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18/04/2004
-
08h49
ÉRICA FRAGA
da Folha de S.Paulo
Riscos externos que rondam o mundo emergente ameaçam bombardear a economia brasileira a partir de 2005. A provável alta dos juros nos Estados Unidos, a possibilidade de redução do ritmo de expansão da China e a esperada queda dos preços de commodities são os principais deles.
As exportações, principal motor da economia brasileira atualmente, devem diminuir a partir do ano que vem devido à queda dos preços internacionais de produtos como soja, carne e aço, que dispararam no ano passado.
Estudo da consultoria MS Consult revela que um recuo dos preços de 16 entre 27 produtos (que representam 47,4% da pauta de exportações do Brasil) para suas médias históricas levaria a uma redução de US$ 4 bilhões no volume de exportações.
Segundo Jorge Simino, sócio da MS Consult, é improvável que essa queda ocorra de uma só vez. Por outro lado, diz ele, um recuo nos preços será inevitável e terá efeitos nocivos sobre a economia.
"Estamos fazendo esse exercício para avaliar o impacto da queda de preços de commodities sobre as exportações. E é possível que esse impacto seja maior que os US$ 2 bilhões da redução do saldo comercial projetada pelo mercado para 2005", diz Simino.
Esse movimento pode afetar o crescimento de duas formas: 1) o setor externo tem peso direto e significativo sobre o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro; 2) exportações menores tendem a provocar pressão sobre o dólar e, conseqüentemente, sobre a inflação, o que pode levar a uma elevação da taxa de juros.
Reversão das causas
A forte demanda da China está entre as principais causas da forte alta dos valores de commodities. Há eventos extraordinários também que afetaram o preço específico de determinados produtos. É o caso de quebras de safras de soja e de doenças como o mal da vaca louca e a gripe asiática, que elevaram o preço das carnes.
Até então, a elevada participação das commodities na pauta de exportações contribuiu para que o país se beneficiasse desse movimento de valorização dos preços. O problema é que a tendência, agora, é que os efeitos desses movimentos sejam arrefecidos: a expansão chinesa deve ser freada, e quebras de safras e doenças não ocorrem, necessariamente, todos os anos.
Com essa mudança esperada de contexto, o que vem funcionando como qualidade para o Brasil tende a virar defeito.
"Os produtos que exportamos, ao contrário dos industrializados que importamos, são muito sujeitos à volatilidade do mercado externo", diz Idione Meneghel, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
Cálculo feito pela consultoria revela que as commodities e outros produtos que delas dependem (como suco de laranja e óleo de soja), chamados de "commoditizados", representam 61% da pauta de exportações do país. E o problema, segundo analistas, é que avanços para diversificar a pauta ocorrem de forma lenta.
Preços da soja e do aço são risco para o país
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da Folha de S.Paulo
Riscos externos que rondam o mundo emergente ameaçam bombardear a economia brasileira a partir de 2005. A provável alta dos juros nos Estados Unidos, a possibilidade de redução do ritmo de expansão da China e a esperada queda dos preços de commodities são os principais deles.
As exportações, principal motor da economia brasileira atualmente, devem diminuir a partir do ano que vem devido à queda dos preços internacionais de produtos como soja, carne e aço, que dispararam no ano passado.
Estudo da consultoria MS Consult revela que um recuo dos preços de 16 entre 27 produtos (que representam 47,4% da pauta de exportações do Brasil) para suas médias históricas levaria a uma redução de US$ 4 bilhões no volume de exportações.
Segundo Jorge Simino, sócio da MS Consult, é improvável que essa queda ocorra de uma só vez. Por outro lado, diz ele, um recuo nos preços será inevitável e terá efeitos nocivos sobre a economia.
"Estamos fazendo esse exercício para avaliar o impacto da queda de preços de commodities sobre as exportações. E é possível que esse impacto seja maior que os US$ 2 bilhões da redução do saldo comercial projetada pelo mercado para 2005", diz Simino.
Esse movimento pode afetar o crescimento de duas formas: 1) o setor externo tem peso direto e significativo sobre o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro; 2) exportações menores tendem a provocar pressão sobre o dólar e, conseqüentemente, sobre a inflação, o que pode levar a uma elevação da taxa de juros.
Reversão das causas
A forte demanda da China está entre as principais causas da forte alta dos valores de commodities. Há eventos extraordinários também que afetaram o preço específico de determinados produtos. É o caso de quebras de safras de soja e de doenças como o mal da vaca louca e a gripe asiática, que elevaram o preço das carnes.
Até então, a elevada participação das commodities na pauta de exportações contribuiu para que o país se beneficiasse desse movimento de valorização dos preços. O problema é que a tendência, agora, é que os efeitos desses movimentos sejam arrefecidos: a expansão chinesa deve ser freada, e quebras de safras e doenças não ocorrem, necessariamente, todos os anos.
Com essa mudança esperada de contexto, o que vem funcionando como qualidade para o Brasil tende a virar defeito.
"Os produtos que exportamos, ao contrário dos industrializados que importamos, são muito sujeitos à volatilidade do mercado externo", diz Idione Meneghel, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
Cálculo feito pela consultoria revela que as commodities e outros produtos que delas dependem (como suco de laranja e óleo de soja), chamados de "commoditizados", representam 61% da pauta de exportações do país. E o problema, segundo analistas, é que avanços para diversificar a pauta ocorrem de forma lenta.
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