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06/04/2005
-
10h35
FAUSTO SALVADORI FILHO
do Agora
Elas não existem oficialmente, mas castigam a vida de alunos e professores. Feias e barulhentas, geladas no inverno e muito quentes no verão, as salas de lata continuam a existir nas escolas estaduais, contrariando promessa feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O governo prometeu substituir todas as salas de aula feitas de metal até julho do ano passado. Nove meses depois, elas continuam sendo usadas.
Em Taboão da Serra (Grande SP), as paredes de lata fazem parte da rotina dos alunos da escola Maria Catharina Comino. Construída em alvenaria, a escola abriga três salas de lata, que acomodam 315 dos 1.600 alunos da instituição.
Segundo uma funcionária, que não se identificou por medo de represálias, as salas de lata foram instaladas em 2000, para atender ao aumento de demanda na região. "Na época, disseram que seria uma instalação provisória, para ser substituída por salas de alvenaria em três ou quatro meses", afirmou.
Consciente de que as salas de metal representam um castigo para os estudantes, a direção da escola procura acomodar ali as classes com menos alunos. Atualmente, cada sala de lata é ocupada por 35 alunos em cada um dos três períodos (as sétimas séries pela manhã, as terceiras séries à tarde e as sextas séries no período noturno).
Desde a implantação das salas de metal, a escola procurou fazer um revezamento entre as séries condenadas a estudar dentro delas. Mas a medida não evitou que os alunos topassem com o "castigo" mais de uma vez, durante sua trajetória escolar.
"Estudei na sala de lata quando estava na primeira, na quinta série e agora, que estou na sétima", conta a estudante Luciana Marcelino, 13 anos. "É muito ruim. Eu escorregava e caía no chão quando chovia, porque a sala tinha goteiras e ficava alagada", relata a aluna.
A Secretaria da Educação garante que as salas de lata seguem um certo "padrão Nakamura", que garantiria isolamento térmico, mas a informação é desmentida por alunos e professores.
"A existência das salas de lata é um absurdo", afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual. "As escolas do padrão Nakamura possuem os mesmos problemas de qualquer escola de lata: são barulhentas e insuportáveis para se trabalhar no calor ou no frio", diz. "Se o governo priorizasse a educação, teria cumprido a promessa de substituir essas salas por outras mais adequadas, de alvenaria."
Resposta
A Secretaria de Estado da Educação afirma que salas de metal como a da escola Maria Catharina têm "bom isolamento térmico", com ventilação e iluminação "basicamente idênticas às das escolas de alvenaria".
Em nota, a secretaria afirma que as salas seguem o "padrão Nakamura", que possui "estrutura independente metálica com vedação de painéis de chapas de aço e madeira no meio".
A secretaria diz que as salas do padrão Nakamura não podem ser chamadas de escola de lata, como os contêineres modulados que eram utilizados como sala de aula e acabaram substituídos em julho de 2004. "As 'escolas de latinha' acabaram de vez", afirma.
A nota diz ainda que as salas Nakamura, construídas até 2000, possuem custos equivalentes aos de salas de alvenaria. A vantagem é que podem ser montadas e removidas mais rapidamente, o que é indicado porque "as escolas do padrão Nakamura geralmente estão em regiões carentes e muitas vezes invadidas ou áreas de mananciais, onde são proibidas as construções fixas".
"O Estado não considera de maneira nenhuma as Nakamuras como escolas de lata, elas apenas possuem uma estrutura metálica, que, inclusive, já é amplamente utilizada nos Estados Unidos e Europa", encerra a nota.
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Leia o que já foi publicado sobre as escolas de lata
Alckmin descumpre meta e mantém sala de lata
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Elas não existem oficialmente, mas castigam a vida de alunos e professores. Feias e barulhentas, geladas no inverno e muito quentes no verão, as salas de lata continuam a existir nas escolas estaduais, contrariando promessa feita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O governo prometeu substituir todas as salas de aula feitas de metal até julho do ano passado. Nove meses depois, elas continuam sendo usadas.
Em Taboão da Serra (Grande SP), as paredes de lata fazem parte da rotina dos alunos da escola Maria Catharina Comino. Construída em alvenaria, a escola abriga três salas de lata, que acomodam 315 dos 1.600 alunos da instituição.
Segundo uma funcionária, que não se identificou por medo de represálias, as salas de lata foram instaladas em 2000, para atender ao aumento de demanda na região. "Na época, disseram que seria uma instalação provisória, para ser substituída por salas de alvenaria em três ou quatro meses", afirmou.
Consciente de que as salas de metal representam um castigo para os estudantes, a direção da escola procura acomodar ali as classes com menos alunos. Atualmente, cada sala de lata é ocupada por 35 alunos em cada um dos três períodos (as sétimas séries pela manhã, as terceiras séries à tarde e as sextas séries no período noturno).
Desde a implantação das salas de metal, a escola procurou fazer um revezamento entre as séries condenadas a estudar dentro delas. Mas a medida não evitou que os alunos topassem com o "castigo" mais de uma vez, durante sua trajetória escolar.
"Estudei na sala de lata quando estava na primeira, na quinta série e agora, que estou na sétima", conta a estudante Luciana Marcelino, 13 anos. "É muito ruim. Eu escorregava e caía no chão quando chovia, porque a sala tinha goteiras e ficava alagada", relata a aluna.
A Secretaria da Educação garante que as salas de lata seguem um certo "padrão Nakamura", que garantiria isolamento térmico, mas a informação é desmentida por alunos e professores.
"A existência das salas de lata é um absurdo", afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual. "As escolas do padrão Nakamura possuem os mesmos problemas de qualquer escola de lata: são barulhentas e insuportáveis para se trabalhar no calor ou no frio", diz. "Se o governo priorizasse a educação, teria cumprido a promessa de substituir essas salas por outras mais adequadas, de alvenaria."
Resposta
A Secretaria de Estado da Educação afirma que salas de metal como a da escola Maria Catharina têm "bom isolamento térmico", com ventilação e iluminação "basicamente idênticas às das escolas de alvenaria".
Em nota, a secretaria afirma que as salas seguem o "padrão Nakamura", que possui "estrutura independente metálica com vedação de painéis de chapas de aço e madeira no meio".
A secretaria diz que as salas do padrão Nakamura não podem ser chamadas de escola de lata, como os contêineres modulados que eram utilizados como sala de aula e acabaram substituídos em julho de 2004. "As 'escolas de latinha' acabaram de vez", afirma.
A nota diz ainda que as salas Nakamura, construídas até 2000, possuem custos equivalentes aos de salas de alvenaria. A vantagem é que podem ser montadas e removidas mais rapidamente, o que é indicado porque "as escolas do padrão Nakamura geralmente estão em regiões carentes e muitas vezes invadidas ou áreas de mananciais, onde são proibidas as construções fixas".
"O Estado não considera de maneira nenhuma as Nakamuras como escolas de lata, elas apenas possuem uma estrutura metálica, que, inclusive, já é amplamente utilizada nos Estados Unidos e Europa", encerra a nota.
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