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Eleições argentinas
23/04/2003

Saiba como foi a última legislatura

da Folha Online

A legislatura de múltiplos presidentes que se encerra na Argentina foi uma das mais turbulentas da história do país.

Após dois mandatos consecutivos de Carlos Menem (1989-99), impedido de concorrer à nova eleição pela Suprema Corte, o partido peronista perde o poder para a Aliança. Fernando De la Rúa derrota nas urnas o então governador de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, por 48,5% contra 38,05% dos votos.

Diante de um cenário e crise e recessão, De la Rúa adota um pacote de medidas de austeridade econômica em 2000. Na sequência, consegue aprovar uma reforma trabalhista, que altera a política sindical. Em resposta, o país vivência um período de greves e protestos.

Turbulências

As turbulências do governo De la Rúa se estendem ao longo do ano até novembro de 2001, quando a crise estoura. O cenário é de convulsão social, com saques, violentas manifestações e confrontos nas ruas.

Em 18 de dezembro, o ministro da Economia Domingo Cavallo renuncia. Dois dias depois, Fernando De la Rúa também deixa o cargo, e o presidente do Senado, Ramón Puerta, assume a Presidência interinamente.

Com a queda do governo De la Rúa, o peronismo retoma o poder no ano seguinte. O próximo presidente, eleito pelo Congresso, foi Adolfo Rodríguez Saá, governador da Província de San Luís. Recém-empossado, ele anuncia moratória da dívida externa de US$ 132 bilhões, mas, sem o apoio de seu partido, não resiste mais do que uma semana.

Duhalde

Em janeiro de 2002, o candidato derrotado nas eleições, Eduardo Duhalde é conduzido à Presidência, em caráter emergencial, pelo Congresso. Ele anuncia a intenção de desvalorizar a moeda após uma década de paridade cambial com o dólar. O Senado aprova desvalorização de 30%.

Entre as medidas de Duhalde, a mais polêmica foi a implementação do “corralito”, que bloqueou parcialmente os depósitos bancários. Os protestos reiniciaram. Paralelamente, o presidente trava um embate com com a Justiça, e a Suprema Corte derruba parte das medidas que limitam os saques de depósitos.

Na contramão, o governo promove a pesificação (medida que havia convertido dívidas e depósitos de dólares para pesos) total da economia. A medida leva milhares de pessoas aos bancos à procura de dólares. A moeda norte-americana chega a ser negociada a 4 pesos.

Troca

Após nova troca no Ministério da Economia, Roberto Lavagna assume a pasta diante de incertezas sobre a própria continuidade de Duhalde no poder e nova onda de violência nas ruas. O presidente convoca eleições para março de 2003.

No final do ano, a situação começa a abrandar-se com cenário de leve recuperação econômica, que acena para relativa estabilidade. Depois de muitas discussões, o FMI (Fundo Monetário Internacional) posterga o pagamento de parte da dívida de US$ 140 milhões. Paralelamente, o governo diz que não pagaria parcela da dívida com o Banco Mundial.

No dia 2 de dezembro, 21 bilhões de pesos (US$ 5,83 bilhões) retidos com o “corralito” são liberados. Em 28 de janeiro de 2003, chega ao fim o “corralón” ( _medida que há quase um ano congelou o dinheiro depositado em fundos de investimentos e outras aplicações de prazo fixo). A Corte Suprema ainda tenta a redolarização dos depósitos.


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