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29/09/2002 - 09h20

Corte errado provoca unha encravada

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Ela não chega a matar, dificilmente traz complicações de saúde mais sérias, mas quem convive com ela garante que a dor, às vezes, é quase insuportável. Trata-se da unha encravada, ou onicocriptose, uma queixa de sete em cada dez pessoas que procuram um podólogo.

"Já cheguei a chorar compulsivamente no meio de uma festa por causa de um pisão no pé", afirma a estudante Eliana Alves, 22, que tem unha encravada há dez anos.

O publicitário Heitor José Castanho, 37, que sofre do mesmo problema, diz que já teve vontade de "esmurrar" um amigo durante um jogo de futebol. "Foi uma dor fulminante. Na hora, fiquei meio tonto, depois começou a latejar. Tive que abandonar o jogo."

A unha encrava quando uma de suas pontas entra na pele ao seu redor, causando dor e inflamação. As causas podem ser o uso de sapatos apertados nas pontas, o corte errado da unha, micoses maltratadas, traumas provocados por sapatos e problemas anatômicos dos pés.

Segundo os especialistas, as unhas devem estar sempre compridas o bastante para garantir a proteção das extremidades do hálux (o "dedão" dos pés). O corte deve ser quadrado, e a cutícula, apenas empurrada. Não sendo cortadas, o seu crescimento, com o tempo, tenderá a estacionar.

Médicos dizem que os cuidados para evitar que a unha encrave devem começar logo depois do nascimento. Macacões com pés fechados podem ocasionar o problema nos recém-nascidos se não forem bem folgados.

Na infância, os pais também devem evitar que os filhos usem sapatos ou tênis apertados. Embora não seja frequente, muitas crianças podem ter problemas de unha encravada devido à prática de esportes ou a micoses.

Entre as adolescentes, segundo a dermatologista Ligia Kogos, está aumentando a incidência de unha encravada em razão do uso de sapatos de bico fino. A maioria dos especialistas desaconselha o uso desse tipo de sapato por causa do trauma causado.

As unhas dos "dedões" quase sempre encravam nos cantos. Em situações de trauma (um pisão do pé, por exemplo) ou de ferimento na cutícula, por exemplo, a pele ao redor da unha pode ficar inflamada, podendo haver a formação de pus e de um granuloma piogênico (carne esponjosa).

Nesses casos, de acordo com a dermatologista Denise Steiner, conselheira da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é necessário cauterizar o local com substâncias químicas, eletrocoagulação ou laser. O uso de antibióticos é indicado para combater a infecção.

"É importante que a pessoa não mexa na unha. Ficar cutucando o local só piora", afirma Denise.
Quando a inflamação é muito forte ou reincidente, o que ocorre em cerca de 20% dos casos, indica-se uma cirurgia para estreitar a unha, chamada matrisectomia.

Segundo Ligia Kogos, o procedimento consiste em retirar um pedacinho da matriz da unha, que fica embaixo da cutícula, para que ela cresça mais estreita.

A cirurgia é feita com anestesia local, aplicada na parte anterior do dedo, que abrange uma área maior que o local da incisão. "A pessoa não sente nenhuma dor."

Micose
A micose das unhas tem sido relatada como importante desencadeador da unha encravada. Segundo a dermatologista Denise, o problema acontece porque a micose provoca uma alteração anatômica da unha, ou seja, esta fica mais grossa e com mais propensão a ferir a pele ao seu redor.

Além disso, em pacientes imunodeprimidos ou diabéticos, a micose associada a uma unha encravada pode levar a uma erisipela, doença infecciosa contagiosa que atinge a pele. "Se tiver micose, tem que tratar", afirma Denise.

Embora a maioria dos podólogos e dermatologistas afirme que o corte mais adequado das unhas é o em linha reta, a dermatologista Ligia Kogos diz que isso depende da anatomia do pé e do tipo de calçado que a pessoa está habituada a usar.

"Eu, por exemplo, uso sapato alto de bico fino até na Disneylândia", diz. Nesses casos, segundo Ligia, é preciso cortar um pouco dos cantos das unhas.

 

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