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HISTÓRIA


Inglaterra - 1966

Contexto histórico

Bobby Moore (à dir, com os braços levantados) pede ao juiz a confirmação do polêmico terceiro gol inglês na final contra a Alemanha Ocidental

Em contraposição ao clima tenso criado com o início da Guerra do Vietnã, no ano anterior, com a intervenção dos Estados Unidos no país asiático sob o pretexto de impedir o avanço do comunismo, a Inglaterra, sede da Copa, vivia, em 1966, um momento de liberação e agitação cultural, com o fenômenos dos Beatles e os movimentos feministas.

No Brasil, a situação era inversa. Dois anos antes, a Revolução de 1964 havia deposto o presidente João Goulart e instaurado o regime da ditadura militar, que duraria 20 anos.

A Copa

O Mundial inglês ficou conhecido como a Copa da violência. Foram raros os momentos de bom futebol, mas sobrou vigor físico _e complacência dos árbitros com os zagueiros, principalmente da Inglaterra, campeã, e da Alemanha, vice. A conquista inglesa é até hoje contestada.

A própria escolha do país como sede se deu em grande parte por influência do inglês Stanley Rous, então presidente da Fifa.

Na campanha até a final, houve episódios nefastos. Contra a Argentina, nas quartas-de-final, o juiz alemão Rudolf Kreitlen expulsou o argentino Rattín quando este pedia um intérprete para reclamar da violência.

Depois de passar por Portugal, time sensação da Copa, nas semifinais, mais confusão na final contra a Alemanha Ocidental. O juiz suíço Gottfried Dienst exagerou nos acréscimos, quando marcou uma falta inexistente para os alemães. Da jogada, saiu o gol de empate (2 a 2), que provocou a polêmica prorrogação.

O terceiro gol inglês na verdade não aconteceu. Hurst chutou cruzado da direita, a bola bateu no travessão e quicou fora do gol. Mas o juiz validou a jogada. A Inglaterra ainda faria o quarto gol, mas não apagaria a imagem de “jogo roubado”.
 
Classificação
 Inglaterra
 Alemanha Oc.
 Portugal
4o URSS

Artilheiros
Eusébio
Atacante
Portugal
Helmut Haller
Atacante
Alemanha
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O Brasil

A total falta de organização prejudicou o Brasil, que desperdiçou a oportunidade de conquistar o tri tendo grandes craques em seu elenco, entre eles Pelé, Garrincha, Tostão, Gérson, Bellini e Jairzinho.

O número de jogadores chamados para a preparação foi considerado excessivo: 47. Os 22 inscritos só foram definidos já na Europa, depois de uma pequena excursão.

No primeiro jogo, o Brasil passou com dificuldades pela Bulgária, com gols de Garrincha e Pelé. Mas Pelé se machucaria e ficaria de fora do jogo seguinte, contra a Hungria. Jogando melhor, os húngaros fizeram 3 a 1.

O resultado provocou bastante confusão na seleção. O técnico Vicente Feola não sabia que time escalar contra Portugal e, influenciado pelo supervisor Carlos Nascimento, acabou promovendo nove alterações no time.

Mesmo com Pelé em campo, o Brasil caiu novamente, pelo mesmo placar, e foi eliminado. No total, 20 dos 22 inscritos estiveram em campo.

Sistema de disputa

Os dezesseis times foram divididos em quatro grupos de quatro, com todos jogando contra todos dentro do grupo. Os dois primeiros classificaram-se para as quartas-de-final, quando começaram as eliminatórias simples.

Destaque

Portugal conseguiu em 1966 seu melhor resultado em uma Copa do Mundo, o terceiro lugar. O time mostrou o futebol mais técnico e ofensivo da competição, com destaque para o craque Eusébio, artilheiro com nove gols. Na primeira fase, passou fácil por seus adversários: 3 a 1 na Hungria, 3 a 0 na Bulgária e 3 a 1 no Brasil. Nas quartas-de-final, os portugueses fizeram um dos jogos mais emocionantes da Copa. Contra a surpreendente Coréia do Sul, saíram perdendo por 3 a 0. Foi aí que Eusébio começou a brilhar. Com quatro gols seus, o time português virou e fez 5 a 3. A seleção ibérica acabou “tremendo” nas semifinais, diante dos donos da casa, quando perderam por 2 a 1 em jogo muito disputado.

Fracasso

A seleção italiana fez na Inglaterra uma de suas piores campanhas na história. Começou com uma vitória sobre o Chile, por 2 a 0. No segundo jogo, perdeu para a URSS por 1 a 0. No terceiro jogo da primeira fase veio a grande humilhação italiana. Jogando contra a inexpressiva Coréia do Norte, os bicampeões mundiais foram derrotados por 1 a 0 e eliminados do torneio. O vexame obrigou o time a mudar seu roteiro na viagem de volta para fugir da torcida.

Curiosidades

O ponta-esquerda Edu, do Santos, bateu o recorde de jogador mais jovem inscrito numa Copa do Mundo. Edu foi à Inglaterra com 16 anos, mas não jogou nenhum partida.
A evasão de renda foi rotina na Copa. Apesar de o estádio de Wembley estar lotado em todos os jogos da seleção inglesa, cada um com cerca de 100 mil torcedores, a bilheteria acusou nessas partidas público pagante de 87 mil, 92 mil, 98 mil, 90 mil, 94 mil e 95 mil.
A delegação do Brasil recebeu na Inglaterra um comunicado dizendo que o café ingerido pelos jogadores não poderia mais ser usado, por ser estimulante. A resposta da CBD foi de que o chá dos ingleses era um estimulante maior.
Amarildo foi o primeiro “estrangeiro” a ser convocado para a seleção brasileira. Ele, que jogou no Milan, Fiorentina e Roma, estava entre os 47 chamados por Feola na fase de preparação, mas não foi inscrito para o Mundial.
O episódio da expulsão do argentino Rattín no jogo contra a Inglaterra, quando pedia um intérprete para reclamar ao juiz da violência, motivou a Fifa a criar os cartões amarelo e vermelho.
O jogo contra a Bulgária foi o último que Pelé e Garrincha fizeram juntos pela seleção. Com a dupla, jamais o Brasil foi derrotado.
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