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01/11/2001
-
08h09
JANAINA FIDALGO
da Folha Online
Depois de uma entrevista na TV, no programa de Jô Soares, a escritora Evelyn Levy Torrence formou um grupo de seguidores que acompanham, ou ao menos tentam acompanhar, os "ensinamentos" sobre a não-alimentação.
O gerente de informática João Fabiano Laghetto, 27, é um deles. Depois de assistir ao depoimento da escritora pela TV e de pesquisar sobre o assunto, decidiu desafiar o próprio corpo e fazer um jejum de 21 dias.
"Nunca tinha escutado falar sobre isso [não-alimentação]. A notícia me estremeceu de um canto a outro. Há coisas que mexem conosco. E como num piano, em que as teclas vibram, a informação ressonou na minha cabeça e no meu corpo", disse Laghetto.
Mas a vontade de não "depender" mais dos alimentos não era exatamente uma novidade na vida do gerente de informática. Em 1989, ele chegou a fazer uma "experiência", conforme ele mesmo disse. Ficou cinco dias sem comer, apenas bebendo água, para saber como se sentem, por exemplo, aqueles que vão para a guerra e não têm com o que se alimentar.
A decisão de seguir o jejum proposta pelos adeptos da não-alimentação, de acordo com ele, foi bem-pensada. Depois de assistir à entrevista, Fabiano começou a buscar informações no site da escritora (www.vivendodaluz.com.br).
"As coisas faziam sentido. Comecei com tentativas, com jejuns de 18 horas. Em seguida fui aumentando o tempo até chegar nas 72 horas. Só então me senti pronto para o processo dos 21 dias", disse o gerente de informática.
Superar as barreiras impostas pelo próprio organismo não foi tão difícil para Laghetto quanto fazer sua família entender sua decisão de parar de comer. "Minha mulher não aceitava. Tinha medo que eu morresse. Hoje ela continua não aceitando, mas respeita a minha opinião."
O gerente diz que depois que parou de comer se sente independente, tem tempo livre para prática de outras atividades, menos gastos, mais energia e maior auto-conhecimento.
"Como não tenho que parar para comer, posso usar este tempo para fazer coisas que antes não dava e que me fazem mais feliz do que a comida. Antigamente eu saia para almoçar e quando voltava sentia cansaço, agora me sinto disposto e percebo imperfeições que antes eu não notava."
Ele disse ter emagrecido depois que começou a seguir a doutrina. No início do jejum, pesava 107 kg, e após os 21 dias ele passou a pesar 97 kg. Laghetto afirmou que a pior parte do jejum é a sede, não a falta dos alimentos. Desde que concluiu os 21 dias de jejum, no final de julho, ele diz ter dado apenas umas "beliscadinhas" em alguns alimentos.
"Quando chego em casa, sinto vontade de pegar uma colher de sopa de feijão e mastigar um pouco. É pelo sabor. Durante o dia tomo água de coco ou um suco de melancia", diz. "Uma vez comi arroz, feijão e alho poró e passei muito mal. Senti uma moleza, um peso no estômago, como se eu tivesse comido uma feijoada."
O gerente, que disse que experimenta apenas alguns alimentos esporadicamente e de maneira moderada, olha para o sol várias vezes durante o dia para captar energia. Problemas de saúde? Ele garante que não tem, pelo contrário. Os exames de sangue indicam, logicamente, diminuição dos níveis de triglicérides e colesterol.
Para o advogado Mário Sanches, 66, que teve uma úlcera no duodeno e outra no estômago e teve de passar por uma cirurgia, retirando parte do primeiro órgão e o outro por completo, a comida é a responsável pelos problemas de saúde. "Antes da cirurgia eu comia e bebia de tudo. Foi isso que estragou meu estômago. Todas as doenças vêm da comida", diz.
Depois de ser operado, Sanches ficou mais de três meses sem comer e se recusou a receber soro. "Queria buscar uma alimentação própria para a natureza do homem. Me alimento de ar e de luz. Às vezes, tomo suco de frutas, mas evito."
A fonte de energia de Sanches, segundo ele, vem do sol, do ar e do pranayama -exercício no qual a pessoa fica deitada, com as mãos nos quadris, os cotovelos no chão e levanta as pernas, se apoiando apenas nas costas e nos cotovelos, para fazer com que a circulação leve energia ao cérebro.
"A alimentação é o prazer social de sentar e sentir o gosto da comida. A agressão do mundo e da ciência contra nós é forte porque está acostumada com a comida. Não tem fanatismo nem agredimos ninguém, mas os fanáticos da alimentação são agressivos e perigosos", afirma o advogado.
Leia mais:
Grupo afirma trocar alimentação por luz; médicos contestam teoria
Vote Você acha que é possível viver se alimentando apenas de luz?
Seguidor da alimentação prânica diz que pode "beliscar" a comida
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Depois de uma entrevista na TV, no programa de Jô Soares, a escritora Evelyn Levy Torrence formou um grupo de seguidores que acompanham, ou ao menos tentam acompanhar, os "ensinamentos" sobre a não-alimentação.
O gerente de informática João Fabiano Laghetto, 27, é um deles. Depois de assistir ao depoimento da escritora pela TV e de pesquisar sobre o assunto, decidiu desafiar o próprio corpo e fazer um jejum de 21 dias.
"Nunca tinha escutado falar sobre isso [não-alimentação]. A notícia me estremeceu de um canto a outro. Há coisas que mexem conosco. E como num piano, em que as teclas vibram, a informação ressonou na minha cabeça e no meu corpo", disse Laghetto.
Mas a vontade de não "depender" mais dos alimentos não era exatamente uma novidade na vida do gerente de informática. Em 1989, ele chegou a fazer uma "experiência", conforme ele mesmo disse. Ficou cinco dias sem comer, apenas bebendo água, para saber como se sentem, por exemplo, aqueles que vão para a guerra e não têm com o que se alimentar.
A decisão de seguir o jejum proposta pelos adeptos da não-alimentação, de acordo com ele, foi bem-pensada. Depois de assistir à entrevista, Fabiano começou a buscar informações no site da escritora (www.vivendodaluz.com.br).
"As coisas faziam sentido. Comecei com tentativas, com jejuns de 18 horas. Em seguida fui aumentando o tempo até chegar nas 72 horas. Só então me senti pronto para o processo dos 21 dias", disse o gerente de informática.
Superar as barreiras impostas pelo próprio organismo não foi tão difícil para Laghetto quanto fazer sua família entender sua decisão de parar de comer. "Minha mulher não aceitava. Tinha medo que eu morresse. Hoje ela continua não aceitando, mas respeita a minha opinião."
O gerente diz que depois que parou de comer se sente independente, tem tempo livre para prática de outras atividades, menos gastos, mais energia e maior auto-conhecimento.
"Como não tenho que parar para comer, posso usar este tempo para fazer coisas que antes não dava e que me fazem mais feliz do que a comida. Antigamente eu saia para almoçar e quando voltava sentia cansaço, agora me sinto disposto e percebo imperfeições que antes eu não notava."
Ele disse ter emagrecido depois que começou a seguir a doutrina. No início do jejum, pesava 107 kg, e após os 21 dias ele passou a pesar 97 kg. Laghetto afirmou que a pior parte do jejum é a sede, não a falta dos alimentos. Desde que concluiu os 21 dias de jejum, no final de julho, ele diz ter dado apenas umas "beliscadinhas" em alguns alimentos.
"Quando chego em casa, sinto vontade de pegar uma colher de sopa de feijão e mastigar um pouco. É pelo sabor. Durante o dia tomo água de coco ou um suco de melancia", diz. "Uma vez comi arroz, feijão e alho poró e passei muito mal. Senti uma moleza, um peso no estômago, como se eu tivesse comido uma feijoada."
O gerente, que disse que experimenta apenas alguns alimentos esporadicamente e de maneira moderada, olha para o sol várias vezes durante o dia para captar energia. Problemas de saúde? Ele garante que não tem, pelo contrário. Os exames de sangue indicam, logicamente, diminuição dos níveis de triglicérides e colesterol.
Para o advogado Mário Sanches, 66, que teve uma úlcera no duodeno e outra no estômago e teve de passar por uma cirurgia, retirando parte do primeiro órgão e o outro por completo, a comida é a responsável pelos problemas de saúde. "Antes da cirurgia eu comia e bebia de tudo. Foi isso que estragou meu estômago. Todas as doenças vêm da comida", diz.
Depois de ser operado, Sanches ficou mais de três meses sem comer e se recusou a receber soro. "Queria buscar uma alimentação própria para a natureza do homem. Me alimento de ar e de luz. Às vezes, tomo suco de frutas, mas evito."
A fonte de energia de Sanches, segundo ele, vem do sol, do ar e do pranayama -exercício no qual a pessoa fica deitada, com as mãos nos quadris, os cotovelos no chão e levanta as pernas, se apoiando apenas nas costas e nos cotovelos, para fazer com que a circulação leve energia ao cérebro.
"A alimentação é o prazer social de sentar e sentir o gosto da comida. A agressão do mundo e da ciência contra nós é forte porque está acostumada com a comida. Não tem fanatismo nem agredimos ninguém, mas os fanáticos da alimentação são agressivos e perigosos", afirma o advogado.
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