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27/01/2003

Livres: Fundos testam sangue frio dos investidores

Rendimento chega a 215%

da Folha de S.Paulo

Não é qualquer pessoa que tem estômago para investir em fundos livres, também chamados de multicarteira ou derivativos. Esses fundos podem fazer todo tipo de aplicação financeira. Fazem operações que envolvem papéis pós e prefixados, juros futuros, ações, câmbio, títulos da dívida externa e outros. Muitas vezes, as posições assumidas podem significar investimentos cujos valores que superam o patrimônio do fundo, potencializando ganhos ou perdas. É o que os gestores chamam de "alavancagem".

Segundo o consultor Alexandre Póvoa, o cliente dá um "cheque em branco" para o gestor. "É ele quem vai definir qual é o melhor momento para aplicar, o que significa assumir mais riscos."

Em 2002, os fundos livres renderam um pouco mais do que os de renda fixa ou DI, mais conservadores. Enquanto os livres registraram ganhos médios de 16,1%, os de renda fixa renderam 15,74%, e os DI, 15,72%.

Já na comparação entre os mais rentáveis por categoria, a situação é outra: enquanto nos livres há fundos que obtiveram ganhos acima de 200%, os mais rentáveis fundos DI e de renda fixa registraram algo em torno de 20%.

O FIF Pactual Fx Alavancado (aplicação mínima de R$ 50 mil) foi o mais rentável de todos os fundos em todas as categorias: 215,37%. Segundo Rodrigo Xavier, da Pactual, o fundo é arriscado e, por isso, não é recomendado a qualquer cliente.

"Como ele fica 100% atrelado em dólar, e ainda faz posições de alavancagem, se o dólar subir, gera ganhos. Mas, se cair, as perdas são grandes."

Entre os fundos livres que exigem aplicação mínima até R$ 5 mil, os três que obtiveram maiores rentabilidades são da Hedging-Griffo. O Verde, por exemplo, rendeu 48,72%. "Tivemos uma gestão bem ativa. Com relação ao câmbio, nossa exposição variou de 0% a 100%", diz o diretor Luiz Stuhlberger.

Entre os fundos que exigem aplicação mínima entre R$ 5 mil e R$ 20 mil, o destaque foi o Claritas Hedge, da Claritas Investimentos _um dos fundos de terceiros escolhidos pela Hedging-Griffo. Segundo Marcelo Karvelis, sócio da Claritas, esse fundo tem como meta obter um rendimento 10% superior à variação do CDI, independentemente da situação do mercado financeiro.

No primeiro trimestre, o fundo obteve ganhos aplicando em C-Bonds (títulos da dívida externa brasileira). "Compramos quando eles estavam desvalorizados e conseguimos vendê-los quando o mercado estava otimista com relação ao Brasil", diz Karvelis. De abril a setembro, as operações mais rentáveis foram com dólar. A partir de outubro, quando se dissiparam as incertezas em relação à eleição, os C-Bonds voltaram a ser uma boa opção.

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