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09/05/2002 - 03h30

Ashtanga é tipo de ioga frenética que rende benefícios

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da Folha de S.Paulo

Eles suam copiosamente dentro de uma sala, muitas vezes completamente fechada. Também gritam, suspiram, às vezes choram e, sem constrangimento, arrotam e liberam gases.

Movimentam o corpo todo sem tempo para descanso. Sentam no chão, deitam, saltam, alongam, contraem os músculos e contorcem dorso e membros. Tudo é muito frenético, intenso e ágil. É assim que se comportam os praticantes da ashtanga vyniasa, estilo de ioga que se popularizou nos EUA depois que Madonna e Sting declararam-se seus fãs. E, por aqui, ganha cada vez mais adeptos.

Seus principais benefícios, segundo praticantes e professores, são flexibilidade, tonicidade, força muscular, equilíbrio, consciência corporal e ainda —por mais incoerente que possa parecer— tranquilidade e serenidade mental.

"Só depois de praticar a ashtanga descobri verdadeiramente meu corpo, seus limites e suas possibilidades. Antes, a minha postura correta era a que o espelho me dava. Hoje, é a que minha consciência me mostra", comenta a professora de balé clássico Gláucia Bittar, 32, aluna de ashtanga há um ano e meio.

Como ela, a atriz Adriana Patias, 26, que nunca havia feito ioga antes por "preconceito com o misticismo" que envolve a prática, diz ter quebrado diversas barreiras impostas pelo seu corpo, que melhorou a postura e o modo de andar.

Ashtanga, em sânscrito, significa oito partes, em referência aos oito princípios da ioga. Vyniasa significa sincronia. "O que a ashtanga vyniasa faz é unir em uma única prática, principalmente por meio da atividade física, esses oito princípios, que, na ioga tradicional, são realizados separadamente", explica Cristóvão de Oliveira, 37, terapeuta corporal que aprendeu a ashtanga na Índia e dá aulas da técnica em São Paulo.

As posturas realizadas pelo iogue promovem o exercício e a percepção corporais. Cada uma delas age sobre partes específicas do corpo, como quadril, pescoço ou braços.

O grande diferencial da ashtanga é que algumas posturas são realizadas sem intervalo, uma seguida da outra, num ritmo marcado por inspirações e expirações profundas, realizadas somente pelo nariz, o que faz os praticantes suarem em bicas durante as aulas. Vide a modelo Fernanda Lima na página ao lado, que pratica a técnica há quase um ano.

"Essa sequência de movimentos é o que chamamos de vyniasa, que vai justamente fazer o 'link' entre uma asana (postura) principal e outra", explica Oliveira. A professora Gisele Jacob, que dá aulas de ashtanga na academia Reebok, não indica a técnica para quem não tem conhecimento anterior da ioga tradicional, "porque a pessoa pode ter dificuldade de aprender os movimentos".

"Comecei com algumas aulas de hata ioga porque os movimentos não são contínuos e você pode percebê-los mais", diz o auxiliar administrativo João Carlos Rodrigues, 22, aluno de ashtanga há um mês. Ele confirma que não é fácil, no início, entrar no ritmo da prática. "Mas o trabalho corporal realizado na ashtanga é muito mais intenso do que na ioga tradicional, por isso decidi ficar."

Foi esse caráter energético da ashtanga que fez o administrador de empresas e ex-maratonista Aldo Lareano, 49, abandonar aos poucos as maratonas. "Com a ashtanga, eu consigo o mesmo condicionamento que obtinha com a corrida, com a vantagem de perceber mais meu corpo e poder meditar enquanto faço exercício", diz.

O praticante dá um tempo na movimentação por alguns poucos minutos (o tempo de realizar cinco respirações) quando faz as asanas principais. É nesse momento que a respiração adquire sua maior importância. "Durante toda a prática, a respiração atua no sentido de trazer consciência ao praticante. Nas asanas principais, ela auxilia o iogue a manter o 'encaixe' da postura, ou seja, a permanecer corretamente na posição e, assim, obter melhores resultados sobre o corpo", explica Regina Nuyken, 32, pianista que se "converteu" à ashtanga quando morou na Alemanha e pratica a atividade, como professora do Surya Espaço de Yoga, há aproximadamente seis anos.

Outro princípio da técnica: o praticante deve realizar as chamadas "uddhyana bandas". Significa manter a musculatura do abdômen e do períneo enrijecida, a fim de conferir simetria aos movimentos (manter um braço tão alongado quanto o outro, por exemplo). "Com o baixo abdômen contraído, o praticante expande o ar pela costela, aumentando o tórax. Já a contração do períneo dá mais firmeza e estabilidade aos exercícios", explica Nuyken. Os professores garantem: "A ashtanga é uma prática ideal para o homem que vive na correria da modernidade".
 

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