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Vida Universitária 28/10/2003

Afinidade e mercado de trabalho empatam

DÉBORA YURI
da Revista da Folha

Pedro Azevedo/ Folha Imagem
Rodolfo Onishi, 24, que está decepcionado com o mercado de trabalho
Na hora de escolher a carreira, prazer e pé-no-chão se misturam: a facilidade de entrar no mercado de trabalho praticamente empata com o fator "afinidade com a área". Entre os entrevistados, 40% dizem ter se decidido pelo curso porque gostam, e 38% afirmaram ter feito a opção pela disponibilidade de postos de trabalho que ela oferece.

"Hoje em dia, é comum basear a escolha na disponibilidade de vagas de trabalho. O problema é que às vezes há falta de informações corretas, e o mercado muda muito enquanto você está estudando. Quando entrei na faculdade, achei que o campo seria muito mais fácil do que ele realmente é", diz Rodolfo Onishi, 24, que faz o 5º ano de engenharia da computação na Unip (Universidade Paulista).

Apesar das reclamações e da desilusão inicial com o mercado, Rodolfo faz estágio há seis meses na sua área de atuação. Recebe R$ 600 por mês, e os pais ajudam na hora de pagar a mensalidade do curso, que custa R$ 850.

"Ainda que muitos pedagogos e educadores não gostem, a população enxerga a educação como uma forma de proteção ao desemprego, de melhorar o nível dos salários. Nada mais comum, portanto, que os jovens usem esses critérios para escolher o curso", observa Carlos Alberto Ramos, professor do departamento de economia da UnB (Universidade de Brasília) e especialista em mercado de trabalho.

José Walter Pereira dos Santos, diretor-executivo da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), incentiva essa postura de "procurar áreas mais atuantes". "Às vezes, é a família que empurra o jovem para carreiras caras, com mercado saturado, como medicina, odontologia e direito", diz ele, que cita como áreas promissoras informática, turismo e tradução.

Sonia Teresinha de Sousa Penin, pró-reitora de graduação da USP, recomenda que o adolescente procure o equilíbrio. "A empregabilidade é uma das razões do ensino superior, claro, mas o ideal é que o aluno goste de sua profissão. A carreira é um caminho longo, que vai durar quase a vida inteira."

Opção x perfil

Para Ana Maria Zilocchi, coordenadora do vestibular da PUC-SP, as escolhas costumam traduzir o perfil do aluno. "Por exemplo, os candidatos aos cursos de medicina são os que chegam com poucas dúvidas, porque fazem sua escolha muito cedo, uma vez que o ingresso é muito concorrido. São alunos preparados para todas as provas: vão bem em matemática, inglês, história, física", observa.

Ela diz que isso se estende para os cursos mais procurados, desde os mais tradicionais, como direito, administração e jornalismo, até os mais novos, como relações internacionais. "Quando o jovem sabe o que quer, fez uma escolha mais criteriosa e consciente, ele sabe que precisa levar o curso a sério, porque seu futuro está em jogo. São cursos quase sem evasão."

Por outro lado, quando a escolha é de última hora e a decisão reflete apenas o mercado de trabalho e a boa remuneração, é mais fácil o desencanto, explica Ana Maria. "Isso acontece porque são opções que não exigiram dedicação ao estudo, atenção, nunca houve envolvimento. As mudanças são menos doloridas e mais frequentes."

De acordo com a pesquisa Datafolha, os alunos de exatas são os que mais valorizam um mercado de trabalho receptivo (51%) e os de biológicas, o gosto pela carreira (47%). Os de humanas mostram-se divididos entre os dois itens. Na hora de avaliar seu curso, os estudantes de exatas mostram-se os menos contentes (dão nota média de 7,9) e os de biológicas, os mais satisfeitos --nota média de 8,8, próxima da obtida pelos cursos de humanas, 8,6.

Como Nacime Salomão Barbachan Mansur, 21, que cursa o 4º ano de medicina na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), os alunos de biológicas são os mais influenciados pela carreira dos pais ou de conhecidos (7%). Seu pai, o gastrocirurgião Nacime Mansur, foi professor da universidade e hoje coordena os hospitais filiados da instituição.

"Meu pai teve uma grande influência sobre a minha escolha, mais indireta que direta. Ele sempre foi um ídolo para mim, mas nunca me disse: 'Seja médico'", conta o estudante. A figura do pai parece ser forte na família: o filho caçula, Rodrigo, 18, também estuda medicina --está no 1º ano da Unifesp, o vestibular com a relação candidato/vaga mais alta da cidade (89 no último ano), sem contar para o oficial da PM, que não é graduação.

Novos cursos

A multiplicação de novos cursos superiores nos últimos anos ajudou a complicar ainda mais uma escolha que sempre foi difícil. A USP ofereceu 80 carreiras no último vestibular, número que quase dobrou em 20 anos --eram 42 opções no processo seletivo de 1983 e 63 no de 1993.

Na PUC-SP, a oferta de cursos cresceu de 24 para 32 nos dez últimos anos. Segundo Ana Maria Zilocchi, esse crescimento está voltado principalmente para as áreas de comunicação e tecnologia. "Alguns cursos estreantes revelam as tendências em pesquisas, como relações internacionais, e outros já nascem voltados para novas áreas, como tecnologia e mídias digitais, multimeios e turismo. Tentamos acompanhar as transformações das profissões e do mercado de trabalho. Isso é bom porque traz um movimento de constante atualização à universidade."

Sonia Penin, da USP, acredita que o papel das universidades de ponta, mais do que atender a novas demandas, é criá-las. "Não podemos pensar só no mercado, e sim no desenvolvimento da sociedade. Biotecnologia é um curso importante, porque a tecnologia é essencial para ajudar na saúde, e gestão ambiental também, é atual e interdisciplinar", explica.

Para ajudar os alunos, é cada vez mais comum inserir atividades relacionadas a orientação vocacional no ensino médio. A própria USP adotou a prática de receber visitas de colégios, para que os alunos tirem dúvidas e conheçam de perto o dia-a-dia de cada unidade.

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