"Você se sente impotente"
da
Folha Online
A
jornalista Maria José O'Neill, 44, poderia ser classificada perfeitamente
no imaginário do jornalismo romântico: repórter "fuçadora", sempre
em busca de um furo, estressada, dinâmica e pouco preocupada com a
própria saúde quando o que está em jogo é a notícia. No fundo, esse
também é o quadro ideal para a instalação das LER/Dort.
Em 1994, Maria José começou a sentir sintomas como dor, dormência
e perda de força nas mãos (principalmente a direita). O caso foi diagnosticado
como um problema psicossomático, ligado à troca de chefia na empresa
na qual a jornalista trabalhava. "Como era eletricazinha, eu não parei.
Comecei a tomar analgésicos e anti-inflamatórios e continuei no meu
ritmo", conta.
Os remédios provocaram uma complicação gástrica e, durante o tratamento
desse problema, sem a ação dos analgésicos, Maria José começou a notar
que as dores nas mãos haviam aumentado muito. "Fui procurar um outro
médico e ele disse que eu estava com LER, mas eu não fazia a menor
idéia do que isso significava", diz.
No caso da jornalista, ter forçado demais as articulações e tendões,
e ter "mascarado" o problema com os remédios, significou a perda do
controle das mãos. "Eu não consigo digitar direito. Devido à dor,
meu cérebro, de alguma forma, se desconectou dos meus pulsos. Se eu
tentar escrever algo no teclado, as palavras saem com as letras completamente
fora de ordem", explica. Hoje, para trabalhar, Maria José utiliza
um software de voz em seu computador (ela literalmente dita o texto
para a máquina).
A doença também provocou mudanças na casa da jornalista, como a troca
de pratos e copos de louça e vidro por similares feitos de materiais
inquebráveis. "Às vezes eu perco a força nas mãos, repentinamente.
Até para comer é complicado. Na hora de cortar um bife, por exemplo,
eu tenho de esperar a força voltar ou pedir para quem está perto fazê-lo",
conta.
Programa de prevenção
Motivada pela falta de visibilidade da LER e pelo preconceito sofrido
por seus portadores (a jornalista conta que chegou a ouvir de um médico:
"Esquece, você não é mais jornalista. Você não tem mais braço"), Maria
José criou a ONG Instituto
Nacional de Prevenção às LER/Dort, da qual é presidente, e publicou
os livros "Quando a Direita Vacilou" e "LER/DORT - O Desafio de Vencer"
(clique aqui
para baixar o livro em versão zipada).
"A LER é uma doença invisível, e as pessoas não entendem o que você
está sentindo. De repente, eu vi meu padrão de vida ir embora e me
senti impotente. O trabalho da associação pretende informar as pessoas
e ajudar os portadores a entenderem melhor o que acontece com eles",
afirma Maria José. (RD)
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