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12/12/2000 - 09h10

Resumão/história: O calvinismo

RENAN GARCIA MIRANDA
especial para a Folha de S.Paulo

Em 1533, o religioso francês João Calvino conheceu o luteranismo e converteu-se, o que significou problemas com seu Estado natal, que apoiava a Igreja Católica. A situação obrigou-o a exilar-se na cidade de Genebra, centro das discussões reformistas.

Bem recebido, Calvino estabeleceu na cidade uma sociedade na qual a Igreja regularia a vida política e social dos cidadãos. Ali fincaria pés a moralidade calvinista, impondo uma disciplina rigorosa quanto ao vestuário, aos costumes sexuais, ao comparecimento à igreja e aos negócios comerciais.

As atividades econômicas foram particularmente beneficiadas, liberadas do preceito religioso de pecado e tendo consentida a cobrança de juros, prática condenada pela Igreja Católica.

Os calvinistas tornaram-se cristãos militantes, atuantes em suas congregações e dispostos a eliminar o mal em si mesmos e nos outros, capazes de governar sua cidade com a mesma vontade de ferro que empregavam para controlar as paixões.

Como Lutero, Calvino ressaltava a submissão dos cristãos às autoridades políticas. Mas, se apenas a dedicação à lei de Deus poderia ser vista como sinal de salvação, então a obediência às leis humanas seria sempre condicionada por sua fé e moral cristãs.

Quanto à predestinação, Calvino, que discutira muito pouco o assunto, argumentava que, embora estivesse predestinado à salvação ou à danação, o homem jamais poderia conhecer antecipadamente sua sorte. A escolha de uns e a rejeição de outros era um sinal do mistério de Deus.

Enquanto o católico se salvaria pela virtude, pelo arrependimento e pela penitência, o protestante viveria sem saber se já estaria salvo ou condenado, buscando em cada momento vislumbrar indícios de que a graça divina recaíra sobre ele.

Após a morte de Calvino, seus seguidores foram, lentamente, tornando a predestinação algo crucial e estabelecendo parâmetros lógicos para um homem reconhecer os sinais de Deus.

O trabalho passou a ser visto como uma vocação divina, e o sucesso decorrente dele, um sinal da predestinação. Isso levou muitos teóricos a considerarem o calvinismo a religião do capitalismo, por não condenar o comércio, o empréstimo a juros e por valorizar o trabalho.

Vendo na riqueza sinais exteriores da graça divina, os protestantes estabeleceram uma violenta disciplina moral em que todas as energias seriam canalizadas para a acumulação de bens.

Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares

 

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