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Vale do Rio Doce

Conheça a Vale do Rio Doce,
líder no mercado mundial

SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo

A Vale do Rio Doce é uma das antigas jóias da coroa brasileira. Criada em 1942 pelo governo e privatizada em 1997, a Vale é a maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo, com uma produção de 92,6 milhões de toneladas no ano passado. "Ela é líder em um mercado consolidado, no qual as oscilações de preço são pequenas, as margens de lucro altas e a demanda mundial crescente", diz Marcelo Kayath, diretor de mineração do Credit Suisse First Boston para a América Latina.

"Suas perspectivas de longo prazo são ótimas." O mercado mundial demanda hoje 450 milhões de toneladas de minério de ferro e deverá chegar a 500 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. Hoje esse apetite vem sendo saciado por três grandes mineradoras: a Vale e as inglesas Rio Tinto e BHP Billiton.

Juntas, elas detêm 70% dos negócios globais. A Vale sozinha abocanha 32%, segundo projeção da HSBC CTVM (Corretora de Títulos e Valores Mobiliários) para este ano.

Os balanços da companhia mostram que sua margem líquida é de cerca de 50%. "Isso significa que, para cada R$ 100 mil de vendas, ela gera R$ 50 mil de caixa, descontadas as despesas", diz Kayath. Até 30/09/2001 as receitas da Vale somavam R$ 4,087 bilhões e o lucro líquido R$ 2,41 bilhões.

São números apetitosos para o investidor que pretende deixar seu dinheiro aplicado a longo prazo nos papéis da empresa, já que ela distribui metade do lucro, como dividendos, aos acionistas.

Competitiva, já que produção e transporte de minério são integrados, dona de reservas minerais de alta qualidade, o que poderia toldar seu futuro? A atividade de mineração está bastante correlacionada ao setor siderúrgico internacional e sujeita ao nível da atividade econômica mundial. A desaceleração econômica e um jogo pesado que começa a ser armado no tabuleiro internacional poderão afetar a Vale.

O governo norte-americano vem tentando forçar uma redução na produção siderúrgica mundial, para ajustá-la à queda da demanda e proteger os interesses das siderúrgicas dos Estados Unidos com sobretaxas.

Segundo analistas da Corretora Fator Doria Atherino, essa movimentação deverá ter impacto negativo nas mineradoras, as fornecedoras do setor siderúrgico, afetando os preços internacionais do minério. "Esperamos redução de 2% nos preços em 2002", diz relatório da corretora. Por conta disso, seus analistas projetam queda no lucro da Vale neste ano.

Já os analistas da HSBC CTVM dizem acreditar que, embora uma redução na produção mundial de aço possa afetar as vendas da Vale, isso poderia ser contornado pela demanda do mercado chinês. A redução nos preços, diz Kayath, poderia ser contrabalançada pela desvalorização do real.

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