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31/10/2003 - 16h28

Argentina é o 2º país em número de casos de anorexia e bulimia

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da France Presse, em Buenos Aires

A obsessão pela beleza tem provocado estragos entre as adolescentes da Argentina. Há alguns anos o país é o segundo no ranking mundial --ficando apenas atrás do Japão-- com os maiores índices de bulimia e anorexia, duas doenças geradas por graves distúrbios alimentares, que afetam principalmente as mulheres e cada vez mais as mais jovens. Os dados são apontados no relatório oficial da Rihta (Rede Inter-Hospitalar de Transtornos da Alimentação), de Buenos Aires.

De acordo com o mesmo relatório, o índice de bulimia e anorexia na Argentina é três vezes maior do que nos Estados Unidos. "Depois do Japão, a Argentina tem a maior incidência mundial de anorexia e bulimia, doenças alimentares que afetam cerca de 7 milhões de mulheres e 1 milhão de homens em todo o mundo", informa o documento.

Esses tipos de doenças, segundo a Rihta, aparecem particularmente durante a adolescência, entre os 14 e 20 anos, uma etapa em que o corpo se desenvolve e muda rapidamente, com a auto-imagem corporal evoluindo de uma forma mais lenta do que o crescimento biológico. "Uma em cada dez adolescentes argentinas sofre de alguma disfunção alimentar", diz o relatório.

Além disso, o fantasma da obesidade ou simplesmente o aumento normal do tecido gorduroso na puberdade e o terror de ser chamada de "gordinha" afetam cada vez mais as mulheres mais jovens, mesmo antes da primeira menstruação.

Apesar da falta de estatísticas oficiais, os profissionais reconhecem que nos consultórios privados e nos serviços de nutrição dos hospitais, aumentou significativamente o número de consultas de pré-adolescentes de 11 e 12 anos.

"Sempre houve dois picos, aos 14 anos e aos 18, mas agora meninas de 11, 12 e 13 anos se consultam preocupadas com a imagem, o peso, a cintura ou o abdômen", diz Graciela Ortensi, médica da Unidade de Nutrição do hospital público Ramos Mejía, de Buenos Aires.

A médica Ana María Armatta, especializada em adolescência, do Serviço de Nutrição do Hospital Cosme Argerich, disse que "a consequência da má alimentação e da falta de consumo mínimo de cálcio recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) agora começa a ser chamada na Argentina de osteoporose pediátrica".

O fenômeno ocorre em todas as classes sociais e em todas as idades. "Em Buenos Aires, para andar confortavelmente tenho que comprar um número maior. Para a mesma comodidade na Espanha, peço tamanho pequeno ou médio", diz Claudia Guido, 40, que após 10 anos morando em Madri, havia esquecido a obsessão das argentinas pelo tamanho "extra-small".

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"A magreza como meta está diretamente relacionada ao modelo de mulher de sucesso: magra, alta e loura", diz Gladys Guarrera, membro da Sociedade Argentina de Obesidade e Transtornos Alimentares e diretora de um Centro de Atenção Primária da localidade de San Fernando (zona norte de Buenos Aires).

Guarrera aponta ainda que as jovens "com um bom corpo" têm mais vantagens na hora de conseguir um emprego. Um estudo de Guarrera mostra que a idéia de "se ver melhor, associada com o desejo de ficar mais magra", ocorre em todas as alunas de 11 a 16 anos das 40 escolas de San Fernando, independentemente da classe social.

Apesar de o número de garotos ser praticamente inexistente nesses levantamentos, segundo José Luis Martínez, psicólogo do Hospital Fernández, a incidência "de bulimia e anorexia tem aumentado ano após ano e se estendido cada vez mais entre os garotos, mesmo entre os maiores de 20, atingindo inclusive homens de 40 anos".

As pessoas que sofrem de anorexia nervosa se vêem gordas, apesar de terem um aspecto esquelético, e vão reduzindo sua porção diária de alimentos. Em alguns casos esse distúrbio pode levar à morte por inanição.

Os bulímicos experimentam, ao contrário, uma grande necessidade de ingerir quantidades de comida de elevado valor calórico e, em seguida, sentem repulsa e culpa e tentam vomitar, entre outras estratégias, para reduzir o efeito da ingestão.
 

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