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22/07/2004
-
07h15
CLÓVIS ROSSI
enviado especial da Folha de S.Paulo a Bruxelas
O Mercosul suspendeu ontem as negociações com a União Européia (UE), na tentativa de forçar o parceiro a melhorar a sua oferta agrícola. A gota d'água foi o anúncio europeu de que as cotas oferecidas ao Mercosul e que seduziram os seus eficientes produtores rurais não entrariam imediatamente em vigor, mas seriam escalonadas em dez anos.
"A oferta agrícola é que justifica essa negociação. O parcelamento das cotas tornaria a proposta agrícola praticamente inexistente", diz o embaixador Régis Arslanian, chefe da delegação brasileira e do Mercosul, pois o Brasil é o atual presidente do bloco.
A iniciativa surpreendeu o outro lado. "Não entendo e estou muito surpreso", reagiu Karl Falkenberg, negociador-chefe europeu. "O parcelamento é normal e está, por exemplo, em nossos acordos com o Chile e o México."
As duas partes fizeram questão, porém, de deixar claro que não se estava produzindo uma ruptura total da negociação. Tanto é assim que a suspensão diz respeito apenas às reuniões entre os coordenadores, que, a rigor, dão tratamento político às negociações.
Os técnicos continuarão reunidos até amanhã, o dia em que deveria terminar o encontro do CNB (Comitê de Negociações Birregionais, mais alta instância técnica da negociação). Além disso, foi mantida a data de 9 de agosto para uma nova reunião, com os coordenadores, em Brasília.
Antes, porém, a crise será transferida para os ministros (e, no caso do bloco europeu, para os comissários, que fazem as vezes de ministros). Como o chanceler brasileiro Celso Amorim estará em Genebra, na semana que vem, para as negociações da Organização Mundial do Comércio, ficou acertado que haverá algum tipo de diálogo entre ele, o vice-chanceler argentino Martín Redrado e o comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy.
Arancha González, porta-voz de Lamy, diz que os negociadores técnicos logo encontram uma espécie de muro, que impede que avancem na negociação sem um empurrão político, que só pode ser dado pelos ministros.
"Se não houver avanço em Genebra, qualquer movimentação acabará transferida para setembro, com o que entramos em zona de risco", diz Eduardo Sigal, que assumiu a chefia da delegação argentina porque seu chefe, Martín Redrado, viajou para a Venezuela.
Sigal se refere ao fato de que o prazo tentativo para fechar o acordo é outubro, muito próximo. A porta-voz de Lamy concorda: "Se não pudermos avançar na substância, fica cada vez mais difícil fechar o acordo até outubro".
Até no setor privado, a avaliação é parecida. Rogério Goldfarb, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, diz que a situação "é preocupante, mas não dramática", para, em seguida, sugerir: "É preciso achar uma forma de acelerar a negociação".
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Bruxelas
O Mercosul suspendeu ontem as negociações com a União Européia (UE), na tentativa de forçar o parceiro a melhorar a sua oferta agrícola. A gota d'água foi o anúncio europeu de que as cotas oferecidas ao Mercosul e que seduziram os seus eficientes produtores rurais não entrariam imediatamente em vigor, mas seriam escalonadas em dez anos.
"A oferta agrícola é que justifica essa negociação. O parcelamento das cotas tornaria a proposta agrícola praticamente inexistente", diz o embaixador Régis Arslanian, chefe da delegação brasileira e do Mercosul, pois o Brasil é o atual presidente do bloco.
A iniciativa surpreendeu o outro lado. "Não entendo e estou muito surpreso", reagiu Karl Falkenberg, negociador-chefe europeu. "O parcelamento é normal e está, por exemplo, em nossos acordos com o Chile e o México."
As duas partes fizeram questão, porém, de deixar claro que não se estava produzindo uma ruptura total da negociação. Tanto é assim que a suspensão diz respeito apenas às reuniões entre os coordenadores, que, a rigor, dão tratamento político às negociações.
Os técnicos continuarão reunidos até amanhã, o dia em que deveria terminar o encontro do CNB (Comitê de Negociações Birregionais, mais alta instância técnica da negociação). Além disso, foi mantida a data de 9 de agosto para uma nova reunião, com os coordenadores, em Brasília.
Antes, porém, a crise será transferida para os ministros (e, no caso do bloco europeu, para os comissários, que fazem as vezes de ministros). Como o chanceler brasileiro Celso Amorim estará em Genebra, na semana que vem, para as negociações da Organização Mundial do Comércio, ficou acertado que haverá algum tipo de diálogo entre ele, o vice-chanceler argentino Martín Redrado e o comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy.
Arancha González, porta-voz de Lamy, diz que os negociadores técnicos logo encontram uma espécie de muro, que impede que avancem na negociação sem um empurrão político, que só pode ser dado pelos ministros.
"Se não houver avanço em Genebra, qualquer movimentação acabará transferida para setembro, com o que entramos em zona de risco", diz Eduardo Sigal, que assumiu a chefia da delegação argentina porque seu chefe, Martín Redrado, viajou para a Venezuela.
Sigal se refere ao fato de que o prazo tentativo para fechar o acordo é outubro, muito próximo. A porta-voz de Lamy concorda: "Se não pudermos avançar na substância, fica cada vez mais difícil fechar o acordo até outubro".
Até no setor privado, a avaliação é parecida. Rogério Goldfarb, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, diz que a situação "é preocupante, mas não dramática", para, em seguida, sugerir: "É preciso achar uma forma de acelerar a negociação".
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