"Nova era": misto de fé,
esperança e conformismo
ADRIANA
RESENDE
da Folha Online
O gênero
"new age", ou música da nova era, pode auxiliar
otratamento de doentes. A "new age music" é uma
evolução da música ambiente, desenvolvida nos
anos 60 e 70, misturada a elementos sonoros de países de
língua não-inglesa _rotulados como "world music".
Inicialmente, o gênero era dominado por discos de sons emitidos
por baleias, barulho de cachoeira e vento entre as folhas, mas instrumentistas
talentosos aderiram, como o harpista Andreas Vollenweider e o guitarrista
Michael Hedges.
O instrumentista japonês Kitaro e a cantora irlandesa Enya,
que já vendeu mais de 20 milhões de álbuns,
são hoje dois dos nomes mais conhecidos gênero. A indústria
fonográfica intensificou a divulgação desse
estilo, em 1986, com a criação de uma categoria própria
no Grammy, o Oscar da música.
A música "new age" preconiza a busca da paz interior
e consegue oferecê-la, quando é calma e os instrumentos
são tocados de maneira suave. É o caso, por exemplo,
da música "Don't U", quinta faixa do CD "Era
2" (Universal).
Outra opção são as canções que
têm letra encorajadora, como as faixas "Eternal"
e "Fairyland", respectivamente a quinta e a sexta do CD
"Time Passengers", que faz parte do projeto Freud, de
Ingo Hauss. Essas músicas falam de esperança e fé,
sentimentos que um paciente precisa ter, pois são o primeiro
passo para a cura.
Mas nem tudo nesse estilo é perfeito. As músicas,
às vezes, dão a impressão de serem as mesmas,
pois as vozes de coral repetem as mesmas palavras, e os acordes
iniciais são muito parecidos. O verso "In aeon",
uma espécie de aclamação a Deus em busca da
paz, é parte de várias faixas, não apenas do
CD de Ingo Hauss, como também do "Era 2".
Será que quem está se curando por meio da musicoterapia
procura apenas repetir sons, como uma "lavagem cerebral",
e não precisa de outros ritmos? Talvez por isso o CD "Era
2" apresente batidas diferentes, num tom mais "pop dançante",
como a quarta faixa, "Sentence", e a sexta, "Infanati".
A mesma "Sentence" comete um deslize na letra, típico
desse estilo nova era: joga tudo nas mãos de Deus. Se prestarmos
atenção, "I'll Save You From Yourself",
quer provar que você está endemoniado e só Deus
é sua salvação. Seria louvável, se não
fosse extremamente fanático. Deus também quer que
façamos a nossa parte.
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