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14/02/2002
-
15h55
SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online
Um bebê prematuro em uma UTI, uma mulher entubada no leito de um hospital, um casal angustiado na cama, uma criança segurando o cigarro do pai.
Essas são quatro das imagens que já estão desde o início deste mês nos maços de cigarros comprados por mais de 30 milhões de brasileiros fumantes e representam a maior ofensiva antitabagista do governo brasileiro.
A Souza Cruz, maior indústria de fumos da América Latina e dona de marcas como Derby e Hollywood, já sente os efeitos da publicação obrigatória das fotos nas embalagens do seu produto. A pressão sobre os custos fixos da companhia aumentou. Ficou mais caro produzir cada maço.
A empresa mudou o processo de impressão dos maços para viabilizar o uso das imagens coloridas. O departamento gráfico comprou máquinas necessárias a essa adaptação.
A Souza Cruz diz que o aumento desse custo é "irrelevante" na formação do valor do produto, pois 70% do preço do cigarro correspondem a impostos e quase 9% à margem de lucro do varejo.
A companhia evita publicamente arriscar uma previsão sobre o impacto das imagens nas decisões de compra do consumidor.
"Vamos ver nos próximos meses como se comportam as vendas", diz o diretor financeiro da Souza Cruz, Nicandro Durante, que descarta um questiomento judicial contra a campanha do governo.
A empresa só pensa em repassar o aumento dos custos para os preços após checar a reação dos fumantes. Segundo Durante, se optar por um reajuste dos preços_ o último foi em outubro_, a Souza Cruz corre o risco de perder mercado para os fabricantes ilegais, que oferecem produtos mais baratos, uma vez que estão livres dos impostos.
Além disso, os cigarros contrabandeados não trazem as imagens de alerta sobre os riscos do fumo.
Segundo o gerente de relações com investidores, Antonio Duarte Castro, o processo industrial da companhia precisou de ajustes. A lei determina que as seis imagens sejam estampadas nos maços em volumes iguais de produção. Ou seja, é proibido emitir um lote maior com uma imagem menos chocante.
Segundo os dois executivos, não houve ainda reação dos varejistas sobre a novidade nem informações de que as imagens estejam sendo cobertas.
Eles lembram que o Brasil não é o primeiro país a adotar uma estratégia tão agressiva contra o fumo. O Canadá já utilizou imagens impressos nos maços.
"Falou-se que houve uma redução pequena do consumo, mas não temos dados da indústria canadense para comprovar isso", diz Castro.
Em 2001, a Souza Cruz comercializou 87 bilhões de cigarros - um crescimento de 6% em relação ao ano anterior (82,1 bilhões). Esse desempenho responde por 58% do mercado brasileiro, estimado em 150 bilhões de cigarros.
Segundo os executivos da Souza Cruz, a americana Philip Morris detém entre 8% e 8% do mercado. O maior concorrente das duas é o mercado ilegal de cigarros, que manteve em 2001 uma fatia de 35% dos volumes vendidos.
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Um bebê prematuro em uma UTI, uma mulher entubada no leito de um hospital, um casal angustiado na cama, uma criança segurando o cigarro do pai.
A Souza Cruz, maior indústria de fumos da América Latina e dona de marcas como Derby e Hollywood, já sente os efeitos da publicação obrigatória das fotos nas embalagens do seu produto. A pressão sobre os custos fixos da companhia aumentou. Ficou mais caro produzir cada maço.
A Souza Cruz diz que o aumento desse custo é "irrelevante" na formação do valor do produto, pois 70% do preço do cigarro correspondem a impostos e quase 9% à margem de lucro do varejo.
A companhia evita publicamente arriscar uma previsão sobre o impacto das imagens nas decisões de compra do consumidor.
A empresa só pensa em repassar o aumento dos custos para os preços após checar a reação dos fumantes. Segundo Durante, se optar por um reajuste dos preços_ o último foi em outubro_, a Souza Cruz corre o risco de perder mercado para os fabricantes ilegais, que oferecem produtos mais baratos, uma vez que estão livres dos impostos.
Além disso, os cigarros contrabandeados não trazem as imagens de alerta sobre os riscos do fumo.
Segundo os dois executivos, não houve ainda reação dos varejistas sobre a novidade nem informações de que as imagens estejam sendo cobertas.
Eles lembram que o Brasil não é o primeiro país a adotar uma estratégia tão agressiva contra o fumo. O Canadá já utilizou imagens impressos nos maços.
"Falou-se que houve uma redução pequena do consumo, mas não temos dados da indústria canadense para comprovar isso", diz Castro.
Segundo os executivos da Souza Cruz, a americana Philip Morris detém entre 8% e 8% do mercado. O maior concorrente das duas é o mercado ilegal de cigarros, que manteve em 2001 uma fatia de 35% dos volumes vendidos.
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