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10/10/2002 - 07h38

Novo conceito prega a casa democrática

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ANTONIO ARRUDA
da Folha de S.Paulo

Quem costuma escorregar na lavanderia ou levantar no meio da noite tateando a parede em busca do interruptor, quem vive se enroscando na porta quando chega em casa carregado de sacolas ou volta e meia ouve o filho reclamar que não consegue se ver no espelho do banheiro vai encontrar no design universal um grande aliado.

Conceito arquitetônico surgido nos Estados Unidos na década de 90 e que ganha espaço -ainda que de forma tímida- no Brasil, o design universal é democrático e altruísta: prega que todas as pessoas, de crianças a idosos, passando por quem possui alguma limitação física (permanente ou temporária), tenham condições iguais e de qualidade ao usar uma casa.

Para tanto, as palavras de ordem do design universal são praticidade, segurança e conforto.

No Canadá, o conceito também leva o nome de "health house" (casa saudável) e "flex house" (casa flexível). Na Inglaterra, foi o termo "lifetime home" (casa para toda a vida) que caiu nas graças de arquitetos e empresas de construção.

"As habitações devem atender aos diferentes perfis de morador; além disso, a pessoa que constrói uma casa deve pensar que vai receber familiares e amigos e que todos vão querer se sentir à vontade.

É uma questão de pensar em bem-estar e em qualidade de vida", diz Sheila Walbe Ornstein, vice-diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

"O desenho universal liberta as pessoas de tarefas estressantes, às vezes perigosas e muitas vezes excludentes", diz o arquiteto Marcelo Pinto Guimarães.

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Guimarães está fazendo doutorado em design universal na Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), que, ao lado da de Buffalo, em NY, possui um dos maiores centros de estudo e pesquisa do assunto no mundo.

Como excludente, Guimarães refere-se não apenas aos portadores de deficiência, mas a todas as pessoas em determinadas situações do dia-a-dia.

"Todos nós somos portadores de deficiência ao lidarmos com situações e espaços que não se ajustam às nossas habilidades, mesmo que circunstanciais, como carregar uma criança no colo ao subirmos num ônibus ou carregar sacolas escada acima depois de chegar do supermercado com o carro lotado", diz Guimarães.

O design universal se aplica à construção da casa (confira quadro na pág. 8) e também a objetos do cotidiano.

Ele está presente no mobiliário adaptável a pessoas de tamanhos e pesos diferentes, nos equipamentos que eliminam esforços manuais intensos, minimizando acidentes, como ferros de passar que desligam automaticamente, e está nas telecomunicações, em que teclas "closed-caption" ajudam portadores de deficiência auditiva e estrangeiros a acompanhar a TV lendo as falas, diz Guimarães.

O arquiteto Sig Bergamin destaca a busca desse conceito por "pessoas mais conscientes e realistas, que querem se prevenir utilizando os parâmetros do design universal".

Para a arquiteta Sandra Perito, uma das mais fervorosas partidárias do conceito, "quem não tem receio de pensar antecipadamente na velhice pode garantir hoje um futuro mais confortável e prático".
 

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