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01/04/2004
-
15h32
FABIANA FUTEMA
da Folha Online
A economia brasileira, que enfrentou recessão, moratória e sucessivos planos econômicos, conseguiu dobrar o número de ricos em 20 anos e aumentar ainda mais a concentração de renda.
Estudo divulgado hoje mostra que em 2000 existiam 1,162 milhão de famílias ricas no país, o correspondente a 2,4% da população brasileira. Vinte anos antes, havia 507 mil famílias ricas --1,8% da população na época.
Na pesquisa, ricos são as pessoas integrantes de famílias com renda mensal acima de R$ 10.982 (valores de setembro de 2003). Os dados foram reunidos pelo economista Marcio Pochmann no livro "Atlas da Exclusão Social no Brasil - Volume 3 - Os Ricos no Brasil", da Cortez Editora.
Segundo o economista, o estudo mostra que nesses 20 anos uma pequena parcela da classe média ficou rica. Mas uma outra parte ainda maior dessa mesma classe média ficou pobre.
"E a base da pirâmide social [os pobres] ficou ainda maior com o esvaziamento da classe média", disse.
O estudo mostrou ainda que essas 1,162 milhão de famílias ricas detém 75% do PIB brasileiro, o equivalente a R$ 1,13 trilhão, segundo estimativa do economista. Desse total, 5.000 famílias sozinhas são donas de 45% do PIB nacional, o equivalente a R$ 691 bilhões.
Segundo Pochmann, o aumento da população rica ampliou a desigualdade no país. Prova disso é que em 1980, afirmou o economista, a população rica tinha uma renda média equivalente a dez vezes a da população em geral. Hoje, os ricos ganham 14 vezes mais que a média do país.
Além disso, a participação dos ricos sobre a renda nacional subiu de 20% para 33% neste período.
De acordo com o livro, 50% do total das famílias ricas do país estão concentradas em quatro cidades: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG).
De acordo com o "Atlas da Exclusão Social no Brasil - Volume 3 - Os Ricos no Brasil", os 2,4% mais ricos do país têm uma renda média mensal de R$ 22.487. Na comparação com a renda das famílias que estão abaixo da linha da pobreza, os mais ricos ganham 80 vezes mais.
Como ficar rico
O livro mostra que graças a atividades ligadas ao setor financeiro uma pequena parcela da classe média conseguiu enriquecer num período de fraco desempenho da economia.
Ele explica que grande parte dos "novos ricos" surgiu de atividades não-produtivas, geralmente ligadas a ganhos de capital por meio de valorizações financeiras, como a venda de bens --sejam eles, imóveis, ações, fazendas, empresas, participações-- comprados com preços baixos e vendidos após forte alta.
Pochmann chama este ciclo de "financeirização" da riqueza, que interrompeu o padrão de acumulação de capital por meio de investimento no setor produtivo ou remuneração assalariada.
"(...) A partir dos anos 90, o que se viu foi o crescimento e o estabelecimento de um modelo selvagem de acumulação de riqueza. Selvagem porque por meio da dívida pública, dos juros altos e do superávit primário o Estado transfere recursos oriundos de toda a população para as camadas mais ricas do país", diz o livro.
Pochmann utilizou dados do Censo 2000 e da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001 para desenhar o perfil das famílias 1% mais ricas do país.
Diferenças regionais
Devido a essa natureza financeira da riqueza, os novos ricos passaram a se concentrar principalmente nos centros financeiros do Brasil: São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília.
O percentual de famílias ricas em relação ao total de famílias chegou a
crescer 100% de 1980 a 2000 no Estado de São Paulo. No país, o aumento foi de 30%, em média. No lado contrário, este percentual caiu no Rio de Janeiro (32%) e Bahia (28,8%).
O Sudeste, puxado por São Paulo, possuía 67,2% das famílias ricas em 1980. Vinte anos depois, o percentual da região subiu para 73,5%. No mesmo período, o percentual de ricos da região Sul caiu de 13,7% para 10%. No Nordeste, a participação dos ricos caiu de 9,4% para 7,2% de 1980 a 2000.
Enquanto São Paulo elevou a sua participação no conjunto das famílias mais ricas, de 37,8% (1980) para 58% (2000), no Rio de Janeiro houve uma diminuição da participação de 19,3% para 8,7%.
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da Folha Online
A economia brasileira, que enfrentou recessão, moratória e sucessivos planos econômicos, conseguiu dobrar o número de ricos em 20 anos e aumentar ainda mais a concentração de renda.
Estudo divulgado hoje mostra que em 2000 existiam 1,162 milhão de famílias ricas no país, o correspondente a 2,4% da população brasileira. Vinte anos antes, havia 507 mil famílias ricas --1,8% da população na época.
Na pesquisa, ricos são as pessoas integrantes de famílias com renda mensal acima de R$ 10.982 (valores de setembro de 2003). Os dados foram reunidos pelo economista Marcio Pochmann no livro "Atlas da Exclusão Social no Brasil - Volume 3 - Os Ricos no Brasil", da Cortez Editora.
Segundo o economista, o estudo mostra que nesses 20 anos uma pequena parcela da classe média ficou rica. Mas uma outra parte ainda maior dessa mesma classe média ficou pobre.
"E a base da pirâmide social [os pobres] ficou ainda maior com o esvaziamento da classe média", disse.
O estudo mostrou ainda que essas 1,162 milhão de famílias ricas detém 75% do PIB brasileiro, o equivalente a R$ 1,13 trilhão, segundo estimativa do economista. Desse total, 5.000 famílias sozinhas são donas de 45% do PIB nacional, o equivalente a R$ 691 bilhões.
Segundo Pochmann, o aumento da população rica ampliou a desigualdade no país. Prova disso é que em 1980, afirmou o economista, a população rica tinha uma renda média equivalente a dez vezes a da população em geral. Hoje, os ricos ganham 14 vezes mais que a média do país.
Além disso, a participação dos ricos sobre a renda nacional subiu de 20% para 33% neste período.
De acordo com o livro, 50% do total das famílias ricas do país estão concentradas em quatro cidades: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG).
De acordo com o "Atlas da Exclusão Social no Brasil - Volume 3 - Os Ricos no Brasil", os 2,4% mais ricos do país têm uma renda média mensal de R$ 22.487. Na comparação com a renda das famílias que estão abaixo da linha da pobreza, os mais ricos ganham 80 vezes mais.
Como ficar rico
O livro mostra que graças a atividades ligadas ao setor financeiro uma pequena parcela da classe média conseguiu enriquecer num período de fraco desempenho da economia.
Ele explica que grande parte dos "novos ricos" surgiu de atividades não-produtivas, geralmente ligadas a ganhos de capital por meio de valorizações financeiras, como a venda de bens --sejam eles, imóveis, ações, fazendas, empresas, participações-- comprados com preços baixos e vendidos após forte alta.
Pochmann chama este ciclo de "financeirização" da riqueza, que interrompeu o padrão de acumulação de capital por meio de investimento no setor produtivo ou remuneração assalariada.
"(...) A partir dos anos 90, o que se viu foi o crescimento e o estabelecimento de um modelo selvagem de acumulação de riqueza. Selvagem porque por meio da dívida pública, dos juros altos e do superávit primário o Estado transfere recursos oriundos de toda a população para as camadas mais ricas do país", diz o livro.
Pochmann utilizou dados do Censo 2000 e da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001 para desenhar o perfil das famílias 1% mais ricas do país.
Diferenças regionais
Devido a essa natureza financeira da riqueza, os novos ricos passaram a se concentrar principalmente nos centros financeiros do Brasil: São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília.
O percentual de famílias ricas em relação ao total de famílias chegou a
crescer 100% de 1980 a 2000 no Estado de São Paulo. No país, o aumento foi de 30%, em média. No lado contrário, este percentual caiu no Rio de Janeiro (32%) e Bahia (28,8%).
O Sudeste, puxado por São Paulo, possuía 67,2% das famílias ricas em 1980. Vinte anos depois, o percentual da região subiu para 73,5%. No mesmo período, o percentual de ricos da região Sul caiu de 13,7% para 10%. No Nordeste, a participação dos ricos caiu de 9,4% para 7,2% de 1980 a 2000.
Enquanto São Paulo elevou a sua participação no conjunto das famílias mais ricas, de 37,8% (1980) para 58% (2000), no Rio de Janeiro houve uma diminuição da participação de 19,3% para 8,7%.
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