondônia, Ivo Cassol, e Mario Calixto Filho são acusados de tráfico de influência.

Os três teriam recebido vantagens indevidas para influenciar integrantes do governo estadual de Rondônia para garantir a retomada de um benefício fiscal diferenciado para a empresa de Adriano Scopel. Ivo Junior e Zabott pediram e ganharam de Adriano Scopel passagens aéreas para São Paulo e ingressos para um camarote de alto luxo, com bufê e champanhe, num valor estimado de R$ 29 mil, para a corrida de Fórmula 1 realizada em 21 outubro de 2007.

Já o empresário Calixto Filho recebeu, segundo a PF, aproximadamente R$ 190 mil da organização criminosa, R$ 50 mil em espécie e o restante por meio de transferências bancárias.

Entre os crimes cometidos pela quadrilha, segundo o Ministério Público, estão corrupção de servidores públicos, contabilidade fictícia, inserção de informações falsas em contratos de câmbio com vistas a promover evasão de divisas, descaminho, lavagem de bens e capitais, corrupção passiva e tráfico de influência.

*Confira a lista de presos:

Espírito Santo
- Adriano Mariano Scopel
- Aguilar de Jesus Bourguignon
- Rodolfo Bergo Legnaioli
- Maurenice Gonzaga de Oliveira
- Fernando Silva do Couto
- Aldeni Avelar Portela Silva
- Pedro Scopel
- Max Pimentel de Almeida Marçal
- Moacir Alves da Silva
- Alessandro Stockl
- Alberto Oliveira da Silva
- Fabiano Fonseca Furtado Mendonça

São Paulo
- Eduardo Sayegh
- Jorge de Oliveira
- Orozimbo Antonio de Freitas

Rondônia
- Edcarlos Tiburcio
- Ronaldo Benevídio dos Santos
- Rogério Moreira
- Alessandro Cassol Zabott
- Mario Calixto Filho
- Ivo Junior Cassol

 

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