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Você é o crítico gastronômico 05/12/2003

Economia pesa na avaliação

do Guia da Folha

O que você espera ao chegar em um restaurante? Uma comida bem-feita? Cadeira confortável? Uma conta que caiba no seu bolso? Os leitores revelam neste "Você É o Crítico" que desejam tudo isso e mais um pouco quando saem para comer.

Apesar de serem, na maioria, generosos ao indicar as notas e os "garfinhos" dos locais, grande parte dos leitores apresentou nos comentários das fichas de avaliação críticas bastante contundentes. Como no ano passado, não se deixaram levar por uma decoração imponente ou pela fama dos restaurantes avaliados.

Diferentemente dos críticos, que priorizam em suas avaliações a arte culinária dos chefs, os leitores reparam em detalhes, como os "quadros tristes" da decoração, os banheiros malcuidados, a presença de pernilongos...

Daí surgem análises severas, como a parede de uma casa "precisando de pintura", o local de espera "desconfortável", o jogo americano "feio", o ventilador que "esfria a comida rápido", a música alta que incomoda a conversa, a área de não-fumantes infestada pelo cheiro do cigarro.

"Hoje, o público paulistano é muito mais exigente em comparação com cinco anos atrás", diz Sergio Arno, 43 chef e proprietário dos restaurantes La Vecchia Cucina e La Pasta Gialla. Segundo ele, isso acontece porque as pessoas estão cada vez mais preparadas, fazem cursos, conhecem melhor a gastronomia; e também por economia. "Com menos dinheiro no bolso, os clientes não querem correr riscos", conclui o chef. "Se o cliente gasta uma nota preta, ele quer alguma coisa em troca. Não se pode mais mentir sobre a qualidade dos ingredientes, pois, hoje, há muitos paulistanos que viajam para o exterior, co- nhecem e têm acesso a tudo isso", concorda o chef Beppe Negozio, 40, proprietário do Riso & Altro.

A relação custo-benefício desponta como preocupação central na análise dos restaurantes. Restaurantes mais caros são, em geral, avaliados com muito mais rigor do que outros mais acessíveis. Foi o que aconteceu com casas como Laurent (avaliada com três estrelas pelo crítico daFolha, Josimar Melo) e Pomodori (com duas estrelas), que ficaram com nota inferior à de casas mais simples, como o restaurante por quilo Tempero & Cia. e a churrascaria São Judas Tadeu (em São Bernardo do Campo).

"Há alguns lugares que são baratos, mas a qualidade... pelo amor de Deus", afirma o funcionário público José Tadeu Picolo Zanoni, 37, que avaliou restaurantes. "Em ocasiões especiais, abro exceção e vou em locais mais caros, mas é raro."

Para o empresário Marco Moura de Castro, 50, o preço também pesa muito na hora de escolher onde jantar ou almoçar. "O Laurent, por exemplo, é um ótimo restaurante, mas é muito caro, então não vou mais lá", diz. "O restaurante pode ser excepcional, mas não vale a pena porque temos em São Paulo muitas outras opções do mesmo nível e não necessariamente tão caras" afirma Castro, que participou do "Você É o Crítico".
 

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