Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/02/2004 - 07h22

Som alto pode causar trauma auditivo

Publicidade

CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Os foliões que se cuidem neste Carnaval. A exposição a sons muito altos, como os de um trio elétrico, pode causar trauma sonoro agudo, que leva à perda auditiva temporária ou permanente. Essa é a segunda causa mais comum de deficiência da audição.

Nesse tipo de trauma, são lesadas as células sensoriais auditivas, chamadas de ciliadas ou ciliares, localizadas na cóclea (ouvido interno) e responsáveis pela captação de sons de alta freqüência.

As pessoas percebem os sons como "abafados" e têm a sensação de ouvido entupido. Também é comum terem a audição diminuída e escutarem um zumbido permanente no ouvido afetado.

Em geral, a recuperação ocorre em dois ou três dias após o trauma sonoro. Mas alguns sons podem ser tão altos que provocam a perda imediata da audição, afirma o médico Arnaldo Guilherme, 53, professor de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Foi o que aconteceu com o artista plástico Marco Aurélio de Souza e Silva, 46, de Ribeirão Preto (SP). No ano passado, após ficar três horas próximo a uma caixa de som de um trio elétrico, ele perdeu 30% da sua audição. Silva também se queixa de um zumbido permanente no ouvido esquerdo, que causa dificuldade de concentração, principalmente em ambientes silenciosos. "É como se houvesse uma panela de pressão apitando na minha cabeça."

Com o tratamento, a base de anticonvulsivante e tranqüilizantes, a acuidade auditiva melhorou e o zumbido diminuiu, mas não completamente. "Neste Carnaval vou para a serra da Canastra [MG], bem longe de barulho."

Assim como Silva, há pessoas mais suscetíveis que outras aos traumas sonoros, afirma o otorrinolaringologista Luís Carlos Alves de Sousa, 48, secretário da Sociedade Brasileiro de Otologia. Predisposição genética, resfriados e até mesmo estresse podem colaborar para a ocorrência do trauma. "Expor o órgão fadigado ao ruído é um incentivo", diz Sousa.

Por isso, a orientação é para que todos evitem lugares barulhentos, como boates e festas carnavalescas, por muito tempo seguido. "A cada 10 ou 15 minutos, sai de perto do barulho, descansa o ouvido e volta para a folia", recomenda.

De acordo com Arnaldo Guilherme, sons de trios elétricos chegam a 130 decibéis, semelhantes ao barulho de um jato decolando a dois metros de distância. O risco é maior para quem fica mais tempo exposto às altas vibrações sonoras por muito tempo, como os músicos. "Todos devem usar protetor auricular."

A exposição repetida a ruídos por um longo período de tempo pode causar pequenos traumas auditivos que irão se somando, levando a uma perda progressiva da audição de alta freqüência.

Segundo os médicos, os sintomas da perda auditiva induzida por ruído são sutis, começando, geralmente, pelas freqüências agudas (som de um violino, por exemplo). Mas, como as outras freqüências estão normais, essas pessoas não percebem o perigo.

"Geralmente, quando procuram o médico, já é tarde, a lesão já está instalada", afirma Guilherme. Ele defende que as pessoas expostas a barulhos constantes incluam a audiometria em seus exames de rotina.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página