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06/02/2002 - 07h34

Crise derruba investimento privado no país

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ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

As empresas privadas anunciaram investimentos de US$ 156,5 bilhões no ano passado no Brasil. Em dólares, o volume é 41% menor do que o registrado no ano anterior (US$ 265 bilhões). Já em reais, ao se levar em conta a desvalorização da moeda brasileira (que tornou o dólar mais caro), a queda é menor: 26,4%. O valor passou de R$ 492,9 bilhões em 2000 para R$ 363 bilhões em 2001. E corresponde a quase um terço (31%) da previsão do PIB (Produto Interno Bruto) para o ano passado, de acordo com levantamento divulgado ontem pela consultoria Simonsen Associados.

O montante é inferior aos verificados em 2000, em 98 e em 97. O resultado também ficou abaixo do esperado pelos economistas. Esperava-se que as empresas colocassem no país pelo menos US$ 220 bilhões, mas no segundo semestre os planos de expansão não saíram da gaveta.

Racionamento de energia, crise argentina e retração econômica nos Estados Unidos fizeram acionar o sinal vermelho nas matrizes das multinacionais estrangeiras, que decidem quais são as melhores praças para se ampliar os investimentos.

O Brasil atraiu menos recursos, mas técnicos que elaboraram a pesquisa acreditam que o resultado não chega a ser tão desanimador. "Se você pensar que enfrentamos só turbulências o ano todo, esse resultado pode ser visto até como positivo", disse Harry Simonsen, diretor da companhia.

O volume recebido no ano passado, entretanto, é menor do que a média registrada nos anos do Plano Real. De 95 a 2000, a média atingiu US$ 165 bilhões, contra US$ 156,5 bilhões em 2001.

Quem perdeu ou ganhou
Quem mais perdeu investimentos foi o setor eletroeletrônico e quem mais ganhou foram os de energia e de comunicações. Até julho, esses dois segmentos receberam 18% mais capital do que no ano anterior.

No segundo semestre, entretanto, o montante desabou: houve queda de 75%. Esses setores podem servir como uma espécie de termômetro, já que representaram, no ano passado, quase 60% do total investido pelas empresas no Brasil.

Nesse levantamento, a consultoria não levou em consideração os investimentos públicos -em empresas do governo, com exceção da Petrobras. Também só considera o capital aplicado para aumento da capacidade produtiva nas companhias instaladas no país. Não estão computados os recursos aplicados para compra de empresas, já que isso se trata de uma negociação comercial e não de aumento de produção.

Para chegar nos números anunciados ontem, a Simonsen reúne informações publicadas pela imprensa a respeito da intenção de investimentos no país. O volume pode ser aplicado nos anos seguintes e ainda pode ser postergado. A consultoria, entretanto, informa que a taxa de acerto é alta.

Explica-se: se as informações forem comparadas com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o volume anunciado corresponde a 85% do total realmente investido, segundo informou a direção da Simonsen Associados.

EUA saem, Europa entra
As companhias européias garantiram a liderança no ranking daquelas que mais aplicam capital no país. Elas -que eram donas de quase 18% do valor total aplicado- ganharam participação e fecharam o ano com 21,5%. Foram 266 anúncios de investimentos, principalmente de empresas espanholas e portuguesas.

As empresas americanas, canadenses e mexicanas-que historicamente eram responsáveis por quase 17% do total aplicado- responderam por apenas 12,3% dos investimentos no ano passado. As americanas fizeram menos de 160 anúncios.

Pelas projeções de investimento anunciadas ontem, o país poderá receber cerca de US$ 222 bilhões em 2003, com destaque para aplicações de capital no setor de infra-estrutura.

Nos anos 90, com a abertura da economia, o Brasil recebia, anualmente, entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões. Com a chegada do Plano Real, o valor dobrou: atingiu, em média, US$ 100 bilhões por ano. O recorde foi alcançado em 2000: entraram US$ 265 bilhões.

"Esse valor não vai se repetir. Foi um exagero, um ponto fora da curva", diz Antonio Cordeiro, sócio-diretor da Simonsen.

 

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