|
03/10/2003
Petrobras completa 50 anos e tenta se equilibrar entre o público e o privado
da Folha de S.Paulo
A Petrobras completa hoje 50 anos no ápice de seu vigor financeiro e envolta no mesmo debate entre "liberais" e "nacionalistas" que marcou sua criação, em 1953, por Getúlio Vargas, sob o lema "O Petróleo é Nosso".
Desde 1995, quando o monopólio da empresa foi quebrado, seu poderio não foi sequer arranhado pela concorrência. O lucro da Petrobras saltou dos US$ 640 milhões, em 1996, para US$ 2,7 bilhões no ano passado. Deverá fechar este ano com ganho inédito de US$ 5 bilhões. Na prática, a companhia trocou o monopólio legal pelo monopólio de fato.
Líder em tecnologia de exploração em plataformas marítimas, a Petrobras detém hoje 98% da produção, do refino, da importação e do transporte de petróleo e fornece 88% do produto consumido no Brasil. É a 15ª maior empresa petrolífera do mundo.
À solidez dos números se contrapõem críticas recentes e contradições estruturais. A empresa equilibra-se com dificuldade entre a busca do lucro e sua função social. O governo detém 55,7% do capital votante da companhia, controla sua gestão e nomeia diretores. Por outro lado, há mais de 450 mil investidores privados que exigem um comando unicamente empresarial, que vise ao lucro.
Na campanha eleitoral, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva propôs reforçar o papel da empresa como agente do desenvolvimento. Já presidente, impôs conteúdo nacional mínimo às encomendas da estatal, para gerar empregos no país. Acionistas criticaram a medida, responsabilizando-a pelo encarecimento das licitações.
Acidentes como o afundamento da plataforma P-36 e vazamentos ainda mancham a imagem da empresa, que já chegou a ser a maior poluidora do país.
|
|
|