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12/03/2002 - 08h59

BB e BNDES avaliam megaoperação para Globo

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MÔNICA BERGAMO
GUILHERME BARROS
da Folha de S.Paulo

O BNDES pode anunciar nos próximos dias uma operação financeira para capitalizar a Globo Cabo, a maior empresa de TV por assinatura do país, controlada pelas Organizações Globo. A operação foi revelada pela Folha no sábado e pode chegar a R$ 1 bilhão.

O banco oficial não entraria com a totalidade dos recursos. Os outros sócios da empresa -Microsoft, Bradesco, RBS e a própria Globo- também participariam do aumento de capital.

Não se trata da única operação em estudo ou andamento entre um banco oficial e o grupo empresarial carioca. O Banco do Brasil também avalia sua participação no refinanciamento da dívida das Organizações Globo. A Folha apurou que a operação poderá alcançar a cifra de R$ 2 bilhões.

O formato da operação não está definido. Uma das hipóteses mais prováveis é o Banco do Brasil atuar como uma espécie de avalista da Globo na operação de reestruturação da dívida. Com o aval do banco público, o grupo de empresas da família Marinho poderia tomar ou renovar empréstimos no exterior, seja por meio de financiamento direto ou lançamento de títulos. O Banco do Brasil não confirma e não nega oficialmente a operação.

De acordo com o que a Folha apurou, a Globo já discute o refinanciamento da dívida há cerca de dois meses. Foi com o objetivo de dar prioridade à reestruturação financeira do grupo que as Organizações Globo contrataram o economista Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras até o começo deste ano.

No comando da estatal do petróleo, Reichstul foi o responsável por organizar grandes e bem-sucedidos lançamentos de títulos -captação de empréstimos- da Petrobras. A Globopar é a empresa que centraliza os investimentos das Organizações Globo em setores como telecomunicações, TV paga, internet, gravadoras e editoras.

A frente BNDES
A operação de capitalização com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, depende ainda da aprovação do seu quadro de técnicos. Teria papel importante no encaminhamento dos problemas financeiros das Organizações Globo, cuja dívida chega a cerca de R$ 1,8 bilhão.

A notícia da operação envolvendo um banco oficial caiu como uma bomba no mercado. A reação mais enfática veio das redes de televisão.

"É um espanto que uma operação desse vulto, envolvendo a Globo e o governo federal, aconteça a menos de três meses de uma campanha eleitoral", diz Antonio Teles, vice-presidente da Rede Bandeirantes.

"A Globo Cabo nasceu fundada em financiamento externo. Por erros financeiros, atitudes perdulárias, o negócio desandou. Qual é a responsabilidade do povo brasileiro, a quem pertencem os fundos do BNDES, para ser chamado a salvar um naufrágio desses?", completa Teles.

A Folha apurou que, há três meses, a Bandeirantes fez uma consulta formal ao banco sobre a disponibilidade de abertura de linhas de financiamento. Ouviu como resposta que o BNDES não opera com empresas de mídia.

O SBT, que tem dois pedidos de financiamento não atendidos no banco, não se manifesta oficialmente sobre a operação da Globo Cabo. Um dos executivos da empresa afirmou à Folha, no entanto, que a operação causa perplexidade, pois o país estaria pagando a conta de erros empresariais.

A Globo Cabo não se manifesta sobre a operação. O Ministério do Desenvolvimento, a quem o BNDES é subordinado, dá aval à negociação, mas não se manifesta oficialmente sobre o assunto.

Dono de cerca de 5% das ações da Globo Cabo, o BNDES pode fazer um aporte de capital maior do que a sua participação atual na empresa.

"Todos os sócios devem participar da capitalização, mas não necessariamente nas mesmas proporções", revelou à Folha um dos envolvidos na negociação.

Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, do UOL News, o banco entrará com R$ 800 milhões na operação.

Ao mesmo tempo em que os acionistas discutem a injeção de dinheiro na Globo Cabo, seus representantes tentam renegociar os débitos que a empresa tem com instituições privadas.

Com 35.000 km de cabos instalados e 1,5 milhão de assinantes, a Globo Cabo investiu o equivalente a US$ 2 bilhões no negócio, mas só teve prejuízos até agora.

Em outubro passado, Roberto Irineu Marinho, vice das Organizações Globo, admitiu que poderia vender uma parte da empresa, perdendo o controle acionário.

Grande parte do crescimento da empresa foi financiada com empréstimos externos. As desvalorizações cambiais que aconteceram a partir de 99 tornaram o endividamento da empresa praticamente insuportável. A maior parte da dívida de R$ 1,8 bilhão está atrelada ao dólar.

Para agravar o quadro, o desempenho do mercado de TV por assinatura está aquém do esperado. O total de assinantes no país é de 3,6 milhões de pessoas, quando se previa, pelo menos, o dobro.

 

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