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26/03/2007
-
09h54
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Para tentar disciplinar a pesquisa para trabalhos e frear as agressões entre alunos em ambientes virtuais --o que pode acarretar até em processo criminal--, escolas particulares de São Paulo decidiram incluir nas suas atividades o ensino de ética no uso da internet.
O exemplo mais recente é o tradicional colégio Bandeirantes (zona sul). Neste ano, os professores passaram por uma capacitação específica sobre o tema, e os alunos receberão uma cartilha que mostrará, entre outras coisas, as implicações criminais que algumas ações na rede podem acarretar.
Uma das situações apontadas é o repasse de e-mail que espalhe um boato, ação que se encaixa no Código Penal como difamação --pena de três meses a um ano. Se o autor do crime for menor de idade, os pais são os responsabilizados.
"Tivemos casos de estudantes que publicaram em sites e blogs fotos de professores em posições desconfortáveis", conta a coordenadora de tecnologia na educação do colégio, Cristiana Mattos. "Decidimos fazer ações de prevenção para que isso não aumente."
A partir do ano que vem, os estudantes da 5ª série do ensino médio terão no currículo uma disciplina específica sobre ética na internet.
"O problema é que pais, alunos e professores não têm idéia do transtorno que pode causar uma simples comunidade no Orkut que ataque um colega de classe", disse a advogada Patrícia Peck, especialista em direito digital e autora da cartilha.
Outra escola que procurou auxílio jurídico foi o Humboldt, colégio bilíngüe na zona sul. "Descobrimos um grupo de alunos que criou uma comunidade contra professores e alunos", relata a diretora, Beate Althuon. Após o episódio, a escola consultou um advogado e decidiu promover palestras sobre o assunto.
"A internet potencializa as agressões verbais, porque o adolescente acha que está protegido, não precisa se identificar", afirma a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, professora da PUC-SP. "Como os pais estão cada vez menos juntos dos filhos, realmente as escolas precisam atuar para atenuar o problema."
Anorexia
No caso de Ana (nome fictício), 16, a ação da escola ajudou em sua recuperação. Ela sofreu uma depressão por se achar gorda. "Nas férias, ficava o dia todo na internet, não saía de casa. Era uma fuga da realidade." Quando as aulas retornaram, ela não fazia as lições nem estudava; só tinha ânimo para ficar no computador, o que fazia por dez horas ao dia.
Ana não queria nem mais se alimentar. Por isso, teve um princípio de anorexia e chegou a ser internada, com fraqueza. "Como trabalho o dia todo, tentava monitorar pelo telefone o tempo que ela usava a internet, mas era difícil", conta a mãe, que é psicóloga e tem 53 anos.
A internação fez com que a estudante passasse a ser tratada por um psicólogo. Mas o que impulsionou sua recuperação foi uma palestra na sua escola, o Santa Maria (zona sul), cujo tema era "Perigos e Ameaças Online". "Vi que o meu problema era até comum. Não era só uma frescura de adolescente."
Pesquisa
No colégio Augusto Laranja (zona sul), o foco é como pesquisar corretamente. O trabalho começa já para as crianças da 2ª série, que estão na casa dos oito anos. Elas ganham uma cartilha logo no começo do ano e trabalham com professores nos laboratórios.
"Desde cedo, queremos mostrar que pesquisar na internet não é só copiar e colar", disse a diretora operacional e de informática, Jania do Valle. "Tem de verificar a fonte e qual o autor. E essa informação precisa ser apenas uma parte da pesquisa, o texto final deve ser do aluno."
No Dante Alighieri (zona oeste), as discussões são amplas, vão desde a pesquisa para trabalhos até as ofensas de alunos pela rede. "Mostramos que a internet é uma falsa proteção", disse a coordenadora do departamento de tecnologia educacional, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira.
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Escolas particulares de SP ensinam ética no uso da internet
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da Folha de S.Paulo
Para tentar disciplinar a pesquisa para trabalhos e frear as agressões entre alunos em ambientes virtuais --o que pode acarretar até em processo criminal--, escolas particulares de São Paulo decidiram incluir nas suas atividades o ensino de ética no uso da internet.
O exemplo mais recente é o tradicional colégio Bandeirantes (zona sul). Neste ano, os professores passaram por uma capacitação específica sobre o tema, e os alunos receberão uma cartilha que mostrará, entre outras coisas, as implicações criminais que algumas ações na rede podem acarretar.
Uma das situações apontadas é o repasse de e-mail que espalhe um boato, ação que se encaixa no Código Penal como difamação --pena de três meses a um ano. Se o autor do crime for menor de idade, os pais são os responsabilizados.
"Tivemos casos de estudantes que publicaram em sites e blogs fotos de professores em posições desconfortáveis", conta a coordenadora de tecnologia na educação do colégio, Cristiana Mattos. "Decidimos fazer ações de prevenção para que isso não aumente."
A partir do ano que vem, os estudantes da 5ª série do ensino médio terão no currículo uma disciplina específica sobre ética na internet.
"O problema é que pais, alunos e professores não têm idéia do transtorno que pode causar uma simples comunidade no Orkut que ataque um colega de classe", disse a advogada Patrícia Peck, especialista em direito digital e autora da cartilha.
Outra escola que procurou auxílio jurídico foi o Humboldt, colégio bilíngüe na zona sul. "Descobrimos um grupo de alunos que criou uma comunidade contra professores e alunos", relata a diretora, Beate Althuon. Após o episódio, a escola consultou um advogado e decidiu promover palestras sobre o assunto.
"A internet potencializa as agressões verbais, porque o adolescente acha que está protegido, não precisa se identificar", afirma a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, professora da PUC-SP. "Como os pais estão cada vez menos juntos dos filhos, realmente as escolas precisam atuar para atenuar o problema."
Anorexia
No caso de Ana (nome fictício), 16, a ação da escola ajudou em sua recuperação. Ela sofreu uma depressão por se achar gorda. "Nas férias, ficava o dia todo na internet, não saía de casa. Era uma fuga da realidade." Quando as aulas retornaram, ela não fazia as lições nem estudava; só tinha ânimo para ficar no computador, o que fazia por dez horas ao dia.
Ana não queria nem mais se alimentar. Por isso, teve um princípio de anorexia e chegou a ser internada, com fraqueza. "Como trabalho o dia todo, tentava monitorar pelo telefone o tempo que ela usava a internet, mas era difícil", conta a mãe, que é psicóloga e tem 53 anos.
A internação fez com que a estudante passasse a ser tratada por um psicólogo. Mas o que impulsionou sua recuperação foi uma palestra na sua escola, o Santa Maria (zona sul), cujo tema era "Perigos e Ameaças Online". "Vi que o meu problema era até comum. Não era só uma frescura de adolescente."
Pesquisa
No colégio Augusto Laranja (zona sul), o foco é como pesquisar corretamente. O trabalho começa já para as crianças da 2ª série, que estão na casa dos oito anos. Elas ganham uma cartilha logo no começo do ano e trabalham com professores nos laboratórios.
"Desde cedo, queremos mostrar que pesquisar na internet não é só copiar e colar", disse a diretora operacional e de informática, Jania do Valle. "Tem de verificar a fonte e qual o autor. E essa informação precisa ser apenas uma parte da pesquisa, o texto final deve ser do aluno."
No Dante Alighieri (zona oeste), as discussões são amplas, vão desde a pesquisa para trabalhos até as ofensas de alunos pela rede. "Mostramos que a internet é uma falsa proteção", disse a coordenadora do departamento de tecnologia educacional, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira.
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