Folha Online Esporte Regionais
Regionais
HISTÓRIA

Política incha a edição deste ano
Folha Imagem
Eduardo José Farah é o presidente da Liga Rio-São Paulo

O Torneio Rio-São Paulo nunca teve tantos participantes como em 2002, quando 16 clubes disputarão o troféu. Desde que foi criada, em 1933, a competição teve diversas fórmulas de disputa, mas nunca havia ultrapassado a barreira de 12 clubes _justamente os que se inscreveram na primeira edição.

A explicação para o inchaço está na criação da Liga Rio-São Paulo, entidade que nasceu na esteira da nova legislação esportiva brasileira e que reúne os principais clubes dos dois Estados (seus fundadores são Botafogo, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco).

Como prevê a lei, os clubes associados em ligas podem organizar seus próprios campeonatos. Organizar não é bem a palavra: no caso do Rio-São Paulo-2002, foram diversas idas e vindas até a definição dos 16 participantes, alguns deles, casos de Jundiaí, Bangu, Americano e Guarani, escolhidos de acordo com critérios exclusivamente políticos e econômicos.

Torneio é marcado pela desorganização
Folha Imagem
Em 64, o Botafogo de Garrincha e
o Santos de Pelé dividiram o título

Não foram poucas as vezes em que a desorganização administrativa comprometeu o Torneio Rio-São Paulo, a primeira competição interestadual de clubes do país, que acabou dando origem ao Campeonato Brasileiro.

Depois da primeira edição, em 1933, vencida pelo Palestra Itália, houve um intervalo de 17 anos até que o campeonato voltasse a ser disputado regularmente, em 1950. Dez anos antes o torneio chegou a começar, com os jogos valendo também pelos estaduais paulista e carioca. Mas a falta de interesse do público provocou seu cancelamento antes que fosse conhecido o campeão.

A falta de um calendário racional no futebol brasileiro condenou também o Rio-São Paulo em 1956, quando ele não foi disputado. Em 1964, Botafogo e Santos dividiram o título porque simplesmente não tinham datas disponíveis para as partidas finais.

Dois anos depois, quatro clubes (Botafogo, Santos, Vasco e Corinthians) foram considerados campeões pelo mesmo motivo. Na época, o que atrapalhou foi a desastrosa preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo-1966.

Foi o que bastou para que o Rio-São Paulo caísse no esquecimento até 1993, quando acabou resgatado numa versão compacta. Mesmo assim, houve nova interrupção, desta vez de quatro anos, até a retomada definitiva, em 1997.

Domínio dos paulistas
Folha Imagem
Roberto Carlos atuou na campanha vitoriosa do Palmeiras em 1993

Durante muito tempo o torneio foi bem mais São Paulo do que Rio. Basta dizer que as primeiras sete edições foram vencidas por clubes paulistas. Coube ao Fluminense, em 1957, resgatar a honra carioca e quebrar a sequência dos rivais. Para completar, a segunda e terceira posições daquele torneio ficaram com Flamengo e Vasco.

A partir dali, a situação se inverteu e, nas seis edições seguintes, os times do Rio venceram quatro. Só o Santos de Pelé era capaz de fazer frente a Vasco, Botafogo, Fluminense e Flamengo. Inclusive nas duas vezes em que o título foi dividido.

Na "era moderna" da competição (a partir de 1993), os clubes paulistas retomaram a hegemonia e faturaram quatro dos seis títulos em jogo. Ao todo, São Paulo tem 14 taças, contra apenas 7 dos cariocas _sem levar em conta as vezes em que ela foi dividida. Com esse critério, o número de conquistas paulistas subiria para 17, contra 10 dos adversários.

Desfile de craques
Folha Imagem
Waldemar de Brito é o maior artilheiro da história do torneio

Pelo Torneio Rio-São Paulo desfilaram alguns dos principais jogadores do futebol brasileiro. Em 1933, Waldemar de Brito marcou 33 gols em 22 jogos pelo São Paulo da Floresta numa competição que teve média de 4,23 gols por partida. É, até hoje, o recorde do torneio.

Os anos 50 viram o ataque do Corinthians, formado por Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário, arrasar os adversários. Mas o Palmeiras não ficou para trás e, com jogadores como Liminha e Jair, ganhou o Rio-São Paulo e a Copa Rio em 1951. No final da década, surgiu Pelé, campeão com o Santos em 1959 e 1963.

Em 1961, num jogo contra o Fluminense, Pelé marcou aquele que é considerado um dos gols mais bonitos de todos os tempos após driblar seis adversários e bater na saída do goleiro Castilho. Ganhou uma placa no Maracanã pelo feito. Nascia, assim, a expressão "gol de placa".

Entre os clubes cariocas, o Botafogo de Garrincha e Gérson também fez história nos anos 60.

Enfim, o São Paulo
Folha Imagem
Atletas do São Paulo comemoram a quebra do jejum, em 2001

A "era moderna" do torneio deu ao São Paulo, único grande clube dos dois estados que até então nunca havia conquistado o título, a chance de levantar a taça pela primeira vez. Em 1998, o triunfo acabou escapando na final contra Botafogo, mas em 2001, os paulistas conseguiram a revanche, com a revelação Kaká como grande destaque.

O Santos, outro time que não conquistava um título havia bastante tempo, também ganhou o Rio-São Paulo em 1997.

Rio-São Paulo
Sul - Minas
Nordeste
Centro-Oeste
Norte

Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).