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03/02/2003
-
06h01
da Folha de S.Paulo
O limite entre o trote do bem, divertido, e o abuso é variável. Se o trote implica lesões físicas aos calouros, obviamente é abusivo. E trote abusivo pode culminar em tragédias como a morte do calouro de medicina Edison Hsueh, há quatro anos.
"Trote é brincadeira. O caso do meu filho não foi trote, foi assassinato", afirma Feng Ming Hsueh, 59, pai do estudante morto. "Quem fez aquilo com o meu filho não era mais criança. E aquilo não era brincadeira. Foi crime. São criminosos", diz.
Mas não é só em casos extremos como o de Edison que o abuso acontece.
A estudante Djenifer Berardi, 22, aprendeu isso no seu primeiro ano como veterana do curso de agronomia da Universidade Federal do Paraná, em 99. "Quando fui caloura, jogaram água de peixe podre em mim, vomitei, mas levei numa boa, uma vez que a faculdade permitia o trote. Quando fui veterana, rolou um trote normal. Jogamos água e farinha nos bichos. Só que eles ficaram superofendidos e entraram com um processo contra alguns colegas", conta. "A coisa ficou feia e o processo universitário virou criminal. Alguns veteranos estão respondendo por ele até hoje."
Carlos (nome fictício), 28, é daqueles veteranos que já viu de tudo na Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), famosa por ter sido palco de trotes violentos e de práticas como colocar os bichos para correr pelados pelo campus e como a "pascu", na qual o bicho é despido e tem pasta de dente colocada em seu ânus.
Estudante há seis anos, ele conta que os trotes acontecem dentro das repúblicas, mas que hoje são feitos somente com o consentimento dos bichos. "Quando entrei aqui, não tínhamos a quem recorrer. Só ficava na faculdade quem aguentava os trotes mesmo. Hoje em dia, só brincamos com quem quer brincar."
Onde termina a brincadeira e começa o abuso dos trotes
FERNANDA MENAda Folha de S.Paulo
O limite entre o trote do bem, divertido, e o abuso é variável. Se o trote implica lesões físicas aos calouros, obviamente é abusivo. E trote abusivo pode culminar em tragédias como a morte do calouro de medicina Edison Hsueh, há quatro anos.
"Trote é brincadeira. O caso do meu filho não foi trote, foi assassinato", afirma Feng Ming Hsueh, 59, pai do estudante morto. "Quem fez aquilo com o meu filho não era mais criança. E aquilo não era brincadeira. Foi crime. São criminosos", diz.
Mas não é só em casos extremos como o de Edison que o abuso acontece.
A estudante Djenifer Berardi, 22, aprendeu isso no seu primeiro ano como veterana do curso de agronomia da Universidade Federal do Paraná, em 99. "Quando fui caloura, jogaram água de peixe podre em mim, vomitei, mas levei numa boa, uma vez que a faculdade permitia o trote. Quando fui veterana, rolou um trote normal. Jogamos água e farinha nos bichos. Só que eles ficaram superofendidos e entraram com um processo contra alguns colegas", conta. "A coisa ficou feia e o processo universitário virou criminal. Alguns veteranos estão respondendo por ele até hoje."
Carlos (nome fictício), 28, é daqueles veteranos que já viu de tudo na Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), famosa por ter sido palco de trotes violentos e de práticas como colocar os bichos para correr pelados pelo campus e como a "pascu", na qual o bicho é despido e tem pasta de dente colocada em seu ânus.
Estudante há seis anos, ele conta que os trotes acontecem dentro das repúblicas, mas que hoje são feitos somente com o consentimento dos bichos. "Quando entrei aqui, não tínhamos a quem recorrer. Só ficava na faculdade quem aguentava os trotes mesmo. Hoje em dia, só brincamos com quem quer brincar."
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