Melodia e harmonia
ditam ritmo do corpo
JORGE BLAT
Da Folha Online
"Eastern
Michigan University"
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Estudantes
em sessão de musicoterapia |
A
musicoterapia é um tratamento alternativo que surgiu em 1944,
nos EUA, embora
evidências em papiros médicos egípcios datados
de 1500 a.C., encontrados pelo antropólogo francês
Vlande Petkie no século 19, mencionassem os efeitos benéficos
que a música pudesse provocar na fertilização
da mulher.
A técnica estuda as reações do indivíduo
diante de estímulos sonoro-musicais e tem por objetivo facilitar
a comunicação e estimular a relação,
motivação e o aprendizagem de pessoas ou portadores
de deficiências.
A terapia tem sido bastante utilizada em deficientes físicos
e mentais, pessoas com transtornos neurológicos (Mal de Parkinson,
de Alzheimer, Síndrome de Down), distúrbios da linguagem
(dificuldades na fala), surdez e cegueira.
Mas sua aplicação não pára por aí.
Segundo especialistas, em mulheres gestantes, por exemplo, os sons
estimulam o bebê a ser mais criativo e comunicativo após
o nascimento. Nas escolas, a musicoterapia ajuda no aprendizado
da criança e, em idosos, auxilia no desenvolvimento da valorização
individual. Mas há uma contra-indicação para
indivíduos com epilepsia musicogênica, ou seja, determinados
ruídos ou músicas podem provocar ataques epiléticos.
Nos
EUA, estudo da Universidade da Califórnia com vítimas
crônicas de enxaqueca demonstraram que pacientes reagiram
melhor aos medicamentos tradicionais quando submetidos à
musicoterapia. Melhor, inclusive, do que sessões de relaxamento.
Do ponto de vista psicológico, a musicoterapia favorece o
desenvolvimento emocional e afetivo. O ritmo ameniza a ansiedade
do cotidiano, o estresse, a insônia e estimula a criatividade.
Fisicamente, a técnica ativa o tato e o ouvido, a circulação
sanguínea, a respiração e os reflexos.
Metodologia
A técnica consiste em saber usar a linguagem sonora, verbal
e corporal em benefício próprio. O musicoterapeuta
lança mão de audições musicais, atividades
ritmicas e a percepção de sons corporais, instrumentais
e vocais e a improvisação (inclusive dramática).
Antes do início do tratamento, o musicoterapeuta entrevista
o paciente e faz um histórico pessoal. A partir dessas informações,
elabora-se a história sonoro-musical e alguns testes são
feitos para avaliar a audição, e de que forma a pessoa
percebe o som.
Nem
sempre a sessão começa com relaxamento, cada caso
requer um direcionamento específico do processo terapêutico.
Para alguns indivíduos que sofrem de estresse, ansiedade
e depressão é indicado o relaxamento prévio.
Quando a terapia é em grupo, o musicoterapeuta pode sugerir
o aquecimento.
Na musicoterapia definida como receptiva, sons da natureza e a música
"new age" geralmente auxiliam a tranquilizar o paciente.
Em alguns indivíduos, por exemplo, tal gênero musical
tem efeito contrário, isto é, causa irritação.
Por isso a
sonoridade relacionada com a vida "musical" do paciente
é levada em conta.
O musicoterapeuta deve escolher corretamente a música: alguns
temas de filmes, por exemplo, são relaxantes, mas podem trazer
uma emoção indesejada no paciente naquele momento
da terapia.
Violão,
piano, teclados, sintetizadores e instrumentos de percussão,
como pandeiros, bongôs, reco-recos, entram em cena no modo
definido como ativo da terapia.
Em alguns casos, por exemplo, usam-se outras terapias integradas,
como a arteterapia, cantoterapia, dançaterapia e a psicologia
durante o processo.
Outra
modalidade, a projetiva, trabalha com a audição de
músicas e de sons, na qual o indivíduo expressará
o que ouve por meio do desenho, da escrita ou da modelagem.
O psicodrama é outra das ferramentas: voz, corpo e instrumentos
integrados ajudam a potencializar a criatividade do paciente.
Os
musicoterapeutas afirmam que as sessões são sempre
direcionada de acordo com o objetivo e o tipo de problema desenvolvido
pelo indivíduo.
Em
casos de depressão, estresse e ansiedade os benefícios
podem ser sentidos após quatro meses de tratamento.
Fontes:
Maristela Pires da Cruz Smith, presidente da Associação
de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São
Paulo, e Conceição Rossi, musicoterapeuta e terapeuta
holística da Endocrino-Clínica de São Paulo.
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