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09/10/2002 - 19h22

Uso da "psicologia" leva Nobel de Economia

da Folha de S.Paulo

Pelo terceiro ano consecutivo, o Nobel de Economia vai para os EUA. Dois norte-americanos dividirão o prêmio de cerca de US$ 1 milhão. A academia sueca decidiu premiar Daniel Kahneman e Vernon Smith por terem sido pioneiros no estudo de como a psicologia econômica e a economia experimental podem ser utilizadas na tomada de decisões.

Os experimentos dos dois se destinam a romper um antigo axioma: o de que a economia é uma ciência baseada apenas na observação de fatos e que as decisões do indivíduo são guiadas unicamente pela razão e pelo interesse pessoal.

Daniel Kahneman, 68, professor na Universidade Princeton, nasceu em Tel Aviv, mas possui cidadania norte-americana e israelense. Formou-se em matemática e psicologia na Universidade Hebraica de Jerusalém e obteve doutorado em psicologia na Universidade de Berkeley (EUA).

Junto com o israelense Amos Tversky (morto em 1996), desenvolveu o que se chamaria ''prospect theory'' (teoria da prospecção). De acordo com essa teoria, os indivíduos atribuem maior importância a um ganho seguro do que a um ganho provável, mesmo que esse último possa ser superior. Depois, concluiria que decisões tomadas em momentos de incerteza podem seguir ''atalhos'' que não seguem os princípios da teoria de probabilidades.

''É dizer que o indivíduo não é consistente no tempo. Ele pode tomar uma decisão: 'amanhã eu vou fazer isso' e no dia seguinte, diante de uma série de variáveis, não agir como previra'', explica o economista Aloísio Pessoa, professor da escola de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas.

Os estudos do norte-americano, iniciados na década de 50, inspiraram uma série de trabalhos em economia e finanças na análise de comportamentos como o "efeito de manada" (quando o agente move-se na mesma direção do resto do mercado pelo temor de ser abandonado à própria sorte).

De sua parte, Vernon Smith, 75, da Universidade George Mason, estabeleceu os fundamentos da economia experimental. Seu trabalho ajudou na desregulamentação de mercados como o elétrico e na quebra de monopólios.

Com doutorado em Harvard, Smith desenvolveu uma série de métodos experimentais que serviram de padrão para aplicar resultados de laboratório em ciências econômicas. "A economia, tradicionalmente, é uma ciência não experimental, no sentido de que não se utiliza de experimentos controlados para testar seus modelos teóricos, como a física e a química. Smith a aproxima das demais ciências ao testar princípios econômicos com grupos de indivíduos expostos a certos fenômenos e verifica suas reações", explica o economista Ernani Hickmann, professor da FGV.

Em um dos experimentos, Smith reuniu em laboratório indivíduos aos quais atribuiu, de forma aleatória, o papel de vendedores e compradores. Depois, indicou apenas um preço mínimo de venda e um máximo de compra. O resultado foram preços de equilíbrio semelhantes aos oferecidos pelo modelo teórico.

Promoveu ainda experiência sobre o comportamento dos indivíduos em diferentes tipos de leilões. Entre eles, o modelo inglês (em que o preço cresce à medida que ocorrem os lances), o de primeiro preço (os participantes entregam envelope lacrado e vence o que tiver a maior oferta). As experiências serviram a Smith provar a eficácia de mecanismos de leilões públicos em privatizações ou concessão de serviços estatais.
 

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