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HISTÓRIA


EUA - 1994

Contexto histórico

Jogadores brasileiros se abraçam no centro do campo durante a disputa de pênaltis na final contra a Itália, vencida pelo Brasil

A realização da Copa do Mundo em seu território serviu para os Estados Unidos como forma de ampliar suas relações comerciais. O Mundial foi uma grande celebração do marketing, com grandes patrocinadores colocando seu nome numa vitrine para milhões de espectadores ao redor do mundo.

No Brasil, o então ministro da fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, lançava o plano Real. O sucesso da nova moeda, aliado à conquista brasileira na Copa, impulsionariam a campanha de FHC para chegar à presidência.

A Copa

Mesmo com melhor futebol do que o apresentado na Copa anterior, o Mundial dos EUA serviu para ratificar a predominância da marcação no esporte. Quase todos os times jogaram com dois volantes no meio-campo, e muitos com três zagueiros. Os principais favoritos, Alemanha, Brasil e Itália, chegaram à competição com equipes criticadas.

A Alemanha tinha um time envelhecido, que trazia diversos jogadores campeões em 1990, e caiu nas quartas-de-final, diante da Bulgária, que, liderada por Stoichkov, foi uma das surpresas da Copa. A Itália fez um início decepcionante, perdendo para a Irlanda logo na estréia. Classificou-se na primeira fase como terceira colocada em seu grupo e chegou à final trôpega, graças quase exclusivamente à genialidade de Roberto Baggio.

A seleção brasileira, dirigida por Carlos Alberto Parreira, mantinha Dunga, símbolo do fracasso em 90, e galgava seu jogo na solidez da defesa. Mas o futebol de resultado de Parreira funcionou. Em todo o torneio, o Brasil levou apenas três gols. Sem criatividade no meio-campo, em que atuavam nada menos que três volantes, o time dependia de Romário para atacar.

E o “Baixinho” correspondeu. Fez uma Copa praticamente perfeita. Marcou gols em cinco dos sete jogos, e ainda serviu Bebeto, que marcou outros três. Na final, contra a Itália, o 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação retratou o futebol pobre do torneio. Pela primeira vez uma Copa foi decidida nos pênaltis.

Na primeira série, Baresi perdeu para os italianos, e Márcio Santos desperdiçou para o Brasil. Em seguida, Albertini/Romário e Evani/Branco fizeram 2 a 2. O título começou a ser ganho com a defesa de Taffarel no chute de Massaro. Dunga colocou o Brasil na frente. No pênalti decisivo, Roberto Baggio colocou por cima do gol. O time nacional se tornou o primeiro e único tetracampeão mundial de futebol.
 
Classificação
 Brasil
 Itália
 Suécia
4o Bulgária

Artilheiros
Salenko
Atacante
Rússia
Stoitchkov
Meia
Bulgária
Romário
Atacante
Brasil
Roberto Baggio
Atacante
Itália
Klismann
Atacante
Alemanha
Andersson
Atacante
Suécia
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O Brasil

Sobraram críticas e desconfiança para o técnico Carlos Alberto Parreira, desde as eliminatórias. O Brasil fez campanha fraca no classificatório, em que perdeu seu primeiro jogo na história, para a Bolívia, por 2 a 0.

A classificação teve que ser decidida no último jogo, contra o Uruguai, no Maracanã. Se perdesse, o Brasil estaria fora. Parreira então atendeu aos apelos populares e da imprensa e convocou Romário, do Barcelona, que até então vinha sendo preterido. A seleção venceu com dois gols do atacante.

Na Copa, a seleção continuou sendo criticada por seu jogo pragmático. Após o término da primeira fase, o treinador resolveu sacar do time o meia Raí, em má fase, em favor do volante Mazinho. A alteração tornou o time brasileiro ainda mais retrancado e dependente de Romário.

Até mesmo os jornais norte-americanos reclamavam da falta de criatividade do Brasil, que deixou de dar espetáculo para jogar como os europeus. Apesar da rejeição e da fama de retranqueiro que até hoje o perseguem, Parreira também conquistou seguidores e fez escola, sendo considerado um “estudioso” do futebol.

Sistema de disputa

Os 24 times classificados foram divididos em seis grupos de quatro. Classificaram-se os dois primeiros colocados e os quatro melhores terceiros. A diferença em relação à edição anterior foi que, pela primeira vez em um Mundial, a vitória valia três pontos, e não dois, conforme determinação da Fifa. A partir das oitavas-de-final, foram disputadas eliminatórias simples.

Destaque

Romário e Roberto Baggio fizeram para Brasil e Itália no Mundial-1994 algo semelhante ao que Maradona havia feio pela Argentina no México, em 1986. Ambas as equipes não passavam de medianas. A Itália só jogava bem se Baggio jogasse bem. Na primeira fase, ainda com o meia-atacante desencontrado, os italianos por pouco não deixam a classificação escapar. A partir das oitavas-de-final, no entanto, o jogador brilhou. Contra a Nigéria, Baggio marcou o gol de empate, que evitou a eliminação, aos 44min do segundo tempo. Na prorrogação, voltou a marcar e classificou o time. Repetiu a dose nas quartas, contra a Espanha. Os times empatavam por 1 a 1 quando, aos 43min do segundo tempo, Baggio marcou. Nas semifinais, mais uma vez dois gols do astro italiano garantiram a vitória por 2 a 1 sobre a Bulgária. Romário, pelo Brasil, só não fez gol nas oitavas, contra os EUA (fez a jogada que originou o gol de Bebeto) e na final. Decidiu as quartas-de-final, contra a Holanda, com um gol e uma deixada fantástica no gol da vitória, quando saiu da frente da bola na falta de Branco. Nas semifinais, marcou de cabeça, em meio aos “gigantes” zagueiros suecos, o único gol. Ambos terminaram como vice-artilheiros. Salenko, da Rússia, e Stoichkov, da Bulgária, fizeram seis.

Fracasso

Diego Armando Maradona levou a Argentina às finais dos Mundiais de 1986, quando se consagrou com o título, e de 1990. Em 1991 sua carreira começou a ruir com o escândalo do doping por cocaína, no Napoli, da Itália. O jogador ficou um ano e meio suspenso, mas voltou a jogar. Fora de forma, teve passagem rápida pelo Sevilla, da Espanha, e o Newell’s Old Boys, da Argentina. Mesmo acima do peso foi chamado para socorrer a seleção nas eliminatórias para a Copa-1994. A Argentina foi para a repescagem contra a Austrália e precisou da ajuda de sua maior estrela para se classificar. Nos EUA, a Argentina de Maradona mostrou grande futebol nos dois primeiros jogos. Estreou goleando a Grécia, por 4 a 0, com um gol de Maradona e três de Batistuta. Venceu em seguida a forte Nigéria, por 2 a 1. Mas nessa partida Maradona voltou a ser pego em exame antidoping. Desta vez, a substância proibida era a efedrina, encontrada em remédios para emagrecer. Sem Maradona, banido da Copa, a Argentina perdeu o jogo seguinte, para a Bulgária, e foi eliminada nas oitavas-de-final, pela Romênia. O meia, suspenso por um ano, ainda tentou voltar a jogar em 1995, pelo Boca Juniors, onde ficou até 1997, mas sua carreira estava acabada.

Curiosidades

Pela primeira vez, o goleiro não podia pegar com a mão as bolas passadas com os pés por companheiros de equipe. Com isso, muitos se postaram mais à frente da grande área, o que os levou a tomar vários gols por cobertura.
Devido ao fuso horário, 27 das 52 partidas tiveram início entre 11h30 e 13h30, desgastando fisicamente os jogadores em temperaturas acima dos 30 graus.
Pela primeira vez, foram disputados jogos de Copa do Mundo num estádio coberto, o Silverdome, em Detroit. O Brasil enfrentou ali a Suécia, na primeira fase, empatando em 1 a 1, gol de Romário.
O secretário da Receita Federal, Osiris Lopes Filho, pediu demissão por conta da liberação da bagagem de 17 toneladas do vôo da seleção, sem o pagamento das taxas de importação. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, ameaçou devolver as medalhas de mérito caso a vistoria fosse feita. Foram necessários dois caminhões e seis caminhonetes para o carregamento da bagagem.
Em represália à imprensa paulista, que acusou de formação de complô, a CBF excluiu a cidade de São Paulo do roteiro oficial da recepção aos campeões, que incluiu as Recife, Brasília e Rio.
Em homenagem ao piloto de F-1 Ayrton Senna, morto no mesmo ano em acidente em Imola, os jogadores exibiram, após a final contra a Itália, uma faixa que dizia: “Senna, aceleramos juntos. O tetra é nosso”.
Em todas as partidas, os titulares do Brasil entraram em campo de mãos dadas.
O zagueiro Escobar, da Colômbia, foi assassinado em seu país por marcar um gol contra no jogo com os EUA, na primeira fase da Copa.
O atacante russo Salenko colocou seu nome na história das Copas num jogo despretensioso: Rússia x Camarões, duas equipes já desclassificadas. Mas Salenko marcou cinco gols na vitória por 6 a 1, recorde numa partida de Mundiais. Por 45 anos, o uruguaio Schiaffino teve a mesma marca, mas a Fifa tirou dele a autoria de um dos gols da vitória de 8 a 0 contra a Bolívia, em 1950.
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