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23/04/2007 - 21h12

Desmame ou estresse podem levar gatos a 'mamar' em tecidos ou dedos

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AMARÍLIS LAGE
da Revista da Folha

Nem ração nem peixe. O que a gata Gisele gosta mesmo é de um bom pedaço de pano. Assim que sobe no colo da dona, busca uma ponta da blusa dela, coloca na boca e começa a "mamar" --melhor ainda se for uma camiseta de algodão. "Acho que ela me adotou como 'mãe' dela", conta a webdesigner Denise Tomi Lopez, 51.

O hábito de "mamar" em pedaços de pano ou mesmo no pescoço e no dedo do dono é comum entre os felinos, não importa a idade --Gisele, por exemplo, está longe de ser filhote, tem dois anos e meio. Na maioria dos casos, o gesto está relacionado ao desmame precoce, como aconteceu com Cindy, outra gata de Denise, que sempre "mama" na pontinha do lençol antes de dormir.

Leonardo Papini/Folha Imagem
Gisele, que foi encontrada na rua quando filhote e "mama" na camisa da dona
Gisele, que foi encontrada na rua quando filhote e "mama" na camisa da dona
"A dona disse que não poderia ficar com a ninhada por mais tempo, e ela foi separada da mãe quando tinha um mês." O ideal é que os filhotes permaneçam com a mãe e mamem por um período mínimo de 70 dias. "O leite materno confere imunidade ao filhote por cerca de 60 dias, mas o melhor é deixar o gatinho junto à mãe por pelo menos três meses", segundo Luciana Deschamps, veterinária da clínica Sr. Gato.

Mesmo gatos que mamaram bastante, porém, podem desenvolver o hábito, como uma forma de demonstrar satisfação ou estresse. "Às vezes, o contato com a mãe era tão afetivo que fazem isso para relembrar aquela sensação boa de quando eram filhotinhos. Tentar intervir ou persuadi-lo a não fazer isso é um pecado, pois é uma atitude de carinho e tranqüilidade", explica Luciana.

Já o gato Darwin gosta de "mamar" pelo motivo oposto: estresse. "Sempre que vai ao veterinário ou que algo muito diferente acontece na casa, ele parece que regride, finge que é filhote e resolve agir assim", conta a designer gráfica Isabel Caballo, 66. O local escolhido pelo gato, porém, é mais inusitado: o pescoço da dona. "É como se fosse um beijinho", diz.

Denise também não se incomoda com as manchinhas de saliva que as gatas costumam deixar em suas blusas e nos lençóis. "Acho que isso mexe com o espírito materno da gente. Elas terminaram virando as xodós da casa", conta.

Mas o veterinário Zohair Saliem Sayegh, 58, presidente da Sociedade Paulista de Veterinária, alerta para o risco de o gato acabar ingerindo fios de tecido, prejudiciais à saúde. "Aquele material acaba formando um corpo estranho no estômago dele, pois o animal não consegue eliminar os fios da mesma forma como expele as bolas de pêlos."

Ele sugere que não se deixe o animal sugar tecidos que possam desfiar. "A pessoa precisa estimular o gato a brincar. Na falta desse tipo de atividade, ele inventa algo lúdico para fazer e uma dessas coisas é 'mamar', mas isso não é o ideal."

Pelo jeito, não são só os seres humanos que precisam aprender a deixar as alegrias da infância para trás.

Esta reportagem foi publicada pela Revista da Folha em 23/04/2006

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