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HISTÓRIA


Suécia - 1958

Contexto histórico

Emocionado, Pelé chora no ombro do goleiro Gilmar, observado por Didi, após a conquista do primeiro título brasileiro em uma Copa

A Copa da Suécia-1958 é disputada com o mundo já sob a clara divisão em dois blocos criada pela Guerra Fria. A URSS pela primeira vez entra na competição, e com o crédito de ter vencido os Jogos Olímpicos de Melbourne-56.

A escolha da Suécia seguiu o mesmo critério que levou o Mundial para a Suíça, quatro anos antes. Ambos os países permaneceram neutros durante a 2ª Guerra Mundial, que ainda fazia sentir seus efeitos na Europa, e possuiam situações financeiras estáveis.

No Brasil, o clima era de euforia, com o “milagre econômico” de Juscelino Kubitschek, a construção de Brasília e o surgimento da Bossa Nova, movimento musical que colocou o país em evidência mundial. No futebol, a euforia era menor, com o povo ainda ressentido pelo fracasso de 1950.

A Copa

Sem os dois bicampeões mundiais, Itália e Uruguai, que não conseguiram passar pelas eliminatórias, a Copa da Suécia viu ainda fracassarem times de expressão, como Hungria, Argentina, Tchecoslováquia e Inglaterra, na primeira fase.

O Brasil, com uma nova geração de jogadores, conquistou seu primeiro título, superando o trauma de 1950, e mostrou ao mundo o gênio de Pelé, então com apenas 17 anos.

Depois de passar por algumas dificuldades na primeira fase, o técnico Vicente Feola promoveu a entrada no time, além de Pelé, de Vavá, Garrincha e Zito. O time engrenou e despachou o País de Gales, nas quartas-de-final, a França, nas semifinais, e a Suécia, na final.

O placar de 5 a 2 _o maior em uma final de Copa_ contra os suecos mostrava a superioridade da equipe brasileira, reconhecida pelo público local, que aplaudiu de pé a seleção.

Pelé terminou a competição com seis gols _atrás do francês Just Fontaine, que marcou 13 vezes_, mas com grande reconhecimento nacional e internacional.
 
Classificação
 Brasil
 Suécia
 França
4o Alemanha Oc.

Artilheiros
Just Fontaine
Atacante
França
Pelé
Atacante
Brasil
Rahn
Atacante
Alemanha
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O Brasil

Ainda ressentida dos fracassos em 1950 e 1954, a seleção brasileira montou para a Copa da Suécia um esquema que primava pela organização, comparado à completa bagunça dos anos anteriores. O empresário Paulo Machado de Carvalho chefiou a delegação, que contava até mesmo com um psicólogo.

Apesar de começar a campanha com uma vitória fácil por 3 a 0 diante da Áustria, o Brasil teve dificuldades na partida seguinte e protagonizou o primeiro 0 a 0 da história das Copas frente à Inglaterra.

O resultado motivou o técnico Vicente Feola a fazer alterações no time. Joel, Mazola e Dino Sani deram lugar a Pelé, então com 17 anos, Garrincha e Zito. Vavá já havia ganhado a posição de Dida.

A partir daí, a seleção deu show na Suécia. O esquema tático inovador de Feola fazia com que Zagallo atacasse e recuasse para marcar no meio-campo, dando origem ao 4-3-3. Com isso, o Brasil mostrou a mais sólida defesa do Mundial (quatro gols sofridos, ao lado do País de Gales). Na frente, o trio Pelé-Garrincha-Vavá fez história.

Sistema de disputa

Dois anos após a morte de Jules Rimet, a Copa recebeu o número recorde de 53 países inscritos. Os 16 classificados foram divididos em quatro grupos de quatro, com todos jogando contra todos e os dois primeiros se classificando. A partir das quartas-de-final, foram disputadas eliminatórias simples.

Destaque

Contundido no joelho pouco antes da Copa, Pelé foi vetado pelo departamento médico da CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Por insistência do chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, o jovem jogador acabou viajando com o grupo para a Suécia. Pouco conhecido dos torcedores brasileiros _havia jogado apenas um Campeonato Paulista, pelo Santos_, ficou na reserva. Depois do 0 a 0 contra Inglaterra, entrou no time, já no terceiro jogo brasileiro na Copa. Contra a URSS, ainda na primeira fase, Pelé viu Vavá resolver o jogo, com dois gols na vitória por 2 a 0. Contra o País de Gales, nas quartas-de-final, foi a sua vez. Pelé marcou o único gol do jogo, chapelando um zagueiro e chutando para o gol antes que a bola caísse. No jogo seguinte, contra a França, nas semifinais, Pelé voltou a ser decisivo e marcou três vezes na goleada por 5 a 2. Na final, diante dos donos da casa, não se intimidou e fez mais dois, em nova goleada por 5 a 2. A imagem de Pelé chorando, após o fim do jogo, é até hoje um dos momentos mais marcantes da história dos Mundiais. Outro grande destaque da Copa foi o francês Just Fontaine. Com 13 gols, o jogador é até hoje o detentor do maior número de gol em uma única Copa.

Fracasso

As maiores ausências na Copa da Suécia foram as seleções da Itália e do Uruguai. Ambas eram bicampeãs mundiais. Os uruguaios venceram a edição inaugural, em 1930, em seu país, e em 1950, no Brasil. Os italianos conquistaram o título em 1934, também em casa, e em 1938, na França. As duas seleções, porém, não conseguiram passar nem sequer pelas eliminatórias em 1958. Na Copa, a Hungria, grande time de 1954, que acabou perdendo a final para a Alemanha, fez feio. Sem os craques Puskas e Kocsis, que haviam abandonado o país fugindo do regime autoritário comunista, o time foi eliminado na primeira fase. A Argentina, que jogava a Copa pela primeira vez desde 1934, também se deu mal. Além de cair na primeira fase, ainda sofreu uma vergonhosa goleada por 6 a 1 da Tchecoslováquia, time que também não se classificaria.

Curiosidades

Depois da conquista, o médico da delegação brasileira, Mário Trigo, entusiasmado, abraçou efusivamente o rei Gustavo, da Suécia, que havia descido ao gramado. Trigo sabia bem quem estava abraçando, tanto que cumprimentou o monarca dizendo: “e aí, King, tudo bem?”.
Após o primeiro empate sem gols da história das Copas, entre Brasil e Inglaterra, na primeira fase, o jogadores ficaram sem saber o que fazer em campo. Alguns acharam que o juiz daria prorrogação.
No jogo contra a França, nas semifinais, Zagallo chutou uma bola que bateu no travessão, entrou no gol, mas acabou quicando para fora. Juiz e bandeirinha não deram o gol.
Pelé usou a camisa 10 na Copa-1958 por acaso. A CBD deixou de enviar para os organizadores a numeração. Quando chegou à Suécia, recebeu a lista com numeração feita por eles. O goleiro Gilmar jogou com o número 3. E Pelé, por sorte, recebeu a camisa 10.
Na final da Copa, o Brasil no sorteio com a Suécia, que ficou com direito de jogar de camisa amarela. O problema é que o Brasil só tinha camisas amarelas. Foi preciso comprar um jogo de camisas azuis e bordar números e o escudo da CBD.
Apesar de muitos jogadores já terem negado, a entrada de Pelé e Garrincha no time em 1958 foi uma imposição dos próprios jogadores. Nílton Santos liderou o grupo e falou com técnico Feola, após o empate em 0 a 0 com a Inglaterra.
O mistério feito por técnicos até hoje para escalar times já era usado por Feola em 1958. Antes do jogo contra a URSS, em que lançou Pelé e Garrincha no time, Feola enganou os repórteres dizendo que treinaria à tarde. Treinou de manhã, com os dois jogadores, e ninguém ficou sabendo.
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