29/11/2004

Fundos de ações ativos rendem 26% no ano

ADRIANA AGUILAR
Free lance para a Folha

Os fundos que seguem o índice mais popular da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentam uma performance tímida em 2004. Segundo um levantamento feito pelo site Fortuna, a rentabilidade média acumulada por 46 fundos de ações que acompanham os papéis presentes na carteira do Ibovespa foi de 7,46% no ano até o último dia 23.

No mesmo período, 114 fundos de ações ativos que não seguem índices e apresentam papéis selecionados valorizaram, em média, 26,29%.

Quando analisados separadamente, alguns fundos ativos apresentam rentabilidades surpreendentes. O Fama FutureWatch I teve 64,53% de alta no ano até o dia 23. No mesmo período, o fundo Geração FIA valorizou 56,12%. O Bradesco FIA Selection subiu 50,66%. O Itaú Seleção Ações FIA registrou alta de 47,94%. O Mercatto Geração Futuro FIA acumulou ganhos de 48,61%.

Esses são alguns exemplos. Há outras dezenas de fundos ativos com rentabilidade acima de dois dígitos, enquanto o Ibovespa, no mesmo período, acumulou alta de 9,46%.

No ano passado, a situação era bem diferente. O Ibovespa valorizou 97,3%. O analista da corretora Geração Futuro, Wagner Salaverry, explica que em 2003 houve uma recuperação dos preços dos papéis em Bolsa, que estavam bastante descontados em função do aumento do risco Brasil em 2002.

Em 2003, bastava estar em Bolsa e pegar o movimento geral de alta das ações. Neste ano, a situação mudou. A competência dos gestores dos fundos na busca de ganhos adicionais foi colocada em xeque. Eles tiveram de selecionar empresas sólidas, com potencial de crescimento. Muitos já faziam isto antes, mas outros tiveram de se adaptar ao ano mais técnico para conseguir ganhos extras acima do Ibovespa.

Segundo o superintendente de Renda Variável do Banco Itaú, Walter Mendes, com a economia mais estável, a Bolsa torna-se menos volátil e a necessidade de selecionar ações de boas empresas, com potencial de crescimento, torna-se essencial nos fundos ativos. "É nesse momento que fundos específicos como de dividendos, de "small caps" (ações com baixa liquidez) e de empresas socialmente responsáveis ganham espaço, como já ocorre no mercado internacional", afirma.

Mais da metade dos fundos que conquistaram as primeiras colocações no ranking de ativos do site Fortuna apresenta ações de baixa liquidez em carteira. Mendes explica que a aceleração da economia abre espaço para as empresas menores crescerem no mercado interno e externo. Além disso, com o aquecimento, a aversão à risco dos investidores diminuiu. Por isso, os fundos "small caps" são os destaques de captação e rentabilidade.

Como as informações sobre as empresas com ações menos líquidas são pouco divulgadas, pesquisa e visitas às empresas são necessárias. "Aqueles que chegam primeiro, pegam os papéis mais descontados e ficam com boa parte da rentabilidade", diz Mendes.

O sócio da Fama Investimentos, Fábio Alperowitch, explica que diariamente sua equipe visita ou conversa com empresas com objetivo de verificar o potencial delas. As ações das selecionadas podem ficar de cinco a dez anos na carteira do fundo.

A empresa Metisa foi um dos achados em 1997. Alperowitch conta que comprou o papel por R$ 4,00 na época. No dia 25, a ação preferencial estava cotada em R$ 103,66, e pagando dividendos de R$ 4.

A estratégia é aplicada no fundo Fama FutureWatch I há 12 anos. Em 2003, o fundo rendeu 67% e neste ano acumula alta de 64,53%. Na carteira do fundo há ações da Guararapes, Magnesita, Avipal, Brinquedos Estrela. O fundo está fechado para captação.