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26/06/2005 - 09h10

Google abre no país neste ano, diz fundador

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S. Paulo

O Google, empresa de mídia mais valorizada na Bolsa de Valores de Nova York, abrirá filial no Brasil até o final de 2005. Quem fala é um dos fundadores e criador do mecanismo de busca mais utilizado da internet no mundo, o moscovita naturalizado norte-americano Sergey Brin, 31. "Vamos abrir uma filial do Google no Brasil em 2005, não posso lhe dizer a data específica por uma questão estratégica", disse ele em resposta à Folha na sede da empresa, em Mountain View, no Vale do Silício californiano.

Segundo Brin, a empresa deve anunciar filiais em outros lugares da América Latina e da Ásia, "especialmente em países da dimensão do Brasil, que não podem ser ignorados como mercado". Por enquanto, foi aberto apenas um escritório voltado para a venda de espaços publicitários, que já funciona em caráter provisório em São Paulo, com dois funcionários, sob o comando do gerente de vendas Emerson Calegaretti, ex-UOL. Mas a empresa procura um diretor-geral e já tem pelo menos mais 17 vagas para a operação brasileira, a maioria nas áreas técnica e de vendas.

Até agora, o único produto disponível é o AdWords, o carro-chefe de vendas do Google mundial, que vincula as palavras-chave das buscas a anúncios. É o mecanismo que faz com que anunciantes cujos produtos tenham a ver com os termos buscados pelo internauta apareçam no canto superior direito da tela de resultados. A Folha apurou que o plano para o Brasil, no entanto, é que serviços como o Google News, um organizador de notícias automático, ganhem versão em língua portuguesa e que produtos como o Google Enterprise, que realiza busca apenas na rede interna de uma empresa, venham a seguir.

O interesse pelo país faz sentido. Nos EUA, em que o mercado publicitário movimenta US$ 280 bilhões por ano, a publicidade on-line é o setor que mais cresce -aumentou 25% em 2004 em relação ao ano anterior, segundo o "Insider's Report", da Universal McCann, ante apenas 3% nas emissoras de TV aberta. Pois aquele país abocanha 50% de todo dólar gasto com publicidade on-line no mundo, enquanto o Brasil fica apenas com 7%, de acordo com estudos do próprio Google. A idéia é ampliar essa porcentagem a curto prazo.

Mercado para isso parece existir. De acordo com pesquisa Ibope/NetRatings divulgada anteontem, cresceu o número de internautas brasileiros domésticos ativos, de 11,37 milhões em abril para 11,51 milhões -os números excluem os usuários em empresas, internet cafés e telecentros comunitários. Aumentou também o número de horas que essa tropa passa on-line: média de 16 horas e 55 minutos por mês por usuário, ou 5% mais do que o tempo registrado em abril e recorde desde que essa medição é feita.

"O Brasil é um dos maiores mercados mundiais em termos de tráfego no Google, é o país em que o [site de relacionamentos virtuais] Orkut é o mais popular, por exemplo", disse à Folha o fundador, que não dá os números exatos "por motivos estratégicos".

Brin criou o Google com seu ex-colega da Universidade Stanford Larry Page em 1998. Começou a empresa na garagem de um amigo, em Menlo Park, também no Vale do Silício. Hoje, ambos têm uma fortuna pessoal avaliada em US$ 7 bilhões cada um.

Na primeira semana de junho, o Google se tornou a empresa de mídia mais valiosa da Bolsa de Valores de Nova York. Naquele dia, as ações do site passaram de US$ 292, ou mais de três vezes o valor quando da abertura de capital da empresa, no ano passado, o que a deixou com um valor de mercado de US$ 80 bilhões, batendo a gigante Time Warner, então primeira colocada, com US$ 78 bilhões. Há dois poréns significativos: a Time Warner faturou US$ 42 bilhões em 2004, ante US$ 3,2 bilhões da atual campeã; e a Google não é uma empresa de mídia no sentido tradicional do termo, de vender conteúdo e cobrar por isso. Ou é?

Caminha para ser, a se levar em conta um dos produtos mais recentes anunciados por Eric Schmidt, o CEO da empresa, em entrevista coletiva em maio. Trata-se do GoogleFusion, que permite que o internauta personalize sua página inicial, colocando notícias providas pelo próprio Google News, além do jornal "The New York Times" e o serviço britânico BBC News, mais o Gmail (o e-mail gratuito da empresa), a previsão do tempo de acordo com o código postal do usuário, cotações de ações, horários de cinema e outros atrativos.

Como já fazem nomes como AOL, Yahoo, MSN. Que não são mecanismos de busca, mas portais. A recíproca, porém, é verdadeira. Desde a explosão do Google, também esses portais investem cada vez mais nos mecanismos de busca. O Google é o líder inconteste, segundo levantamento do comScore Media Matrix, mas o Yahoo Search vem chegando perto, seguido do MSN Search, do Ask Jeeves e do AOL Search.

Num seminário no final de maio, Bill Gates, fundador da Microsoft, usou sua palestra para dar uma lambada em seus jovens concorrentes. "O Google ainda é perfeito, a bolha ainda está flutuando, e eles podem tudo", disse, de maneira sarcástica. "Vocês deveriam comprar as ações deles a qualquer preço. Nós também tivemos um período de dez anos assim." Ninguém no Google fala sobre a competição ou mesmo comenta a movimentação em direção aos portais. "Nosso foco será sempre a busca", desconversa Schmidt.

A partir deste ano, essa busca incluirá o mercado brasileiro.

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