29/11/2004
Investimentos: Juro alto e dólar baixo podem dar ganhos
Novas normas para os fundos darão mais transparência ao mercado e mais alternativas aos investidores
JULIANA ALMEIDA
Free lance para a
Folha
Ao analisar onde irá aplicar seu dinheiro neste fim de ano, o investidor vai ter que considerar algumas variáveis que vão além do cenário macroeconômico, do perfil de risco e dos objetivos traçados. "As decisões passaram a ser menos óbvias, seja porque há mais alternativas em fundos de investimento, seja pela mudança fiscal prometida para o início de 2005 na área de fundos", avalia Eduardo Castro, superintendente de renda fixa do ABN Amro Real.
Algumas alterações já entraram em vigor na segunda-feira, dia 22, com a Instrução 409 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além de garantir uma maior transparência nas informações sobre os fundos de investimento, a medida reforça a criação de uma nova categoria de fundos, os de curto prazo.
Grande parte dos bancos já oferecia esse tipo de fundo, porém sem especificar suas características. A nova classificação será ainda mais importante quando forem aprovadas as Medidas Provisórias 206 e 209, que estabelecem a tributação regressiva das aplicações. As MPs ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso e ser regulamentadas pela Receita mas não se espera mudanças.
Se for assim, haverá duas regras. Para os fundos de longo prazo (aqueles com papéis em carteira com prazo médio acima de um ano), os resgates feitos em até 6 meses serão taxados com alíquota de 22,5%, maior do que a vigente atualmente, de 20%, que continuará valendo para os resgates feitos entre seis meses e um ano.
Entre um e dois anos de aplicação a alíquota será de 17,5% e, após dois anos, de 15%. Nos de curto prazo (com papéis em carteira com vencimento em prazo inferiores a um ano) haverá apenas dois níveis de tributação: as movimentações feitas em até seis meses pagarão 22,5% e as feitas depois desse período, 20%.
Os especialistas recomendam investir a maior parte do patrimônio em ativos de renda fixa, uma vez que as taxas de juro devem apresentar pequenas elevações até o fim do ano e permanecer neste patamar no primeiro trimestre de 2005.
Como a economia deve continuar crescendo a uma taxa de 4% no próximo ano, deve-se também pensar sobre a possibilidade de aplicar em Bolsa, via fundo de ações ou adquirindo papéis de empresas. "Vale a pena expor de 10% a 15% do patrimônio a um risco maior, como do fundo de ações, em busca de um ganho mais significativo", diz Ricardo Jardim, sócio da Hedging Griffo Asset Management.
Olho nas taxas
Ele lembra que neste ano alguns fundos de ações renderam até 40%, o que é bem superior aos ganhos dos fundos mais conservadores. Fernando Meibak, CEO da HSBC Asset Management, recomenda para essa parcela de maior risco os fundos de ações de dividendos, ou seja, aqueles que investem em empresas com boas perspectivas de ter lucro e dividi-lo com seus acionistas.
FRASES |
"O episódio do Banco Santos serviu para lembrar ao investidor da existência do risco de crédito" |
EDUARDO CASTRO superintendente de Renda Fixa do ABN Amro |
Já as aplicações em dólar só são recomendadas para quem tem dívidas ou planeja algum gasto em moeda estrangeira, como viagem ou uma temporada de estudos no exterior. Ou seja, para garantir o valor das despesas caso a cotação suba. Mas os gestores não têm recomendado fundos cambiais como uma alternativa ao CDI. Apesar de uma possível nova intervenção do Banco Central no câmbio, não há apostas de que a moeda fique acima de R$ 2,90 ou R$ 3.
Ao escolher os fundos nos quais deseja aplicar, o investidor também deve ficar atento às taxas de administração, que reduzem os ganhos obtidos. Em geral, taxas mais atraentes são oferecidas para quantias maiores e também para fundos de menor risco. Pagar 4% de taxa de administração em um multimercado ou fundo de ação pode até fazer sentido se a gestão for ativa e competente. Mas um valor semelhante não se justifica num fundo DI.