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Veja o que causou o golpe contra Hugo Chávez na Venezuela

LIGIA BRASLAUSKAS
da Folha Online

Hugo Chávez, 47, sofreu o mais rápido golpe de Estado da história depois que a população venezuelana resolveu aderir a uma greve geral no país que durou dois dias e culminou com uma marcha violenta que deixou mortos e feridos.

A marcha, ocorrida no dia 11 de abril, foi convocada pela CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela, maior sindicato do país) e pela Fedecámaras [maior associação empresarial venezuelana], associada a um longo protesto dos funcionários da PDVSA, a petrolífera estatal.

Reuters - 14.abr.2002
Hugo Chávez, presidente da Venezuela
Chávez foi eleito presidente em 1998 com votação esmagadora e reeleito em julho de 2000, com 59,7% dos votos, depois de mudar a Constituição para que a eleição pudesse acontecer. Seu mandato termina em 2007.

A insatisfação contra Chávez cresceu devido ao seu estilo autoritário, à agenda de esquerda, ao fracasso no combate ao crime, à pobreza e à corrupção. A situação econômica também foi agravada pela queda nos preços do petróleo -a Venezuela é o quarto maior exportador de petróleo do mundo.

A situação começou a piorar no ano passado, quando Chávez lançou e conseguiu aprovar um pacote de 49 leis que permitiu expropriar terras para exploração de petróleo. A atitude causa indignação entre o setor empresarial -maior opositor de Chávez- que dá início a greves. A exemplo dos petroleiros, outros setores também começam a se opor às ações de Chávez.

A aproximação de Chávez com Fidel Castro, presidente de Cuba -país que recebe petróleo da venezuela a preços especiais- e a frequente retórica anti-Washington também sempre desagradaram os EUA.

Em pronunciamento no Congresso norte-americano, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, chegou a dizer que o presidente George W. Bush estava descontente com as políticas adotadas pelo governo venezuelano.

No início deste ano, Chávez passou a enfrentar várias manifestações populares encabeçadas por diferentes setores, principalmente o petrolífero, o que deu à oposição aliados importantes, como militares de média patente no país.

A atitude que sela a sorte de Chávez à frente do governo venezuelano ocorre quando o presidente derruba o quadro de executivos da estatal petrolífera PDVSA, mas os demitidos se recusam a deixar seus postos.

Pouco tempo depois, uma greve geral, inicialmente marcada para ter duração de 24 horas, recebe grande apoio. Em massa, a população sai às ruas no dia 10 de abril e estende a greve por dois dias. No dia 12 de abril, militares anunciam a "renúncia" de Chávez e empossam como presidente provisório do país Pedro Carmona, 60, presidente da organização empresarial venezuelana Fedecámaras -que destituiu o Congresso e anunciou novas eleições em um ano. Carmona governou o país por 24 horas.

Apoiado por militares simpatizantes do presidente deposto e indignados com a situação irregular imposta ao país, o vice de Chávez, Diosdado Cabello, assume a Presidência no dia 13 de abril e diz que fica no poder até que Chávez reapareça para assumir suas funções ou renunciar oficialmente ao cargo. Horas depois, Chávez reaparece e reassume o governo da Venezuela.


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