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02/01/2001
-
08h15
especial para a Folha
Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série, multiplicação ou divisão. Daí a sua classificação, respectivamente, em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
Para indicar a sucessão de reis, papas e séculos, o algarismo posposto ao nome será lido até dez como ordinal (papa Pio décimo), mas como cardinal de 11 em diante (papa Pio onze). Se anteposto ao nome, será lido sempre como ordinal (Vigésima Mostra de ...).
O cardinal é o numeral usado para nomear os algarismos e para designar as quantidades. Pode assumir valor hiperbólico se tomado em sentido impreciso: "Já lhe disse isso mil vezes!".
Há casos em que pode adquirir curiosas conotações. "Quarentão", graças ao sufixo de aumentativo, além de designar um homem de quarenta anos, empresta-lhe uma pitada de sentido pejorativo ou irônico.
A leitura dos ordinais não oferece dificuldade até que se chegue aos números com três, quatro ou mais algarismos. Como ler o ordinal 887º, por exemplo? Octingentésimo octogésimo sétimo.
Se, entretanto, o número em questão ultrapassar 2.000, o primeiro algarismo será lido como cardinal. Dois milésimo trecentésimo quadragésimo quinto é a leitura correta de 2.345º, conforme a tradição do idioma. Quando o número é redondo, costumamos empregar somente o ordinal (2.000º lê-se como "segundo milésimo").
Os numerais deram origem a diversas palavras da língua. "Quarto", que, a princípio, nomeava a quarta parte de uma casa, passou a designar a alcova. Rezar o "terço" é rezar a terça parte do rosário. O "quinto" é denominação de imposto que o erário português cobrava no período colonial. Do ordinal "oitavo", surgiu o nome Otávio, que, entre os romanos, indicava o oitavo filho.
A forma "sesta", hora de repouso, provém da "sexta" hora canônica, da liturgia católica. Os dias da semana, que carregam ordinais, também sofreram influência da Igreja Católica ("feira" vem do latim "feria", que é o descanso em honra de um santo, daí haver feriados religiosos).
"Dízimo", variante de "decimu"(latim), é o nome da contribuição que se pagava à igreja e que correspondia à décima parte dos frutos recolhidos.
Alguns multiplicativos podem apresentar variantes. Ao lado de duplo ou triplo, figuram dúplice ou tríplice. As primeiras formam-se dos cardinais acrescidos de "plo", do latim "plus" (=mais); as últimas são oriundas do verbo latino "plicare" (=dobrar), daí a palavra "simples" (etimologicamente, "sem dobra") ser o numeral multiplicativo de um.
Que neste milênio possamos conquistar um mundo melhor.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
Resumão/português: Emprego e história dos numerais
THAÍS NICOLETI DE CAMARGOespecial para a Folha
Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série, multiplicação ou divisão. Daí a sua classificação, respectivamente, em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
Para indicar a sucessão de reis, papas e séculos, o algarismo posposto ao nome será lido até dez como ordinal (papa Pio décimo), mas como cardinal de 11 em diante (papa Pio onze). Se anteposto ao nome, será lido sempre como ordinal (Vigésima Mostra de ...).
O cardinal é o numeral usado para nomear os algarismos e para designar as quantidades. Pode assumir valor hiperbólico se tomado em sentido impreciso: "Já lhe disse isso mil vezes!".
Há casos em que pode adquirir curiosas conotações. "Quarentão", graças ao sufixo de aumentativo, além de designar um homem de quarenta anos, empresta-lhe uma pitada de sentido pejorativo ou irônico.
A leitura dos ordinais não oferece dificuldade até que se chegue aos números com três, quatro ou mais algarismos. Como ler o ordinal 887º, por exemplo? Octingentésimo octogésimo sétimo.
Se, entretanto, o número em questão ultrapassar 2.000, o primeiro algarismo será lido como cardinal. Dois milésimo trecentésimo quadragésimo quinto é a leitura correta de 2.345º, conforme a tradição do idioma. Quando o número é redondo, costumamos empregar somente o ordinal (2.000º lê-se como "segundo milésimo").
Os numerais deram origem a diversas palavras da língua. "Quarto", que, a princípio, nomeava a quarta parte de uma casa, passou a designar a alcova. Rezar o "terço" é rezar a terça parte do rosário. O "quinto" é denominação de imposto que o erário português cobrava no período colonial. Do ordinal "oitavo", surgiu o nome Otávio, que, entre os romanos, indicava o oitavo filho.
A forma "sesta", hora de repouso, provém da "sexta" hora canônica, da liturgia católica. Os dias da semana, que carregam ordinais, também sofreram influência da Igreja Católica ("feira" vem do latim "feria", que é o descanso em honra de um santo, daí haver feriados religiosos).
"Dízimo", variante de "decimu"(latim), é o nome da contribuição que se pagava à igreja e que correspondia à décima parte dos frutos recolhidos.
Alguns multiplicativos podem apresentar variantes. Ao lado de duplo ou triplo, figuram dúplice ou tríplice. As primeiras formam-se dos cardinais acrescidos de "plo", do latim "plus" (=mais); as últimas são oriundas do verbo latino "plicare" (=dobrar), daí a palavra "simples" (etimologicamente, "sem dobra") ser o numeral multiplicativo de um.
Que neste milênio possamos conquistar um mundo melhor.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha e apresentadora das aulas de gramática do programa "Vestibulando", da TV Cultura
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