moda / ensaio
volta do glamour muda tudo
mídia e indústria forçam novos valores para incentivar varejo
A moda está em mudança. Começam a sair de cena valores do chamado estilo boêmio, como se convencionou chamar o pacotão que inclui folk, babadinhos, franjas e um certo hippismo. Ficamos mais de um ano sob essa influência -o que agradou amplamente consumidoras de todo o mundo (São Paulo, Rio, Paris e Nova York estão cobertas dessas roupas, da loja mais chique à mais popular).
No Hemisfério Norte aterrisam nas prateleiras as peças de inverno (para um frio que, é verdade, ainda não chegou) e, nas revistas internacionais, já aparecem as campanhas das grandes marcas e os editoriais de famosos stylists com badalados fotógrafos. A imagem é totalmente diferente. Sai a mulher artesanal, entra a mulher fatal. É a volta do sexy, a volta do glamour, gritam as manchetes. Gisele reina num barco, de vestido Saint Laurent de cristais Swarovski -diamantes Tiffany- na "Vogue" América. Na "Vogue" Itália, Angela Lindvall é fotografada por Steven Meisel como uma estrela de cinema, seguindo o estilo da campanha Prada com Amber Valetta em approach Jean Harlow (os anos 30 são tendência!).
Mídia e indústria forçam, portanto, o funcionamento da engrenagem da moda para garantir sua existência, em tempos de profunda crise global -instintivamente ou não. Em linhas gerais: é preciso ter novos desejos para sair às compras. O impulso de ter uma roupa diferente, de criar para si uma imagem vinda de uma revista, de um desfile ou simplesmente vista em outra mulher faz tudo acontecer. É a mágica da moda. E do varejo.
erika palomino
foto reprodução
A modelo Amber Valetta na campanha de inverno 2002 da Prada, que remete à imagem do glamour hollywoodiano de Jean Harlow nos anos 30
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