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27/04/2003 - 09h16

"Renovação de frota" de eletrônico é adiada

ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo

A renovação da "frota" brasileira de eletrônicos será adiada. Aqueles produtos antigos, como videocassetes e aparelhos de som, que deveriam ser trocados por novos a partir de 2003, não devem sair da casa dos consumidores. "Isso não vai existir", diz Valdemir Coleone, diretor da Lojas Cem, uma das maiores redes de varejo do país. As empresas pensam hoje em formas de incentivar a população a trocar os produtos.

Na prática, a demanda por lançamentos deveria ganhar força oito anos após a última onda de troca de produtos, em 1996. Isso porque o tempo de vida útil de aparelhos, como TVs e geladeiras, varia de oito a 13 anos. Portanto, a substituição dessas mercadorias -hoje em pior estado de funcionamento- por novos modelos deveria começar agora.

"Vamos ficar só na torcida", diz Paulo Saab, presidente da Eletros, entidade que representa 23 empresas, entre elas líderes como Philips, Brastemp e Sony.

No início do Plano Real, período de expansão do consumo e ampliação da renda, houve uma forte demanda por produtos como computadores e TVs e, num segundo momento, celulares. A classe de menor poder aquisitivo, que recebe de quatro a dez salários mínimos -segundo critérios do Ibope/LatinPanel- cresceu e ganhou poder de compra.

Se em 1993 representavam 26% da população brasileira, em 2000 já eram 34%.

Com mais dinheiro no bolso, crédito disponível nas lojas, juros baixos e inflação controlada - na casa dos 7% ao ano- o varejo vendeu R$ 110 bilhões em mercadorias em 1995 - muito superior aos R$ 65 bilhões do ano anterior.

A fartura cessou e os ganhos se reduziram de forma drástica. Isso porque concedeu-se crédito demais e a inadimplência disparou em 1997. As recentes retrações em mercados no mundo, como na Ásia, em 1997, na Rússia, em 1998, além da crise cambial no Brasil, em 1999, levou a governo a promover uma série de choques nas taxas de juros. O crédito encolheu, o real perdeu parte de seu valor e o consumo despencou.

Oito anos após a mais recente corrida de consumidores às lojas, em 1996, o varejo amarga perdas consecutivas. O último fevereiro teve o pior resultado para o mês desde 1994 (nos itens eletrodomésticos e móveis).

"Agora, quem tem duas TVs em casa e acaba perdendo uma, porque quebrou, por exemplo, vai ficar só com a que restou mesmo", diz Coleone, da Lojas Cem.

Na tentativa de brigar por esse mercado da renovação de "frota", empresas articulam estratégias que possam atrair o consumidor para dentro da loja. "Estamos pensando em formas de trazer vantagens ao consumidor. Vamos ver se iremos instalar o produto de graça para incentivar a troca", diz Afonso Hennel, presidente da Semp Toshiba.

Produtos como computadores e celulares têm tempo médio de vida mais curto do que outros eletrônicos. Duram em média de três a quatro anos. E possuem índice de penetração baixo. Os computadores, por exemplo, estão em 12% dos domicílios no país.

"No entanto, não temos o menor indicativo de uma renovação na "frota" de PCs no país. O governo, que é um grande comprador, não pretende gastar com isso", diz Marcelo Quintas, analista do IDC, que faz pesquisas no setor.

Companhias como a Britânia não querem mais esperar que o consumidor decida trocar o velho produto pelo novo. A empresa decidiu reforçar lançamentos -vai fabricar DVDs neste ano no país- para encorajar o cliente a gastar. "Lançamentos são sempre motivadores", diz César Buffara, da Britânia.
 

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