Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/10/2001 - 02h39

Reitor da UFC pede lista com os salários de funcionários

da Agência Folha

O reitor da UFC (Universidade Federal do Ceará), Roberto Cláudio Frota Bezerra, pediu ontem a lista dos salários de todos os funcionários da universidade. Ele quer mostrar que não há "marajá" na instituição.

O levantamento foi pedido após a revista "Veja" publicar nota dizendo que oito professores da UFC recebiam mais de R$ 22 mil. Eles estariam entre os dez mais bem pagos do país.

Os supostos supersalários, segundo a reitoria, foram concedidos pela Justiça. Os beneficiados conseguiram incorporar gratificações e perdas salariais de planos econômicos, como o Plano Collor, que trouxe abono de 84% aos salários.

A maioria dos que têm altos salários é de aposentados que tiveram cargo de direção na UFC, como Pedro Sisnando, atual secretário de Desenvolvimento Rural do Ceará. Ele nega que receba mais de R$ 20 mil e quer que a UFC divulgue o real valor de sua aposentadoria.

Contrastes

Segundo o coordenador de Comunicação Social da universidade, Ítalo Gurgel, os beneficiados não receberiam mais que R$ 12 mil, porque há descontos e impostos. A lista com os salários da UFC deve ser divulgada até amanhã pelo reitor.

Ao mesmo tempo que a universidade mantém altos salários, 284 professores, os substitutos, recebem R$ 660 por mês.

Esses professores são contratados temporariamente por dois anos e não têm vínculos empregatícios. "Pago para trabalhar", afirmou Tânia Furtado, professora substituta do curso de jornalismo da UFC.

Ela disse que tira dinheiro do bolso para comprar fitas de vídeo para os alunos. Os cursos e livros que ela adquire são pagos com dinheiro dos pais.

Tânia diz que ainda está na universidade porque sente satisfação ao ver seus alunos no mercado de trabalho. "No ano que vem eu saio. Já recebi uma boa proposta de trabalho. Não se vive apenas do idealismo."

Os professores efetivos também passam por dificuldades financeiras. Betânia Montenegro, professora de artes dramáticas, recebe R$ 1.600, o que dá somente para pagar aluguel e sustentar a filha.

"Não posso pagar cursos, fazer especialização, comprar livros, nada. Sinto que estou ficando defasada, mas não posso fazer nada", disse.

Sem o salário do mês de setembro _ que não foi pago pelo governo federal por causa da greve dos professores_, Betânia recorreu a um empréstimo de R$ 400 junto à Adufc (Associação dos Docentes da UFC). Os professores associados podem fazer o empréstimo, que será quitado assim que receberem o salário atrasado.

"Vou comprar comida com esse dinheiro. Se não fossem os parentes, não sei como estaria vivendo", afirmou.

Leia também:

  • MEC se baseia em docentes bem-remunerados para não dar aumento

  • Congresso faz proposta para encerrar greve


  • Leia mais notícias da greve no ensino
     

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página