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HISTÓRIA


Coréia/Japão - 2002

Contexto histórico

Jogadores brasileiros comemoram a inédita conquista do pentacampeonato mundial

Primeiro Mundial disputado após os maiores atentados terroristas da história, em que aviões atingiram e destruíram as duas torres do World Trade Center, em Nova York, e parte do prédio do Pentágono, nas cercanias de Washington, a Copa da Coréia do Sul e do Japão teve como principal preocupação a segurança.

Apesar do temor, não houve registros de incidentes de nenhum cunho. Nem mesmo manifestações tradicionais em eventos de grande porte, como protestos contra a globalização econômica ou políticas ambientais foram vistos. Nem mesmo a tensão que ainda persiste entre a Coréia do Sul, co-anfitriã ao lado do Japão, e sua vizinha do norte abalou o torneio.

A Copa

A Copa Coréia/Japão-2002, primeira do século 21, primeira a ser realizada no continente asiático e primeira a ser dividida entre dois países, teve momentos distintos.

Marcada por zebras e resultados surpreendentes, como as eliminações da então campeã França e da favorita Argentina na primeira fase _além de escandalosos erros de arbitragem_, acabou sendo decidida pelas duas seleções mais vitoriosas da história, Brasil e Alemanha.

À exceção dos finalistas, o nível técnico apresentado foi bastante baixo. A média de gols ficou em 2,51, a segunda pior em todos os tempos, superando somente a Itália-90 (2,21).

Seleções de pouca tradição, como Turquia e Coréia do Sul, chegaram às semifinais. Repetindo Copas anteriores, a África teve o time sensação da competição. Senegal, que debutava em Copas, foi às quartas-de-final, igualando recorde de Camarões.

Pela primeira vez na história, a fase que reúne os oito melhores teve representantes de cinco federações continentais _Alemanha, Espanha, Inglaterra e Turquia (Uefa), Brasil (Conmebol), Estados Unidos (Concacaf), Senegal (CAF) e Coréia do Sul (AFC).

Apesar de toda a inédita globalização, a final foi disputada pelas duas equipes que mais vezes haviam chegado a decisões _agora, sete cada uma_ e manteve o “mapa da bola” inalterado.

O Brasil venceu os alemães por 2 a 0, com dois gols de Ronaldo, e se tornou o primeiro e único país pentacampeão mundial.
 
Classificação
 Brasil
 Alemanha
 Turquia
4o Coréia do Sul

Artilheiros
Ronaldo
Atacante
Brasil
Rivaldo
Atacante
Brasil
Klose
Atacante
Alemanha
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O Brasil

Desacreditada após vexames históricos como a eliminação na Copa América-2001 pela inexpressiva Honduras e a campanha pífia nas eliminatórias, além da crise fora de campo com duas CPIs investigando o esporte no Congresso, o Brasil surpreendeu durante a Copa.

Grande parte da conquista começou já na convocação final de Luiz Felipe Scolari. O treinador alijou do Mundial o atacante Romário, apesar do clamor popular que teve coro até mesmo do presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, e outros “bad boys”, como Djalminha.

Com isso, manteve o controle sobre o grupo. O vínculo entre jogadores e técnico e o ambiente no elenco se fortaleceram.

O sucesso brasileiro também teve ajuda da sorte. O time não só ficou no grupo mais fraco na primeira fase como foi beneficiado pela eliminação dos principais adversários que teria nos mata-matas _Argentina e França.

A insistência do técnico completou o quadro. Sem abrir mão do esquema 3-5-2, que vai contra as tradições brasileiras, Scolari fez questão de contar com Ronaldo e Rivaldo, que voltavam de contusões, como titulares.

A aposta deu resultado. Ressurgidos, os dois jogadores lideraram a seleção na conquista. Ronaldo foi, inclusive, o artilheiro da competição, com oito gols. Rivaldo marcou cinco.

Sistema de disputa

As 32 equipes classificadas foram divididas em oito grupos de quatro times cada. Apenas os dois primeiros colocados de cada chave se classificaram. A partir das oitavas-de-final, foram disputadas eliminatórias simples. Pela primeira vez, as prorrogações tiveram a morte súbita (a partida acaba quando um time marca um gol).

Destaque

Pivô do fracasso brasileiro na Copa da França-98, em que teve uma crise nervosa antes da final, o atacante Ronaldo ressurgiu na Copa-2002. Após duas cirurgias no joelho direito e um calvário de quase dois anos afastado dos gramados, poucos acreditavam que o jogador pudesse voltar a jogar o futebol que o fez ficar conhecido como “Fenômeno”. Mesmo com problemas musculares, Ronaldo foi o artilheiro do Mundial, com oito gols, e igualou Pelé em número de gols marcados em Copas _12. O jogador balançou a rede em seis dos sete jogos brasileiros. Só passou em branco nas quartas-de-final, contra a Inglaterra. Na final, foi o grande herói da conquista brasileira, ao marcar os dois gols que deram a vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha.

Fracasso

Os dois maiores favoritos ao título da Copa-2002 foram justamente os dois maiores fiascos da competição. A França, então campeã, e a Argentina, dona da melhor campanha nas eliminatórias sul-americanas, não conseguiram passar nem mesmo da primeira fase. Os franceses mantiveram a base da conquista de 1998, mas não puderam contar com o astro Zidane nas duas primeiras partidas. Logo no jogo de abertura da competição, foram derrotados por Senegal, por 1 a 0, numa das maiores zebras da história _os senegaleses estreavam em Copas. Em seguida, empataram em 0 a 0 com o Uruguai e perderam por 2 a 0 para a Dinamarca, fechando a participação sem marcar um único gol. A seleção argentina integrou o “grupo da morte”. Após uma vitória por 1 a 0 contra a Nigéria, o time fez um dos jogos mais esperados da Copa contra a Inglaterra. Um gol de Beckham cobrando pênalti garantiu a revanche inglesa, eliminada pela Argentina em 1986 e 1998. Precisando vencer a Suécia para avançar, o time de Marcelo Bielsa não conseguiu sair de um empate em um gol.

Curiosidades

O técnico Luiz Felipe Scolari utilizou 21 dos 23 jogadores convocados na campanha brasileira, igualando marca de 64 anos _na Copa-38, a mesma quantidade de jogadores foi utilizada. Somente os goleiros reservas Dida e Rogério Ceni não entraram em campo nenhuma vez.
Um legião de jogadores adotou o corte de cabelo estilo moicano na Copa, liderados pelo astro inglês David Beckham. No Brasil, Ronaldo inventou um novo corte, com apenas uma mecha de cabelo na parte da frente da cabeça.
Aos 35 anos, o atacante Claudio Caniggia protagonizou uma cena inusitada. Sem ter entrado em campo nenhuma vez, foi expulso na terceira partida da Argentina, contra a Suécia, mesmo estando no banco de reservas.
O meia-atacante Fadiga, do Senegal, chegou a ser detido na Coréia do Sul por ter furtado um colar de ouro de cerca de US$ 250 numa loja. Ele confessou ter roubado “por curiosidade” e acabou perdoado. E ainda recebeu um pingente de boa sorte do proprietário da joalheria.
O volante Emerson, principal homem de confiança de Scolari, foi cortado da seleção na véspera da estréia na Copa. Motivo: luxou o ombro quando “brincava” como goleiro num treino recreativo.
Pela primeira vez na história, os torcedores que estiveram nos estádios puderam acompanhar o jogo também em telões, com direito a replays.
O policiamento para o jogo entre ingleses e argentinos teve cenas cômicas. Vários seguranças portavam uma espécie de cartão amarelo ou vermelho para mostrar aos torcedores que transgredissem as rígidas regras de conduta dos estádios nipônicos. O cartão amarelo dizia: ‘Fique quieto‘. O outro: ‘O senhor está detido‘.
O atacante Hwan Ahn, da Coréia do Sul, comemorou o gol que fez contra os EUA como se estivesse patinando. Era um protesto contra a cassação da medalha de ouro do patinador de velocidade Kim Dong-sung, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Salt Lake City, decisão que favoreceu o americano Apolo Anton Ohno.
Um sul-coreano, de pouco mais de 20 anos, de acordo com as autoridades locais, se matou ateando fogo ao próprio corpo. Segundo o bilhete que deixou antes do suicídio, ele pretendia ajudar a seleção de seu país na Copa. Na nota, ele afirmava que queria ser ‘um fantasma, o 12º jogador de sua seleção‘, revelou a polícia.
Os dois atacantes alemães na Copa, Miroslav Klose (cinco gols) e Oliver Neuville (um) não eram alemães. O primeiro nasceu na Polônia, e o segundo, na Suíça.
Um total de 48 detentos escaparam de uma prisão na Indonésia enquanto guardas de segurança e carcereiros assistiam à partida entre Brasil e Bélgica pelas oitavas-de-final do Mundial. Os sentinelas do presídio de Pekanbaru, na ilha de Sumatra, foram dominados pelos prisioneiros enquanto acompanhavam pela TV a vitória brasileira por 2 a 0.
O governo sul-coreano resolveu isentar os atletas do selecionado nacional dos 25 meses de serviço militar obrigatório. A medida visou a premiar os esforços dos jogadores, que chegaram às semifinais, um recorde histórico.
O herói da seleção da Coréia do Sul às quartas-de-final, Ahn Jung-hwan, autor do gol que eliminou a Itália na prorrogação, soube após o jogo que o time italiano pelo qual atuava, Perugia, havia o demitido. Depois, o clube voltou atrás.
‘Levanta-te, Senhor, e impede o Brasil de dominar-nos. Ergue a tua mão e anula a potência de Ronaldo e de Rivaldo. E coloque a dúvida sobre Ronaldinho‘, oração criada pelo reverendo Jeremy Fletcher, da Igreja Anglicana, antes do jogo entre Brasil e Inglaterra.
A seleção da Turquia fez história como a primeira de um país muçulmano a chegar às semifinais da Copa.
Os erros grotescos de arbitragem durante a Copa motivaram o presidente da Fifa, Sepp Blatter, anunciar que, a partir de 2003, será utilizado um segundo juiz em campo, com a finalidade de ajudar o árbitro principal e seus dois assistentes em suas principais decisões.
64 estrangeiros foram impedidos de entrar no Japão como parte do programa de segurança da Copa do Mundo. 51 eram britânicos e dois, irlandeses. O serviço de imigração japonês introduziu novas leis antes de o Mundial começar para não permitir a entrada de hooligans com antecedentes criminais.
No dia da final da Copa, os piores times no ranking da Fifa, Butão e Montserrat, disputaram uma partida patrocinada pela empresa holandesa Kesselkramer, cujo objetivo era fazer um documentário de uma ’final alternativa’ da Copa. Butão venceu por 4 a 0, mas o título de “pior do mundo” ficou com Montserrat.
O atacante turco Hakan Sukur marcou o gol mais rápido da história das Copas na disputa do terceiro lugar contra a Coréia do Sul, aos 11 segundos de jogo.
A audiência estimada da final da Copa foi de cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo todo, uma das maiores audiências da televisão de todos os tempos, segundo a Host Broadcast Services.
Pela excepcional campanha da Coréia do Sul na competição, o técnico holandês Guus Hiddink recebeu, entre outras coisas, cerveja gratuita para o resto de sua vida (de um hotel de Seul), US$ 1 milhão da Federação Sul-Coreana de Futebol, passagens aéreas de primeira classe por quatro anos (da Korean Airlines) e uma mansão na ilha de Jeju do governo local, além da maior condecoração esportiva do país, a medalha do Dragão Azul.
A Alemanha protagonizou o jogo mais violento e o de mais "fair play" na Copa. Contra a Irlanda, na primeira fase, não houve um único cartão. Contra Camarões, também na fase inicial, foram 15, sendo dois vermelhos. Clique aqui para mandar sua sugestão, crítica ou dúvida.


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