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22/11/2002

ALTO RISCO Com muitos papéis em baixa, momento é propício para investimentos a longo prazo, recomendam consultores

Ações testam a paciência do investidor

SILVANA MAUTONE
free-lance para a Folha de S.Paulo

Aplicar em ações ainda tem se mostrado um investimento para quem tem estômago forte. Apesar desses fundos terem registrado alta expressiva em outubro, eles ainda acumulam desempenho negativo no ano, a exemplo do que ocorreu em 2001. Até outubro, os fundos indexados ao Ibovespa, índice da Bolsa paulista, registravam queda de 24,92%.

Mas, segundo consultores, é justamente em momentos como esse _quando os preços dos papéis estão baixos_ que se deve entrar num fundo de ações. Mas é sempre bom lembrar que não há garantias de que eles não venham a cair ainda mais. "A chance de ganhar dinheiro com a Bolsa é muito grande", afirma o consultor financeiro Fábio Colombo.

Ele adverte, porém, que esse retorno não deve ser obtido no curto prazo. "Quem entrar num fundo de ações hoje, não deve esperar retorno antes de três anos. Ele pode até ocorrer, mas o investidor não deve contar com isso", diz.

O consultor Mauro Halfeld também defende a aplicação em ações. Segundo ele, o investidor tem que começar a aprender a correr riscos, porque os investimentos mais tradicionais, como poupança, fundos DI e de renda fixa, apresentam dificuldade em repor as perdas com a inflação.

Para quem não tem familiaridade com esse mercado, a consultora Márcia Dessen recomenda que o valor aplicado em ações fique em torno de 5% a 10% do patrimônio, nunca mais do que isso. "Quem tem 30% dos recursos em Bolsa já é definido como um investidor muito agressivo", diz.

Ela explica que quem entrar agora em Bolsa precisa acreditar que a economia tende a melhorar nos próximos anos, o que beneficiará as empresas e, consequentemente, suas ações. "Mas é preciso ser paciente. Não adianta ficar acompanhando o desempenho do fundo todo dia."

Para testar sua própria resistência emocional à volatilidade, ela recomenda que o investidor que nunca aplicou antes em Bolsa coloque uma quantia pequena, como R$ 500, num fundo de ações. "Essa é uma boa experiência para um marinheiro de primeira viagem no mercado acionário."

O investidor também deve pesquisar em que tipo de fundo de ações prefere entrar _há uma infinidade deles. Há fundos, por exemplo, que são atrelados ao Ibovespa e por isso investem em papéis que compõem o índice. Outros têm uma postura mais ativa do gestor, que procura melhores oportunidades no mercado e, por isso, aceita correr mais riscos. Também há os chamados setoriais, que só investem em ações de empresas de segmentos específicos, como energia e telecomunicações.

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