Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/02/2004 - 07h32

Preservativo estimula as fantasias sexuais

Publicidade

ANA PAULA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

Camisinha é, principalmente, sinônimo de contracepção e proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas, se bem escolhido e usado, o preservativo cumpre essas funções e, de quebra, pode aguçar a imaginação e se transformar em um ingrediente erótico que envolve praticamente todos os sentidos. Opções não faltam: hoje, há modelos com saliências, ranhuras, aromas e até faixas coloridas patrioticamente de verde e amarelo.

Apesar de todas as campanhas, muitas pessoas ainda resistem ao uso do preservativo. De acordo com psiquiatra e terapeuta sexual Ronaldo Pamplona, isso ocorre com mais freqüência entre homens e mulheres acima dos 40 anos. "Os que eram jovens na década de 70 não cresceram com a necessidade de usar camisinha. Eles não conviveram com a Aids na juventude."

As camisinhas coloridas e texturizadas são bem-vindas, pois ajudam a romper as resistências. "Elas ajudam a encarar a prática do sexo seguro com bom humor", afirma a psicóloga Sonia Daud, coordenadora do curso de pós-graduação em terapia sexual da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash).

Para diminuir ao máximo o grau de rejeição, os fabricantes investem no desenvolvimento de novos preservativos. Esses produtos tornam a prevenção mais divertida, diz Eduardo Yabusaki, psicólogo e terapeuta sexual.

"As pessoas sempre viram as camisinhas apenas como forma de prevenção. Os preservativos com adicionais, sejam aromatizados, com ranhuras ou coloridos, acabam proporcionando um clima de experimento, novidade e erotismo. Afinal, esses aditivos foram feitos para estimular a fantasia sexual", diz Maria Helena Vilela, diretora-executiva do Instituto Kaplan - Centro de Estudos da Sexualidade Humana, em São Paulo.

O que antes só era encontrado na seção de importados das lojas de produtos eróticos já está disponível em farmácias e até em supermercados. As mudanças nos preservativos não se limitam à estética. Existem também as de tamanhos diferenciados --para maior e para menor.

Para quem sofre de ejaculação precoce, existem camisinhas com dessensibilizante dentro do preservativo. Há ainda as mais resistentes, que também prometem diminuir a sensibilidade peniana e, assim, retardar a ejaculação.

Como, na maioria dos casos, a ejaculação precoce geralmente está associada a questões psicológicas, o urologista José Alaor Figueiredo, do Hospital das Clínicas (HC), de São Paulo, afirma que esses preservativos são apenas paliativos e não resolvem o problema. "Mas o uso é válido como fantasia sexual."

Apesar de o mercado brasileiro estar renovando as formas, as cores, os aromas e os tamanhos dos preservativos, a variedade é ainda maior entre os produtos importados. Há camisinhas fluorescentes, feitas de tripa de carneiro --para quem tem alergia a látex-- e para ocasiões especiais, com embalagens para o Dia dos Namorados e das Bruxas, por exemplo.

Quem quiser experimentar os importados deve dar preferência àqueles com rótulo traduzido para o português e, como os nacionais, selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), orienta Figueiredo. A falta do selo significa que o produto não passou pela certificação. O Inmetro já foi contatado para fazer a avaliação de um lançamento previsto para daqui a dois anos. Em parceria, o governo federal, o Estado do Acre e uma empresa (a ser definida por licitação) pretendem implantar uma fábrica de camisinhas em Xapuri. Serão os primeiros preservativos feitos com látex brasileiro --os disponíveis hoje são confeccionados com material importando, geralmente da Malásia.

O programa, que está em fase de desenvolvimento industrial, prevê a extração auto-sustentável de látex da Reserva Extrativista Chico Mendes.

Teste de resistência

No processo de fabricação, as camisinhas são testadas eletronicamente. Cada uma é colocada em um molde metálico e recebe uma carga elétrica. Como a borracha é um material isolante, a corrente elétrica só passa pelo preservativo se ele estiver furado. Todas as camisinhas com defeito são descartadas, mas reaproveitadas por outras indústrias. Parte desse látex, por exemplo, é utilizado por fábricas de brinquedo para fazer os diafragmas que produzem o choro das bonecas.

Mesmo com testes tão rigorosos, há quem desconfie da eficácia do preservativo. Pesquisa feita pelo Ibope para o Ministério da Saúde, no final do ano passado, mostra que 15% da população sexualmente ativa não acredita que a camisinha possa barrar o vírus da Aids.

Mas, se a camisinha falha, muito provavelmente a responsabilidade é do usuário. "Cerca de 99% dos casos de rompimento ocorrem devido à colocação incorreta", afirma Maria Helena Vilela, do Instituto Kaplan.

A falta de habilidade também pode ser a origem da resistência em usar preservativo. Segundo a pesquisadora, o homem tem receio de se atrapalhar, de demorar para colocar o preservativo e perder a ereção. "Quem tem habilidade em colocar a camisinha não se recusa a usá-la."

Leia mais
  • Preservativo é fácil de usar e evita acidentes
  • Conheça os modelos de preservativo
  • Milhares são infectados por DSTs a cada ano
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página