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HISTÓRIA
Chile - 1962
Garrincha (número sete) comemora com outros brasileiros o segundo gol na final contra a Tchecoslováquia, vencida pelo Brasil por 3 a 1
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Em 1962, o mundo vivia seu momento mais tenso da Guerra Fria, com o episódio da “crise dos mísseis”. Os EUA descobriram mísseis soviéticos em Cuba.
Pouco antes, o governo de John Kennedy havia decretado bloqueio naval à ilha caribenha e tentado, sem sucesso, derrubar o governo de Fidel Castro.
O líder soviético Nikita Kruschev recuou, retirando os mísseis, e evitou uma possível guerra. Na Alemanha, no ano anterior, havia sido erguido o Muro de Berlim. As disputas, no entanto, não afetaram a disputa da Copa no Chile.
Com um número crescente de inscritos _56 para a competição chilena_, as eliminatórias deixaram mais uma vez times de expressão fora da Copa. França e Suécia não se classificaram. O Brasil conquistaria o bi com a mesma base de 1958, porém sem o mesmo brilho.
Com Pelé contundido logo na segunda partida, Garrincha comandou a conquista, com grande atuação. O ponta-direita arrasou a Inglaterra nas quartas-de-final, vencida pelo Brasil por 3 a 1, com dois gols. Repetiu a dose nas semifinais contra o Chile (4 a 2).
Na final, o Brasil superou a forte seleção da Tchecoslováquia, com a qual havia empatado em 0 a 0 na primeira fase, por 3 a 1, com gols de Amarildo, o substituto de Pelé, Zito e Vavá.
Dois jogos, no entanto, tiveram decisões duvidosas a favor do Brasil. Na primeira fase, a seleção venceu a Espanha por 2 a 1. Mas o juiz deixou de dar um pênalti de Nílton Santos, que enganou o juiz dando um passo à frente, após fazer falta na área. Um gol de Puskas (húngaro naturalizado) de bicicleta também foi anulado por “jogo perigoso”.
Nas semifinais, contra o Chile, Garrincha foi expulso após agredir o goleiro Rojas. Mesmo assim, o astro brasileiro esteve em campo na final porque a súmula do juiz não foi entregue a tempo e não houve julgamento.
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| Brasil |
| Tchecoslováquia |
| Chile |
4o | Iugoslávia |
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Jerkovic Atacante Iugoslávia
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Garrincha Atacante Brasil |
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Vavá Atacante Brasil |
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Sánchez Atacante Chile |
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Albert Atacante Hungria |
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Ivanov Atacante URSS |
Veja todos os jogos |
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Pelé, grande herói da conquista brasileira em 1958, era esperado como principal atração para a Copa de 1962. Mas a grande estrela da competição acabou sendo Garrincha.
O time brasileiro manteve a mesma base do Mundial anterior, mudando apenas a zaga: Mauro no lugar de Bellini e Zózimo no lugar de Orlando. Depois da vitória sobre o México por 2 a 0, com gols de Pelé e Zagallo, o meia santista se contundiu no empate sem gols diante da Tchecoslováquia e não voltou mais.
Mesmo com a baixa de peso, o time brasileiro não se abateu. A atuação de Amarildo, seu substituto, no jogo seguinte, contra a Espanha, manteve o ânimo da equipe. O jogador fez os dois gols da vitória por 2 a 1.
Mauro e Zózimo deram segurança à zaga, e Vavá, artilheiro do Brasil ao lado de Garrincha, com quatro gols, manteve o desempenho que havia mostrado ao lado do próprio ponta botafoguense na Copa-1958.
As 16 seleções classificadas entre os 56 inscritos foram distribuídas em quatro grupos de quatro, com todos jogando contra todos dentro do grupo. Os dois primeiros classificaram-se para as quartas-de-final, quando começaram as eliminatórias simples.
Para muitos, a genialidade de Garrincha superou a do próprio Pelé. Alheio à discussão, o jogador mostrou na Copa do Chile o melhor de seu futebol. Com suas pernas tortas (as duas para o mesmo lado) o ponta-direita fez de tudo no Mundial. Sem a companhia de Pelé, ao lado de quem jamais perdeu um jogo na seleção, Garrincha não só marcou gols decisivos como também liderou o time. Os dribles, virtude principal do jogador, deixavam atordoados os zagueiros, principalmente dos times europeus. "Garrincha definitivamente transcende o jogo de futebol. Até quando o Brasil vai nos surpreender com esses gênios da bola que brotam em seus campos?", disse Marcel Vonlanthen, atacante da seleção suíça.
Depois de não se classificarem para a Copa da Suécia, os uruguaios, mesmo conseguindo entrar na competição, fizeram feio no Chile. A seleção bicampeã mundial, que roubou o título do Brasil em 1950, foi eliminada logo na primeira fase, com campanha vergonhosa. No primeiro jogo fizeram 2 a 1 na inexpressiva Colômbia. Depois, perderam para Iugoslávia (3 a 1) e URSS (2 a 1). Os italianos, também bicampeões mundiais, que a exemplo do Uruguai não conseguiram a classificação para a Suécia, ficaram na primeira fase. Empate sem gols com a Alemanha, derrota para o Chile (2 a 1) e vitória sobre a Suíça (3 a 0).
O iugoslavo Jerkovic tem sua artilharia na Copa de 62 contestada até hoje. Várias fontes creditavam um de seus gols contra a Colômbia para seu colega Galic, o que colocaria Jerkovic com quatro gols na Copa, ao lado de outros cinco jogadores, entre eles Vavá e Garrincha. Em 1990, porém, foi oficializado o quinto tento de Jerkovic, legítimo goleador no Chile. Nas súmulas do site da Fifa, no entanto, constam apenas quatro.
O técnico brasileiro na Copa deveria ter sido Vicente Feola, campeão em 1950, e não Aymoré Moreira. Feola teve uma infecção renal que o impediu de viajar ao Chile.
A seleção espanhola levou ao Chile o húngaro naturalizado Puskas, o melhor jogador da Copa de 1954. Em fim de carreira, ele pouco mostrou em campo. Fora dele, brigou num bar com torcedores chilenos que o chamavam de "velho", quebrando tudo no local.
Além de Puskas, a Espanha escalou mais um jogador que já tinha defendido outro país em Copas: o uruguaio Santamaria, que jogara o Mundial de 1954. E a Itália convocou o atacante Altafini, que marcou dois gols pelo Brasil em 1958, quando os torcedores o conheciam por seu apelido: Mazola.
O Mundial registrou duas mortes por ataque cardíaco nas arquibancadas, em dois jogos do time da casa. Um chileno de 57 anos morreu na vitória de sua seleção contra a Itália (2 a 0) e outro, de 49 anos, morreu na derrota chilena para o Brasil (2 a 4).
Juiz e bandeirinha da semifinal entre Brasil e Chile simplesmente sumiram após a partida. O auxiliar uruguaio Esteban Marino denunciou agressão de Garincha ao goleiro Rojas, que fez com que o juiz peruano Arturo Yamasaki expulsasse o jogador. Como a súmula não foi entregue no prazo, Garrincha não foi julgado e jogou a final. Especula-se que a CBD tenha “presenteado” o juiz com uma passagem para o Brasil.
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