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27/01/2003

Futuro: Bombardeio de perguntas sobre fundos deve ser permanente

Respostas ajudam a definir qual o melhor destino para o seu dinheiro

SUZANA BARELLI
Free-lance para a Folha de S.Paulo

As perdas dos fundos de investimento no ano passado mostraram que, na hora de escolher uma aplicação, não se deve apenas analisar a sua rentabilidade passada ou a previsão de ganhos naquele mês. Respostas sinceras a questões como qual o perfil de risco que o pequeno investidor quer _e pode_ correr ou qual taxa de administração e o valor mínimo de depósito de cada fundo amenizam as surpresas nos extratos bancários no final de cada mês.

Por isso, antes de tirar o dinheiro da conta corrente e colocá-lo num novo fundo, faça a você mesmo e a seu gerente as questões destacadas ao lado, preparadas para a Folha pelo consultor Alexandre Póvoa. As perguntas irão ajudá-lo a descobrir qual o melhor investimento a partir do seu perfil de poupador. Mas, em alguns casos, as respostas dependerão do rumo que economia irá tomar no governo Lula.

Ações da equipe econômica interferem diretamente no desempenho dos fundos de investimento. Se o regime de metas da inflação for preservado, por exemplo, os fundos lastreados em IGP-M _que mede as variações de preços_ podem render menos. "Se o regime for afrouxado, é possível reviver os processos inflacionários, com ganhos nos fundos lastreados no índice", diz Póvoa.

Saber como o Banco Central tende a reagir nos momentos de crise nos mercados de juros e de câmbio ajuda a planejar o investimento em fundos de renda fixa e cambiais. O mesmo vale para os períodos de bonança. Será que o BC irá comprar ou vender dólares para interferir na taxa de câmbio? Se o superávit primário nas contas públicas for mantido ou aumentado, pode haver espaço para a queda dos juros no futuro, novamente com impacto direto nos fundos de renda fixa e de ações. O ritmo das reformas, principalmente a da Previdência, é outra questão importante. "Se, a partir de fevereiro, os sinais de implementação das reformas forem sinalizados fortemente, os fundos de ações podem se beneficiar bastante", afirma Póvoa.

Se o governo Lula alterar a política tributária dos fundos, os rendimentos podem mudar entre as aplicações. Atualmente, o IOF é punitivo para quem fica menos tempo com o dinheiro aplicado nos fundos, e o imposto de renda (20%) é igual para os fundos de ação e de renda fixa. Há expectativa, por parte do mercado, que os fundos de ações sejam beneficiados com uma alíquota menor, tornando-se assim mais atrativos.

Os fundos de ações também tendem a se beneficiar se o Congresso aprovar o projeto de lei que permite o uso do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) na compra de ações de empresas que pratiquem a governança corporativa. Mas será que o investidor poderá usar parte do FGTS para comprar ações? E em qual volume? A decisão, novamente, ainda não está tomada.

As ações da Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza os fundos de renda fixa e variável, também devem influir no rendimento das aplicações. Se o órgão instituir uma metodologia única de marcação a mercado, ao contrário do que ocorre hoje, haveria menos distorções entre os rendimentos dos fundos.

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